Capítulo 18

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A manhã parecia não passar. Eu tinha a sensação de que os ponteiros do relógio do hospital estavam parados ou, pior, caminhando para trás.

Fiquei o tempo todo dando uma olhada no meu celular, por algum motivo, eu esperava receber alguma mensagem de Jungkook a qualquer momento, mas isso não se concretizou. Até me peguei algumas vezes digitando uma mensagem para ele, mas não enviei nenhuma.

Minha avó acordou quando o médico chegou, por volta das 9h. Ele trouxe boas notícias: os exames estavam se normalizando, mas ela precisaria continuar internada até, pelo menos, quarta-feira, quando terminaria o tratamento com antibiótico. Novos exames seriam feitos nesse dia para decidir se ela teria alta ou se precisaria ficar mais tempo no hospital. Foi um alívio no meio de um dia que parecia todo fora de ordem.

Deixando meu dia ainda mais difícil, minha avó acordou sem saber quem eu era. Ela me chamou o tempo todo de Vivian, achando que eu era minha mãe. Quando tentei corrigi-la, explicando que era sua neta, ela ficou irritada, dizendo que não estava velha o suficiente para ser avó. E, pior, passou a manhã toda chamando pelo Junseo, seu falecido marido. Quando eu disse que ele havia morrido, ela teve uma crise de choro que piorou sua falta de ar, e eu me senti a pior pessoa do mundo.

Tudo isso me fez pensar ainda mais no Jungkook. Queria desesperadamente um abraço dele, porque sabia que ele traria a paz e o conforto que eu tanto precisava. Mas ele não estava lá, e quem acabou me dando um abraço acolhedor, quando me viu chorando no corredor do hospital, foi o meu tio, que chegou mais cedo do que o esperado.

Voltei pra casa de ônibus, queria ficar um tempo sozinha pra chorar em paz, mesmo que esse tempo só durasse 15 minutos. Quando abri a porta da casa da minha mãe, me deparei com Jungkook tirando o seu casaco do gancho, pelo visto ele estava prestes a sair.

— O que está fazendo aqui? Eu ia te buscar agora mesmo — ele disse, surpreso.
— Meu tio chegou mais cedo, então vim logo pra casa — respondi, sem emoção alguma, sentindo meu corpo dormente, mas sem me importar.

Fechei a porta e fui andando a passos lentos para o sofá, largando a bolsa pelo caminho.

— E porque não me ligou ou me mandou uma mensagem? Eu teria ido te buscar. — Me sentei e fiquei olhando para frente, minha mente parecia vazia e o meu olhar estava completamente perdido. — Você está bem? — Ele se aproximou, preocupado. — Seus olhos estão vermelhos, você estava chorando? — Jungkook tocou meu rosto com as duas mãos. — Você está muito gelada, S/N!

Antes que eu pudesse responder, ele correu até o casaco que havia colocado de volta no gancho e o jogou sobre meus ombros.

Ele começou a esfregar as mãos em meus braços, me enviando um pouco de calor, na tentativa de me aquecer. Foi então que percebi o quanto estava tremendo, os dentes batendo de frio.

— Você está molhada? — Ele perguntou, verificando minhas roupas. Neguei com a cabeça.

— Vou pegar um edredom. Preciso te aquecer mais — disse ele, correndo até meu antigo quarto e voltando tropeçando com o edredom que ele havia usado nos últimos dias. — Você não deveria ter voltado de ônibus nesse frio sem estar vestida apropriadamente.

Ele me enrolou no edredom, e eu comecei a sentir o formigamento nos dedos enquanto a dormência aos poucos desaparecia.

— Pronto. Agora vem aqui — Jungkook se sentou, apoiando uma perna atrás de mim e a outra no chão. Ele me posicionou entre suas pernas, deitando-me de lado em seu peito e me abraçando apertado. — O calor do meu corpo vai ajudar. Você vai ficar bem — disse ele, beijando o topo da minha cabeça.

