Thomas Firshaeld

Thomas sempre foi... como posso dizer. Forte.

Sim, ele era fisicamente forte, mas depois que sua esposa se foi, foram só ele e a filha. Ele que trocou suas fraudas, arrumou seu cabelo para ir para a escola, levava para pescar e sempre foi ele quem deitava com ela até pegar no sono.

Ele ensinava truques com seu canivete, que ganhou de seu pai quando era mais jovem. Ele nunca levantou a mão se quer para ela. Sempre foi presente em todas as ocasiões importantes de sua vida.

Thomas era um pai solteiro, que estava curtindo a vida, até que conheceu Alice. Olhos cor de mel e cabelos escuros. Parecia muito confiante. Ele sempre a via em um bar próximo a praia numa de suas viagens de pescador que fazia com sua filha. Mas nessa viagem ela havia ficado na casa de sua amiga Chiara. Eles sempre se encaravam, mas nunca realmente conversavam. Em uma de suas visitas de pescas em pesque e pagues da cidade, ele a viu com um homem. Alto, não era magro nem gordo. Loiro dos olhos azuis da cor do ceu. Ele parecia desanimado em saber que ela era casada, mas os olhares nunca pararam. Ele ia pra o bar na expectativa de ela estar lá.

Desta vez seu marido tambem foi ao bar, mas mesmo assim ela não parava de o olhar. Até que finalmente ela o chama para se sentarem juntos. No inicio Thomas não estava confortável com a situação, mas o marido da linda mulher se tornou seu novo amigo. Trocaram telefones, agora já tinha o telefone dele e da mulher que tanto olhava.

Faltava apenas dois dias para o fim de sua viagem. Certa vez, Alice liga para ele e diz para se encontrarem de frente ao bar. Está tarde da noite, então chegando la, encontram o dono do bar já fechando o estabelecimento. Isso faz com que eles andem pela cidade. Thomas pergunta se seu marido não queria ir junto, mas Alice responde que o mesmo já estava dormindo. Eles compram bebidas num mercado que ainda estava aberto.

Já bêbados, os flertes parecem sair naturalmente. Sentados na areia da praia, conversam, flertam, riam. Alice para de sorrir e olha para os olhos esverdeados de Thomas. Ela é extremamente linda e a luz do luar aumenta ainda mais sua beleza. A garrafa de cerveja em sua mão cai quando toca nos cabelos escuros de Thomas. Diria que hipnotizado é a palavra certa para como Thomas estava se sentindo. Ela se aproxima olhando para sua boca, até que não ha mais espaço entre a de ambos. Pareceu ilegal, mas era um momento perfeito para aquilo. A luz refletida no mar, o barulho das ondas se quebrando. Tudo parecia ser uma cena de filme. Ela se distancia, mesmo ele a puxando para o beijo não acabar. Alice segura sua mão e o conduz até uma pousada perto da praia. Fazendo com que passem a noite lá.

Logo pela manhã ela não está mais na cama. Thomas se apronta e vai até a recepção. A pousada está paga para ficar até a semana seguinte.

Depois da manhã se passar, chega o dia de um festival de pesca que Thomas iria participar. Lá estava ela e seu marido de olhos azuis. Pescaram perto o suficiente para ele pedir uma das iscas de Thomas. Pescar deveria lhe trazer paz, mas ele só pensava na noite que passara com sua esposa. Distraído não percebe que sua vara havia pescado um peixe enorme. O homem de olhos azuis o ajuda a puxar o peixe. Algo estava prendendo o peixe na água. Era uma espécie de galho molhado. Thomas diz para pegar seu canivete em sua bolsa para cortar, e assim o homem faz. Ele corta e depois ajuda novamente Thomas puxando o peixe da água. Usaram toda a força que tinham, todos os olhavam atentamente. Depois de muito esforço conseguem tirar o grande peixe da água. Todos ficam boquiabertos, era o maior peixe que haviam visto em suas vidas. O peixe bateu o recorde de maior peixe pescado na cidade. Acho que podemos dizer que era o maior peixe já pescado do estado ou talvez do país. Fizeram certificados e posaram para uma foto. Era estranho tudo acontecer com o marido de alguém com quem você dormiu. Eram amigos ou inimigos?

Dias, semanas e meses se passaram e Alice e Thomas ainda trocam mensagens, mas escondidas. Ela dizia que visitaria ele no verão, e que poderia dizer que ia apenas visitar a irmã. E assim continuaram a se ver por algum tempo. Eles saem para bares e logo depois dormiam juntos. E mesmo se não haviam bares abertos eles dormiam juntos.

Mas isso tudo não poderia continuar bem. Seu marido foi até a casa de sua irmã e Alice não estava lá, ou melhor, nunca esteve. Depois de olhar onde seu cartão havia sido usado descobriu qual cidade estava. Ele procurou em toda a cidade, até que quando menos esperou ele a encontrou. Lá estava ela, com seu parceiro de pesca. Aquilo foi a gota d'água. Ele estava fora de si. Nunca imaginaria tal situação. Depois disso começou a perseguir Thomas a todos os lugares. Planejava fazer algo... se livrar do amante de sua esposa. Já havia tudo que precisava para descarta-lo, mas ouve um imprevisto, uma filha. Ele não faria mal a uma menina, não era culpa dela, e sim do pai dela. Então tentou ajeitar tudo para que ela não sofresse tanto depois de tudo. Em sua cabeça, por ele ter feito sua esposa o trair, Thomas era um homem horrivel e não merecia nem sua filha.

Já estava tudo pronto, só esperou o momento certo. A filha na escola seria o melhor momento para ele. Lá estavam eles de novo. Andando pela rua, sorrindo e se encostando. Aquilo fez com que ele perdesse a cabeça ainda mais. O mais clichê acontece, eles passam por um beco sem saida e o homem loiro os cercam. Alice fica incrédula, e somente grita seu marido, para que ele se acalme, mas ele não a ouve. Ele chega perto e tira um canivete, que nunca devolveu para seu colega de pesca, de seu bolso e enfia no peito de Thomas. Ele morreu com seu próprio canivete. Alice fica imovel, ela não sabe como reagir. Como seu marido pode fazer isso? Será que também a mataria?

O homem se afasta de Thomas, fazendo com que Alice se proxime se debruçando no corpo de Thomas já sem vida. Ela chora em prantos enquanto olha com desgosto para seu marido ainda parado ali.

—Acho que isso pode servir como um aviso para que isso não se repita, querida. —Ele diz.

Ela olha com repulsa.

—E o melhor é que ninguém saberá quem o matou, não é? —Num sorriso sínico ele tira as luvas e guarda num saco plástico, colocando em sua jaqueta.

—Você está louco... perdeu a noção. Você não é o mesmo com quem eu me apaixonei há anos atrás. —Alice diz se levantando.

—Não, querida. Você não é a mesma. Olha o que você fez eu fazer. —Ele aponta para o corpo. —Isso foi sua culpa, eu continuo o mesmo Oliver que você conheceu há anos atrás.

Presa por um amorOnde histórias criam vida. Descubra agora