Presa por um amor

XI

Acordo com uma dor imensa em minha cabeça. Não sei onde estou, até tento olhar em minha volta, mas está muito escuro. Me sinto muito fraca, mas mesmo assim decido me levantar. Coloco minhas mãos no chão, assim consigo fazer um esforço maior com minhas pernas.

Consigo ficar em pé, mas minhas pernas estão bambas. Consigo enxergar agora, tem uma luz vindo de uma espécie de porta com uma... grade... Não pode ser. Como estou presa? Para ser sincera isso não parece ser uma cadeia. Fui tomada pela curiosidade e tentei ir até a porta.

Um passo.. merda estou muito fraca.

Dois passos...eu consigo, já está quase chegando.

Três passos... Três? Só percebo agora que um de meus pés está preso por uma corrente extremamente pesada e enferrujada.

Mas que merda está acontecendo?

Enquanto me perdia em pensamentos ruins de onde eu poderia estar, escuto um barulho de tranca se abrindo. No mesmo momento volto para onde estava quando acordei. Vejo que essa pessoa tem o mesmo tamanho do homem que estava nos perseguindo no carro, podendo até ser ele mesmo. Ele carrega um molho de chaves em uma de suas mãos e na outra uma bandeja com uma tigela e um copo, pelo menos é o que eu consigo enxergar pela sombra.

Ele abre a grade e coloca a bandeja no chão, fazendo com que posteriormente tranque-a e saia do local. Ele deve ter pensado que eu não havia acordado ainda, por conta disso nem se pôs a falar uma palavra.

Me aproximo da bandeja e vejo que tem biscoitos e um macchiato. Estranho, poderia muito ser coincidência, mas quem mais poderia saber que a bebida que eu tomava em todas as manhas era o macchiato sem ser o Jack?

Pego o copo e bebo sem ao menos pensar sobre a possível chance de estar envenenado. Não sei se é porque estou a um bom tempo sem comer e beber qualquer coisa, mas está até gostoso. Pego um dos biscoitos na tigela e dou uma mordida. Não me encheu, mas deu para disfarçar a fome.

Fico pensando onde Jack está neste momento, se o homem misterioso machucou ele ou até mesmo se ele está com o tal homem. Logicamente não iria ser bom ser sequestrada pelo seu chefe, mas se ele realmente fez isso ou comandou, queria que me desse uma explicação, um porquê de eu estar aqui. Mesmo não havendo nenhum motivo, quero que me de sua versão.

O tempo passa tão devagar que parece que estou presa nos intervalos de minutos. Parece que estou nesse buraco há anos.

Esta corrente já está me machucando muito, e por ela estar enferrujada, temo que eu acabe tendo alguma complicação ou até mesmo tétano.

Eu realmente não aguento mais. Ia esperar que a pessoa viesse de novo para poder ver quem era, mas acho que ninguém vem.

Depois de muito tempo, o esperado aconteceu. Escuto barulho de chaves e isso quer dizer que tem alguém a caminho. Ele já está bem aqui na minha frente e pela sombra acho que posso saber se e realmente Jack ou o homem assustador que nos perseguia.

Ele está abrindo a grade com muito cuidado, e isso me faz pensar que ele acha que estou dormindo. Estou deitada em uma espécie de colchão no chão virada de costas para a porta.

Escuto ele colocar algo no chão e posteriormente escuto o rangido da grade. Antes de trancar, ainda deitada da mesma forma reclamo de dor em minha perna.

–Ah.. isso dói..

Deve ter funcionado, o rangido se repete fazendo que ele se aproxime de minha perna acorrentada. Sinto o toque de uma de suas mãos gélidas em minha perna, e percebo que ele está mexendo na corrente com a outra mão, pelo barulho que está fazendo.

So podia ser agora, como vou saber quem era se não virar?

Respiro fundo o mais quieto possível. Num só minuto abaixei minha mão levando até a sua que segurava minha perna, posteriormente puxo ele para mim e ele acaba caindo em cima de meu corpo. Por estar se apoiando para não se deitar em mim, fico presa entre seus braços. Mesmo com a escuridão consigo o enxergar.

– O que? como você..