Capítulo 5

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[Segunda-feira - 10:52AM]

— Eu não sei porque eu insisto em beber, sempre me arrependo no dia seguinte. — Falei enquanto massageava as minhas têmporas, a minha cabeça estava a ponto de explodir.
— Isso é porque você quase não bebe. — Mariana disse ao tempo que digitava alguma coisa no computador do escritório da nossa confeitaria. — Precisa sair mais vezes e encher a cara, amiga. O organismo uma hora acostuma.
— Que ótimo conselho esse seu, hein! Seria mais normal me aconselhar a não beber mais.
— Você precisa se divertir, S/N. Só vive do trabalho pra casa, tem que se distrair de alguma forma. Já que bebida te deixa assim tão péssima, arruma um homem, algum que te faça gozar bem muito, que te faça perder o juízo na cama, que pegue você em cada canto daquele mini apartamento e te vire do avesso. Isso vai te fazer muito bem, acredite.
— Você não tem um pingo de juízo. — Eu queria rir, mas a dor em minha cabeça me impedia.
— Você que é muito certinha, precisa encarar umas aventuras de vez em quando. — Ela parou de falar por breves segundos e logo o barulho dos seus ágeis dedos no teclado cessou. — Por que você não dá uns pegas naquele vizinho lá? — Eu estava com os olhos fechados até então, mas abri rapidamente e me deparei com ela apoiando os cotovelos sobre a mesa, com as mãos juntas, e me encarando.
— Que vizinho? — Eu já sabia de quem ela falava, mas não podia acreditar que a mesma estava cogitando isso.
— O gostosão, porém proibido.
— Jungkook?
— Ele mesmo!
— Você tá doida, Mariana? — Falei alto e senti uma forte pontada em minha cabeça. — Ai! — Levei a mão ao local da dor. — Eu já disse a você que Jungkook não é homem de compromisso.
— Mas eu não falo de compromisso! Amiga, você viu os braços daquele homem? Ele deve ter uma pegada tão maravilhosa que deve deixar a pessoa de pernas bambas.
— Eu não quero ser mais uma na lista de Jungkook, ainda mais ele sendo meu vizinho. Ia ser a coisa mais constrangedora, transar com ele hoje e amanhã ouvir ele transando com outra. — Fechei os olhos e massageei as minhas têmporas novamente. — Eu não deveria nem ter dado aquele beijo nele. — Falei sem querer.
— O quê? — Ela gritou, surpresa, e eu me encolhi de dor.
— Shiii... fala baixo! — Tornei a encará-la.
— Como assim você o beijou e não me disse nada? — Diminuiu o seu tom de voz.
— Porque não teve nenhum significado pra mim. — Menti, eu não falei porque estava tentando esquecer aquele beijo a todo custo.
— Você é uma péssima mentirosa, S/N. — Ela disse rindo.
— Eu não estou mentindo! E foi só uma vez, continuará sendo a única vez, porque eu não irei beijá-lo nunca mais.
— Por que não? Foi tão ruim assim?
— Não foi ruim, pelo contrário, foi muito bom. — Mariana se encostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito. A mesma sorria enquanto me observava, parecia estar me analisando. — Não me olhe com essa cara! — Me levantei da cadeira que eu estava sentada. — O nosso beijo foi um erro e não irá se repetir. — Falei com firmeza. — Agora eu vou voltar para a minha cozinha antes de ter que ouvir mais um dos seus incríveis conselhos. — Me virei em direção a porta no momento em que alguém bateu e a abriu.
— Com licença. — Era uma das balconistas. — S/N, estão te procurando aqui na frente.
— Certo, Abby, já estou indo. Obrigada! — Ela assentiu e foi embora. Eu parei na porta apenas para olhar para Mariana que ainda sorria. — Te chamo quando for almoçar.
— Certo!

Fui até o balcão ver quem estava a minha procura. Só pude ver alguns poucos clientes sentados nas mesas, nesse horário a confeitaria era mais vazia, o maior movimento aqui é sempre de tarde e de noite.

