—Arthur, seu tio não sabe que você está vivo né?! —Meus olhos fitam os dele, que fazem o mesmo.

  Ele não parecia "preparado" para o que eu havia dito. Ele respira fundo e parece desistir de resistir.

—Olha Victoria, eu realmente não quero mais mentir para você. —Meus olhos até brilham com o que diz. Então ele continua. —Mas também não vou te contar tudo sem que Jack chegue.

  Quase todo brilho se desaparece. Não posso perder a esperança, pois agora sei que Jack poderá me contar ainda hoje.

  Arthur estava muito agitado antes, agora está bem mais calmo. Toda a informação guardada a força estava o sobrecarregando, e depois de ter dito mínimas informações, está bem melhor.

  Esta foi certamente a tarde mais longa. O tempo parecia ter sido congelado. Arthur entrou e saiu daqui umas três vezes.

  Parecia já ser umas quatro horas da tarde, quando escuto um carro se aproximar. Falo para Arthur que poderia ser Jack, mas escuto a voz de Brandon, que parece estar discutindo no telefone. Ele interrompia a ligação algumas vezes para mandar alguém ficar quieto.

  A voz dele ficava mais audível, acompanhada pelo o som dos passos. Até que chega na porta do porão. Arthur olha para mim com medo e eu faço o mesmo. Ele sai do quarto com pressa, mas com todo o silêncio que podia, indo para o outro quarto que havia no porão.

—Onde está essa fodida chave?! —Fala impaciente testando todas as chaves presas em seu chaveiro.

Me distancio da porta até chegar ao fundo do quarto. Me sento no colchão encolhida até que finalmente Brandon consegue destrancar a porta. Ele entra segurando uma mulher que parecia desesperada, tampando boca da mesma com sua outra mão.

—Porra, tinha esquecido que essa merdinha estava aqui. —Reclama fechando a porta com o pé e empurrando a pobre mulher para dentro do quarto.

Ele para um pouco ficando pensativo, fazendo com que posteriormente empurre a mulher e saia do quarto.

Olho para ela que aparentava estar desesperada e confusa.

—Por que ele te trouxe? Como veio parar aqui? —Pergunto esperando por sua resposta.

—Ele disse que eu estava bonita —Soluçando de tanto chorar, continua —Depois ele me chamou para ir em uma festa que está tendo na cidade... —Seu nariz já entupido e seus olhos vermelhos por conta do choro —Ele estava me levando para a direção oposta da festa... e então ele parou o carro perto de uma floresta, e ele...

Tampo minha boca para que o choro não escape, ele é um monstro! Olho para o esconderijo do canivete achado no banheiro, com pensamentos horríveis.

Tive uma pequena sorte de ele não ter feito nada comigo... até agora. Tenho que acabar com isso logo, para que ele não faça isso com mais ninguém.

—Vem, isso tudo vai passar, só temos que ser mais espertas que ele. —Falo a chamando para um abraço.

Através de seu abraço, olho para o canivete e me veio uma ideia infalível em minha cabeça.

—Tive uma ideia! —Falo interrompendo o abraço indo em direção ao canivete. —Está vendo isso?! Quando ele entrar, você sobe em cima dele e depois eu faço o resto. —Levanto o canivete acenando com os olhos.

Ele se encolhe receosa.

—Não sei se vou conseguir.

—Você tem que conseguir!

A porta abre, estávamos tão concentradas na conversa que nem escutamos os passos dele se aproximarem.

—AGORA! —A mulher de cabelos negros corre em direção a ele e espero atentamente para fazer o mesmo.

Ela pula em cima de Brandon apertando seu rosto. Brandon tenta empurra-la, mas ela o segura com força. Agora era minha vez. Nunca matei alguém antes, estou com tanto medo...

Não importa! Sou eu ou ele, então eu preciso ir! Respiro fundo e vou em direção a ele. Isso tudo daria tão certo, mas eu congelo.

—Jack? —Falo deixando o canivete cair no chão.

Jack aparece na porta fazendo com que eu travasse onde estava quando iria acerta Brandon.

—Me larga sua vadia imunda. —Brandon joga a pobre moça para longe, ela cai no chão batendo a cabeça em seguida.

  Com o susto do barulho, a olho de pressa. Uma poça de sangue se forma no chão ao lado de sua cabeça.

—Nãão! —Me ajoelho ao seu lado tentando acorda-la.

  Fico a olhando por alguns segundos.

—Você a matou... —Sussurro ainda olhando para ela.

—SEU IDIOTA, VOCÊ A MATOU! —Vou em direção a ele, mas Jack interveio me segurando.

—Leve-a daqui, se não quiser que eu acabe com ela também. —Brandon fala indo em direção a pobre moça.

—O que você vai fazer com ela? —Jack me leva para fora do quarto enquanto falo.

—Jack, o que ele vai fazer com ela? —Pergunto olhando para seus olhos, tentando não chorar.

  Ele apenas continuava a me conduzir a subir as escadas.

  Já estamos quase fora da casa. Esperei tanto por este momento. Jack abre a porta.

  A brisa bate em meus cabelos e sinto o aroma das árvores. O ar puro parece um calmante para mim, até que volto a realidade. Olho para Jack preocupada.

—Jack —Ele olha e eu continuo. —Você não faria o mesmo comigo... né?

Presa por um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora