—Não não não não não, NÃO! —Grito incrédula. —O que você fez? Ele é seu sobrinho! Você deveria proteger ele e não o matar. Não há mais perdão, não há mais volta. —Sussurro. —Não há mais volta, Brandon. —Grito em prantos.
Brandon se levanta, posteriormente olha sua mão. Um colar que havia dado para Arthur em seu aniversário de 14 anos. O colar havia quebrado pela pressão enquanto ele o enforcava. "Porra" Brandon sussurra. "Porra, cala a sua boca sua inútil" Brandon grita.
Ver uma pessoa morta é uma sensação estranha. Ela claramente está lá, mas não está. Não existe mais batimentos, pulso ou o movimento de sobe e desce de seu peito que eu analisava persistentemente para saber se continuava movimentando como devia. A maneira de simplesmente existir apenas uma casca vazia ali parada, é tenebrosa.
Aparenta ser um boneco largado no chão, como um dia foi. Não há mais esperanças. Não há razões lógicas para ainda ter ao menos gotas, resquicios, migalhas de esperança, pois já está... "desligado".
Jack parece se render a tudo isso após ver que sua única pessoa confiável havia acabado de morrer. Ele entra em choque ali no chão mesmo.
A polícia deveria ter chegado logo. Antes que Brandon pudesse colocar as mãos em Arthur.
Me distancio de Mary até chegar ao corpo de Arthur e logo me ajoelho ao seu lado. Se eu fizesse isso minutos atrás poderia haver uma chance de conseguir ajudar Arthur, mas eu não fui. Acho que não deveria perder tempo agora me culpando por não ter conseguido fazer nada por ele. Talvez possa haver uma chance de algum de nós aqui sair vivo dessa casa.
Me levanto e suspiro no intuito de tentar prosseguir. Olho para o chão na tentativa de não encontrar o olhar de Brandon.
—É triste. De fato é... tremendamente triste. —Olho para Brandon. É inevitável olhar para ele.
Brandon pela primeira vez está escutando o que eu digo. Ele olha suas mãos enfaixadas cobertas do sangue de seu sobrinho. Então prossigo.
—Desde pequena morei com meu pai. Minha mãe simplesmente evaporou da minha vida, do meu dia a dia. Então sempre foi Vic e Thomas. Sempre fomos felizes... até aquele filho de uma puta se envolver com uma mulher casada. Sabe o que foi pior? Eu só descobri essa parte da história a pouco tempo. Eu passei todo esse tempo achando que ele tinha desaparecido e ainda poderia estar vivo por aí ou ele tinha se...
Respiro fundo olhando para minhas mãos. Estão geladas porém suadas. Olho para Brandon novamente e prossigo.
—Eu não tenho família, Brandon. Não mais. Não imagino o quão bem eu estaria agora se estivesse com a minha família curtindo um reality show sem graça na TV, de baixo das cobertas ou colocando todas as batatas fritas possíveis na minha boca só para poder comer a última que sobrou no prato antes que o meu pai pudesse pega-la... Eu daria tudo para poder vivenciar isso novamente. —Dou um sorriso soprado. —Sabe o que é engraçado? Eu sinto falta até das brigas e implicancias dele.
Consigo notar sua expressão confusa por debaixo dos curativos em seu rosto, mas ele apenas continua escutando.
—Quando ele morreu, foi uma sensação estranha. Acho que talvez seja porque a ficha demorou a cair. Parecia ser algum tipo de brincadeira boba quando me deram a notícia. Foi tudo muito de repente... eu me senti extremamente sozinha. —Desce uma lagrima até meu queixo, que logo desaparece pela minha mão passar por lá ligeiramente.
Pode ser engano meu, mas Brandon parece entender o que eu digo. Ele dá um passo se aproximando, e eu dou um para trás.
—Brandon... Por favor, você não precisa fazer isso. Mostre para si mesmo que você não é esse todo mau que tenta ser... Mesmo depois disso. —Aponto para Arthur ainda olhando para os olhos de Brandon.
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Presa por um amor
Mystery / ThrillerVictoria Firshaeld, uma jovem adulta que se mudou para uma cidade pequena, onde começou a trabalhar em uma papelaria bem conhecida da cidade. Com isso, conhecesse seu novo chefe, Jack. A partir dai tudo em sua vida mudou. Data de início: 21/02/2019...