— Abby, quem quer falar comigo? — Assim que terminei a minha pergunta, um homem alto se ergueu diante do balcão de tortas, o mesmo estava abaixado olhando o que tinha e eu não pude vê-lo antes.
— Sou eu, S/N! — Fui recebida com um enorme sorriso.
— Jung... Jungkook?! O que você está fazendo aqui? — Eu estava tão surpresa que fiquei paralisada.
— Vim comprar alguma coisa, mas eu não faço ideia do que escolher, tem tanta coisa de encher os olhos nesses balcões. — Ele se calou, ficou esperando eu dizer algo, mas eu estava muito chocada para isso, então o mesmo voltou a falar. — Agora que sei que a minha vizinha é a dona daqui, eu vou abusar um pouco da boa vontade dela e pedir ajuda com o que devo comprar. Será que você pode me ajudar? — Perguntou quando viu que eu permanecia muda.
— Sim! Sim! Claro! — Saí da parte interna dos balcões e fui até ele. — Apesar que eu não conheço os seus gostos, então não tenho muito como te ajudar.
— Se você fosse comprar pra você, o que escolheria?
— Hum... difícil! — Olhei as opções disponíveis no balcão. — Eu vou te indicar quindim, porque você provavelmente nunca comeu e torta alemã. — Eu apontava para os doces enquanto falava. — Eu amo essa torta, diria que é a minha sobremesa preferida e o quindim é um doce lá da terra da minha avó, inclusive foi ela que me ensinou a fazer.
— Está bem! Então me dá um desse pequeno... — Apontou para o quindim. —... e uma fatia pequena da torta. — Pediu a balconista. — Quero provar primeiro, se eu gostar eu compro mais. — A minha funcionária logo o serviu. — Você pode me fazer companhia ou está muito ocupada? — Me perguntou antes de ir para uma mesa.
— Posso ficar um pouco. Vou aproveitar e tomar um café para ver se minha cabeça melhora. — Pedi um café simples a Abby e fui sentar com Jungkook.
— Está com dor de cabeça?
— Sim. Eu não me dou bem com álcool, não sei porque ainda insisto em beber.
— Vejo que a festa com a sua amiga foi boa ontem. — Sorriu. — Como é mesmo o nome dela?
— Mariana.
— Um nome tão bonito quanto a dona. — Revirei os olhos. Eu já não sou uma pessoa que tem o dom da paciência e com a cabeça me incomodando o dia todo só piorava tudo.
— Se você quer ficar babando pela Mariana devo dizer que está acompanhado da pessoa errada! — Disse irritada e ele começou a rir.
— Você fica a coisa mais linda quando está irritada.
— Não queira testar a minha paciência justamente hoje, Jungkook! — Falei séria. — Estou tendo um péssimo dia.
— Posso ver! — Tentou conter um sorriso. — Já tomou algum remédio para dor de cabeça?
— Já. Diminuiu um pouco a dor, mas não passou.
— Tome o seu café, vai ajudar. — Foi o que eu fiz. — Agora deixa eu provar essas sobremesas. — Olhou para os doces a sua frente. — Vou começar com esse amarelinho aqui. Como é o nome disso mesmo?
— Quindim. É uma sobremesa brasileira.
— Eu sempre quis saber de onde você era. — Pegou o quindim. — Faz muito tempo que você veio do Brasil pra cá? — Deu uma grande mordida no doce. — Hum... leva coco?
— Leva. — Sorri ao vê-lo se deliciar com a sobremesa. — E eu não sou brasileira, minha família que é.
— Eu nasci aqui na Coréia. Sou descendente de brasileiro por parte de mãe e de canadense por parte de pai.
— Que louco! Você tem basicamente 3 nacionalidades.
— Pois é! — Sorrimos.
— Isso é muito bom. — Comeu a parte que restou do quindim. — Com certeza vou levar alguns pra comer hoje à tarde enquanto trabalho.
— Tem muito açúcar nisso, Jungkook. Pega leve com os doces.
— Pode deixar, mãe. — Brincou e eu revirei os olhos novamente, mas logo começamos a rir. — Agora deixa eu provar essa torta, aparentemente ela parece ser uma delícia.
— E ela é. — Olhei para a torta. — Nossa! Chega dá água na boca só em olhar.
— Você quer um pedaço? — Perguntou ao tempo que dava uma garfada na torta.
— Ah... não. Eu vou almoçar daqui a pouco. Obrigada.
— Ah... vai! Só um pedaço. — Levou o garfo a minha boca. — Não vai tirar o seu apetite.
— Está bem! — Abri a boca e o deixei introduzir o garfo. — Hum... — Eu quase gemi com a sensação da torta se derretendo em minha boca. Mastiguei lentamente e de olhos fechados para sentir melhor o sabor de cada ingrediente. — É melhor que sexo.

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