VII

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Jack está paralisado com as mãos para cima e eu continuo com o spray apontado para ele, "Que merda Jack, o que você fez?" penso. Me aproximo dele devagar.

—Jack, se você não falar o que aconteceu, eu descubro sozinha.

Ele continua como está . —Ok —Falo e vou em direção ao liquido derramado ao chão.

—Não é possível. —Sussurro olhando para lá e em seguida olho para ele. —O que você fez com ele? Ai meu Deus. —Coloco uma de minhas mãos em meu rosto levando as até meus cabelos.

—Eu posso explicar. —Jack tenta me acalmar.

—Agora você decidiu falar? Que ótimo, por que se você não me explicar o que aconteceu, eu vou ligar para a policia! —Falo pegando meu celular.

—NÃO! Sem policia! —Jack grita com raiva e medo de eu realmente ligar.

Arregalo meus olhos por ter tomado um grande susto. Ontem mesmo ele estava comigo e agora ele está ensanguentado pedindo para que eu não ligue para a polícia.

—Não é o que você está pensando, não foi eu que matei ele, eu... nunca teria matado o Arthur. —Tenta se explicar.

Eu acendo positivamente fazendo com que ele me dissesse sua versão da historia. Ele estava abrindo a loja quando viu o sangue no chão, correu até o cadáver de Arthur e com isso abraçou, por isso ficou todo sujo de sangue. Pergunto a ele se sabia quem tinha o matado, mas ele diz que quando chegou Arthur já estava sozinho. Peguei um esfregão e comecei a limpar todo o sangue que estava no chão, não olho para Arthur, olhar e bem pior.

—O que você vai fazer com o corpo? —Pergunto ainda limpando o sangue.

Jack está encarando o corpo de seu primo com uma cara de culpa. —Eu não sei..

Jack pega um tapete e tenta enrolar o corpo do primo com ele, mas Jack não consegue e pede a minha ajuda. Eu não consigo fazer isso, e se eu for presa por estar cobrindo o assassino e estar escondendo o corpo? Me aproximo devagar chegando a outra ponta do tapete, pego e começo a cobri-lo. Jack vem para o meu lado e me ajuda a empurrar. Colocamos ele no porta-malas do carro pelos fundos da loja para que ninguém nos veja, entro no carro e ele começa a dirigir. Não sei para onde estamos indo e também não sei o que ele pretende fazer com o corpo, está um silêncio constrangedor, espero que o dia passe rápido para que isso acabe logo.

Chegamos, eu acho que conheço esse lugar, fico olhando ao meu redor para tentar descobrir que lugar é esse, mas Jack me grita para que eu possa o ajudar a tirar o "tapete" do porta-malas. Parece estar mais pesado que antes, levamos até o meio de uma floresta.

—Isso é um cemitério? —Pergunto quando vejo lapides de longe.

Ele balança a cabeça positivamente e continua. Ele foi enterrado, até coloquei umas flores, abracei Jack e fomos embora. Colocamos o tapete que estava bem sujo de sangue no porta-malas junto com a blusa que Jack estava usando, ele continua com um pouco de sangue no corpo mesmo depois de tentar limpar com algumas partes limpas de sua blusa. Tem um carro atrás de nós buzinando. Espera, não pode ser, é um policial e ele está pedindo para encostar o carro.

—Eu saio. —Falo colocando a mão na maçaneta.

Ele olha para mim querendo me falar que nos não poderíamos sair do carro. Jack está cheio de sangue no corpo e o policial poderia vê-lo. Falo que vou tentar arrumar isso e saio.

—Olá, bom dia. —Tento ser simpática.

—Bom dia, o que vocês estavam fazendo na floresta? —O policial pergunta como se estivesse entediado.

—Hum.. passeando, olhando as árvores, nossa eu amo a natureza, sabe.. as vezes eu fico pensando: por que existe a cidade com todos esses carros e.. —Estou muito nervosa e não consigo parar de falar.

—Hmm.. tenham uma boa tarde. —O policial levanta o chapéu como um cumprimento e depois vai embora.

Entro no carro e respiro fundo, essa foi por muito pouco, olho para Jack e ele me pergunta se deu certo, balanço a cabeça positivamente, ele liga o carro e vamos embora.

Presa por um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora