Capítulo 22

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Acordei já de manhã com o som insistente do meu celular tocando. Tentei ignorá-lo, mas quem quer que fosse, parecia determinado a falar comigo, pois a ligação retornava sem parar. Me levantei da cama ainda meio atordoada, com o corpo pesado e os pensamentos confusos. Olhei ao redor, reconhecendo aos poucos que não estava em casa. Segui o som do celular até o sofá, onde minha bolsa repousava. Meu primeiro impulso foi recusar a chamada e desligar o aparelho, mas ao ver o nome de Mariana piscando na tela, acabei atendendo.

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— Alô! — murmurei, a voz rouca e arrastada. A palavra ecoou na minha cabeça, como se cada sílaba batesse contra as paredes do meu crânio, me fazendo soltar um palavrão pela dor lancinante que me acometeu.
— Finalmente você atendeu! — A voz de Mariana veio abafada, mas mesmo assim parecia alta demais para o estado em que eu me encontrava. Afastei o celular da orelha e massageei as têmporas com força, tentando aliviar o incômodo.
— Fala baixo, pelo amor de Deus! — reclamei, afundando no sofá como se a dor pudesse ser espremida pela posição. Minha cabeça latejava a cada batida do coração.
— Mais do que estou falando? — ela rebateu, diminuindo ainda mais o tom. — Estou escondida no banheiro do apartamento de Jimin, não quero acordá-lo.

Franzi a testa ao ouvir isso, tentando processar a informação com o cérebro ainda embaralhado pela ressaca.

— Você está na casa de Jimin? — Nem sei porque me surpreendi com essa revelação, eu conhecia Mariana muito bem e sabia que ela tinha ficado interessada no rapaz dos lábios de almofada. — E por que está escondida no banheiro? — continuei, a curiosidade mesclada à confusão.
— Porque ele está dormindo e eu precisava muito te contar uma coisa, só que não queria acordá-lo. — Ela falava apressada, claramente animada com a novidade que tinha para compartilhar. — E, antes que você pergunte, sim, eu dormi com o Jimin. Algum problema? Vocês se beijaram, não é?

Assim que ela disse isso, as lembranças da noite anterior começaram a voltar devagar, como um filme desfocado. Lembrei-me que estava no apartamento de Jungkook e, instintivamente, sentei-me no sofá para analisar o ambiente. Contudo, a casa parecia vazia, com exceção de minha própria presença.

— Nenhum problema, amiga — respondi, tentando soar despreocupada. — Jimin só fez aquilo para provocar o Jungkook.
— Ele me disse — ela riu, a empolgação transparecendo em cada sílaba. — Mas foi por outro motivo que eu te liguei. Tem algo importante que eu preciso te dizer, sobre Jungkook. Eu estava me segurando para não te ligar de madrugada, mas achei que você estava muito mal pra grandes revelações. Aliás, como você está?
— Péssima — confessei, apertando os olhos em busca de alívio. — Mas depois falamos disso. O que você quer me contar? Estou curiosa.
— Ok, você está sentada? — Mariana perguntou, e meu coração acelerou de imediato, já antecipando algo sério.
— Sim, fala logo!
— Bom... sabe aqueles gemidos que você ouviu semana passada e achou que era Jungkook com outras mulheres?
— Acreditava não, amiga, eu tinha certeza! — rebati, a voz entrecortada pela lembrança amarga. — Eu ouvi claramente vindo do apartamento dele.
— E se eu te dissesse que Jungkook passou quase a semana toda no apartamento de Jimin? — Mariana soltou a bomba sem rodeios. — Quem estava "se divertindo" aí era o irmão mais novo de Jimin, que está em Seul com a namorada.

O silêncio que se seguiu foi insuportável. Parecia que o mundo havia parado por um instante, e eu fiquei lá, congelada, tentando entender o que acabara de ouvir. Tudo o que eu achava que sabia desmoronava de forma quase cruel.

— Não... não brinca comigo, Mariana — murmurei, colocando a mão no peito, como se isso pudesse controlar as batidas descompassadas do meu coração.
— Não estou brincando, amiga! Foi o próprio Jimin que me contou, a gente estava conversando sobre vocês dois e ele soltou essa bomba. Parece que Jungkook foi no domingo pra casa do irmão, mas que rolou um problema lá com o pai deles. Aí, na segunda, ele já estava aqui, chegou de tarde e só foi embora na sexta à noite. E, honestamente, ele só foi porque não queria ir à balada com Jimin. — Eu fiquei sem reação, tentando processar tudo aquilo. — Amiga, você tá me ouvindo?

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