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BOA LEITURA 💘🦋

Maratona:12/??

Noah Urrea

Meu plano de me aproximar do monsenhor estava dando certo. Eu só precisei concordar com cada atrocidade que ele achava correto para um padre e claro, acompanha-lo sempre que ele queria beber. E cá entre nós, o homem era um alcoólatra funcional e orgulhava-se disso. Estava sendo difícil para mim acompanhar aquele ritmo, mas eu tinha que tentar e aos poucos, tomei gosto por beber muito também.

Fazendo um ótimo papel como uma droga super viciante, o álcool fez de mim seu escravo e eu não conseguia sair de meus aposentos sem esconder um cantil de conhaque dentro do meu terno. E qualquer situação cotidiana me era motivo para tomar um gole que fosse. As balas de menta também se tornaram minhas companheiras, combatendo qualquer odor que pudesse ser sentido pelos demais.

E como se isso já não fosse muito, o monsenhor Alfred também tinha o péssimo costume de fumar. E eu, querendo aproximar-me o mais rápido que podia, também caí nas graças do cigarro e se antes eu só fumava na presença do monsenhor, com o tempo, passei a fumar em meu dormitório e todas as vezes que saía do internato para me encontrar com o agente Derick. Não podia negar que esses novos vícios apesar de destrutivos para a saúde, estavam me acomodando numa vida onde antes eu só via melancolia.

Eu tinha noção de que beber todos os dias após as aulas e fumar escondido sempre que via a chance não me faria bem, mas me ajudava a tirar minhas preocupações da cabeça. Acabei me desleixado mais na minha aparência. Já não suportava fazer exercícios por tantas horas, minha resistência respiratória já não estava a mesma. Deixei minha barba crescer, cobrindo toda a minha face. Meu cabelo também desceu, formando cachos que eu já havia esquecido que tinha.

Alguns dos meus colegas diziam que a barba e o cabelo maiores me deixavam com uma aparência mais sábia, outros já falavam que eu parecia cansado demais. É, eu estava cansado, mas não conseguia mudar o ritmo das coisas à essa altura do campeonato.

- Motivo trinta e nove. - eu disse, anotando no caderno que separei para a Any. Também estava sendo um jeito de contar os dias em que eu passava aqui, como uma verdadeira prisão.

Guardei o caderno no lugar de sempre e deitei para dormir. No meio da madrugada, o meu celular começou a tocar e eu atendi já muito preocupado pelo horário em que Philip estava me ligando.

- O que aconteceu? - perguntei.

- Acabo de saber que sua mãe sofreu um acidente em casa. Ela caiu da escada e está internada, ainda não sei se está em perigo, mas ligarei assim que souber de mais coisas.

- A minha mãe? - levantei da cama e comecei a andar pelo quarto. - Deus... eu vou pedir pra voltar.

- Mas ainda não sabemos se ela está em perigo.

- Não importa, é a minha mãe, eu vou ficar com ela independente de seu estado.

- Para onde vai quando chegar aqui?

- Eu não posso ir direto ao hospital, então irei passar no apartamento de Vini, ou até mesmo na casa dos meus pais, acho que até de manhã alguém vai ter voltado do hospital.

- Ok. Até breve.

- Até.

Arrumei uma mochila com o necessário e antes de sair, liguei para Derick e expliquei a minha situação. Ele insistiu que eu aguardasse por mais informações, mas eu fui firme na minha decisão de retornar para ver a minha mãe. Eu não me perdoaria caso algo acontecesse enquanto eu estivesse apenas aqui esperando. No fim, ele me permitiu ficar lá apenas por um dia e nada além disso.

Caindo em tentação 𖡻 noany {Concluída}Onde histórias criam vida. Descubra agora