Ficamos assim em silêncio por um longo tempo. Aos poucos, o calor foi tomando conta de mim, e minha mente começou a clarear. Era como se estivesse saindo de um estado de torpor e recuperando os sentidos.

— Está melhor agora? — ele perguntou, rompendo o silêncio.
— Muito. Obrigada!
— Não me assuste mais desse jeito. Me deixou apavorado. — Ele passava os dedos gentilmente pelo meu cabelo. — Se tivesse ficado mais um pouco lá fora, era você quem estaria no hospital agora.
— Desculpa... eu não fiz de propósito. Está acontecendo tanta coisa ao mesmo tempo, que sinto que vou colapsar a qualquer momento — suspirei, sentindo o peso dos últimos dias. — Hoje, a vovó acordou sem me reconhecer, e isso me destruiu. Eu sei que acontece com frequência, mas é horrível ser esquecida por quem a gente ama. Só queria ficar sozinha um pouco, por isso vim de ônibus. Nem consigo imaginar o quanto deve ser difícil para minha mãe lidar com isso todos os dias.
— Ela é uma mulher forte. Assim como você.
— Não me sinto forte. Coloquei minha saúde em risco porque estou completamente perdida.
— Até os mais fortes têm seus limites. E, às vezes, a gente chega a um ponto em que só reagimos sem pensar. — Ele suspirou, e eu fiz o mesmo.
— Ainda bem que você está aqui. Tudo o que eu mais queria era um abraço seu. — Notei que ele ficou tenso, parando de acariciar meu cabelo. Sua mudança de postura foi tão brusca que me virei para olhá-lo nos olhos. — Algum problema?
— Não... nenhum problema — ele disse, limpando a garganta e se remexendo no sofá, o que me fez me sentar. — Vamos almoçar? Eu já esquentei o que sobrou do almoço de ontem. Precisamos voltar para Seul o quanto antes. As previsões são imprevisíveis, e o tempo pode mudar rápido.

Algo na maneira como ele falou parecia estranho, mas resolvi não perguntar nada. Apenas concordei e fui para a cozinha em silêncio, depois de finalmente me desvencilhar das camadas de cobertores.

Minha mãe acordou enquanto almoçávamos e se juntou a nós. Contei sobre as novidades do hospital e o estado da vovó. Ela não se surpreendeu, já estava acostumada com os dias em que a vovó acordava como se estivesse vivendo no passado.

Depois do almoço, Jungkook e eu começamos a nos organizar para pegar a estrada. Ainda consegui me despedir de Namjoon, que voltou para continuar a pintura da casa após o almoço.

— Desculpa por não poder te dar atenção nesses dias, meu amor — minha mãe disse ao me abraçar antes de eu entrar no carro.
— Tudo bem, mãe. Eu não esperaria atenção sua, especialmente com a vovó no hospital — respondi, tentando tranquilizá-la.
— Você é a melhor filha do mundo!
— Sou a única filha que você tem — brinquei, sorrindo.
— Ainda assim, a melhor do mundo. Eu te amo tanto. Volte logo para conversarmos com calma. Quero saber direitinho o que está rolando entre você e Jungkook — sussurrou perto do meu ouvido, como se fosse segredo.
— Ah, é assim? Então quero saber cada detalhe do que está acontecendo entre você e o pai do Namjoon — rebati, com um sorriso malicioso. Ela se afastou tão rápido que eu caí na risada. — E não adianta dizer que é mentira, já estou sabendo de tudo.
— Namjoon e essa língua solta dele... — minha mãe murmurou, sorrindo também. — Agora vão logo e me avise quando chegar em casa.
— Pode deixar! Tchau! Te amo! — Dei um beijo em sua bochecha antes de entrar no carro, onde Jungkook já me esperava no banco do motorista. Ele já havia se despedido de todos e, impaciente, preferiu me esperar no carro.

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~Lilian: Jubileu tá estranho hoje!

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Sweet TemptationOnde histórias criam vida. Descubra agora