XXVI

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  Me sinto zonza. Isso é muita coisa. Mas não entendo como Oliver, o pai de Maggie, liga em meu pai. Não faz o menor sentido. Do andar de baixo Jack vê a situação e sobe as escadas. Começo a gaguejar, não sei como reagir a isso. O assassino do meu pai estava tão próximo há algumas horas atrás e eu nem sabia que era possível.

—S-são tantas perguntas. Eu não sei por onde começar. —Digo confusa, piscando varias vezes tentando me sentir na realidade certa. —Como sabe disso? De onde ele conhece meu pai? Como foi isso? E-eu não entendo.

—Ei Vic, você está bem? —Jack pergunta se aproximando. Com todo o estresse do momento, não reparo que está atrás de mim.

  —Porra Victoria, não fala alto. Eles vão escutar e isso vai virar uma baderna. —Mary diz se sentando em uma cama de casal bagunçada, quase no mesmo nivel da bagunça da casa.

—Do que vocês estão falando? —Jack pergunta fazendo com que Mary olhe para meu rosto, como se estivesse secretamente perguntando se poderia lhe contar.

  É o que eu mais quero saber. Não o importa se Jack estão ou não aqui, eu só preciso saber. Ela respira e começa a dizer tudo o que sabia. Mary não sabe de todos detalhes que pergunto a ela a interrompendo a cada 5 segundos, mas o que entendo no geral é que meu pai conheceu Oliver em uma de suas viagens, que por sinal eu não estava, pois não lembro de ter o conhecido. Meu pai havia ficado com sua esposa e isso fez com que a fúria de Oliver por meu pai se resultasse na morte fria dele. Isso era tudo que ela sabia sobre a morte. Mas o tio de Mary precisava fazer algo quanto a mim. Então...

Mary começa a chorar.

—Me desculpa. Eu não sabia no que eu estava me metendo. Eu não sabia o quão louco ele era. O quanto abusivo. Ele me encontrou fumando e bebendo com meus amigos e... nesse dia nos passamos dos limites e eu acabei batendo o carro dos meu pais que eu tinha pegado sem a permissão deles. Eu ia ser presa! —Ela diz soluçando. —Ele disse que se eu cuidasse do seu caso, que ele poderia cobrir meus erros, pois era mais "simples". Não achei que era tão grave como é, pois não havia me contado que ele foi quem matou seu pai.

  Jack parece confuso e eu apenas tento processar todas as informações.

  —Victoria, aquela tutora que você ficou uns meses, foi meu tio quem procurou ela pra você. Eu fui atrás para abrir sua conta para receber uma mesada que meu tio te deu. Você foi para a mesma escola que Maggie. Eu te ajudei a entrar na minha, e você até ficou numa das casas dos meus pais. —Mary diz sentindo vergonha dela mesma.

—E-eu —Me esbarro e um móvel do quarto enquanto tento me apoiar em alguma coisa.

—Victoria... aquele homem que me visitava não era meu namorado. Era meu tio. —Quando ela diz, parece que desaprendi a respirar. Isso tudo é loucura.

  Como eu queria que fosse. Ela não diz hora nenhuma que isso tudo que disse era apenas uma mentira. Acho que estou tendo algum tipo de ataque de pânico. Jack tenta me segurar ou tentar fazer algo, mas eu desço as escadar rapidamente, e logo em seguida da casa. Todos presentes olham confusos. Não percebo quando já estou no meio da rua. Que vida decadente, tudo só piora a cada dia. Não tem mais o que piorar. Não vão deixar eu levar aquele... homem para a prisão.

  Está chovendo. Isso não poderia ser tão dramático

  Que. Merda.

  Achei que não era possível piorar, mas olha lá. A moto familiar, preta com detalhes em azul e única. Conheço ela de longe, pois ainda a vejo todos os dias em meus sonhos. Ela está la mesmo se for apenas parte do cenario de meus pesadelos.

  Ela não está completamente perto, mas da para vê-la na calçada de um bar aleatório da cidade, junto com outras motos. Todos os amigos de Mary estão na porta me olhando estranho e Jack se aproxima.

Presa por um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora