Capítulo 15

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Levou um bom tempo para eu ouvir conversas vindo da sala. Não sei dizer quem teve a iniciativa e nem como começou, mas ouvi Namjoon falar o meu nome e só então passei a prestar atenção no que eles estavam falando.

— S/N é muito especial pra mim, Jungkook. Poderia até dizer que ela é como se fosse minha irmã se eu não tivesse sentimentos mais intensos e carnais por ela. No entanto, não precisa se preocupar comigo, eu sei que ela me vê apenas como um amigo e já entendi que isso nunca vai mudar. Então, eu não irei mais insistir em ter um envolvimento a mais com ela, porque isso a afeta de forma negativa e eu não quero que a minha melhor amiga se sinta mal por minha causa. Eu não sei o que rola entre vocês, mas dá pra perceber que vocês têm uma forte ligação. E eu a amo demais para torcer pela felicidade dela, mesmo que seja ao lado de outro cara.
— Para ser sincero, nem eu sei te dizer o que rola entre nós dois. — Ouvi Jungkook dar uma risada sem graça. — Só sei que adoro estar com ela, gosto de conversar com ela, de fazê-la sorrir. — Fez uma pausa breve. — Também gosto quando rola algo a mais, entende? Assim... nós nunca... ehh... nunca transamos. — O moreno falou as duas últimas palavras mais baixo. — Não que eu não queira, mas... é complicado. — Coloquei a mão na boca para rir da forma envergonhada que ele falou. — Mas enfim... eu gosto de beijá-la, me sinto tão bem, ao mesmo tempo que acelera meu coração e me faz pensar coisas indevidas, também me deixa em paz, é como se ali fosse exatamente o lugar que eu deveria estar, nos braços dela. — Houve uma nova pausa, dessa vez mais longa. — Desculpa te dizer tudo isso. Eu sei que você gosta dela, não estou falando na intenção de te provocar, nem nada. É só porque eu não sei com quem falar sobre esses assuntos. Os meus amigos só sabem falar de bebida, festas e mulheres, quase nunca conversamos sobre sentimentos. E quando tentei falar, ninguém me levou a sério.  — Suspirou. — E conversar com S/N sobre isso não é tão fácil, me sinto incapaz e vulnerável, termina me dando um certo bloqueio. Não é que ela não seja uma boa ouvinte, pelo contrário, mas é que eu olho para aqueles olhos castanhos e me perco, não consigo raciocinar direito. — Meu coração reagiu de imediato ao ouvir as suas palavras.  Senti uma mistura de emoções, deixando-me com uma sensação de vulnerabilidade e esperança ao mesmo tempo.
— Eu entendo, Jungkook. Não vou dizer que é legal te ouvir dizer essas coisas, mas gosto que seja sincero. Como eu disse, eu amo a S/N e, como ela é importante para nós dois, será mais saudável para todos se pudermos nos entender.
— É tão estranho te ouvir dizendo, assim tão abertamente, que a ama. Eu acho bonito, sabe? Apesar de também me sentir um pouco incomodado com isso. Mas é que não é algo que eu costumo ouvir nem entre a minha própria família.
— Esse incômodo se chama ciúme. — Namjoon riu. — Você gosta de S/N, é normal sentir ciúme desde que não seja nada exagerado. E desculpe dizer, não conheço nem a sua família para julgar, mas eles são estranhos.
— Minha família é realmente complicada. Pensando bem, acho que herdei isso deles. — Ele riu, um som meio amargo. — Cresci entendendo muito bem o valor do dinheiro e tudo o que ele pode comprar, mas amor... isso nunca me foi ensinado. Quer dizer, talvez eu tenha aprendido um pouco com meu irmão. Nunca dissemos explicitamente que nos amamos, mas sei que ele faria qualquer coisa por mim, e eu faria o mesmo por ele. Mataria e morreria por ele. Isso deve ser amor, não é? — Sua voz carregava uma dúvida genuína.
— Sim, Jungkook! Isso é amor! E sinto muito por você ter crescido em um ambiente assim. Mas você não parece ser alguém que se importa tanto com o dinheiro quanto sua família. Quer dizer, seu carro é um pouco exagerado, mas você está aqui, pintando uma casa comigo. — Ambos sorriram, compartilhando um momento de compreensão mútua
— Nunca me importei muito mesmo com o dinheiro, apesar dele nos proporcionar coisas incríveis. O carro, por exemplo, foi algo bom que o dinheiro me deu, mas agora esse carro não é mais meu, é do meu irmão. Eu optei por sair da casa dos meus pais e a forma que meu pai me castigou foi impedindo que eu levasse qualquer coisa que tinha sido comprada com o dinheiro dele. Ele não deixou nem eu pegar as minhas roupas, quem me deu o que vestir foi o meu irmão. Ele me ajudou muito no início. Me abrigou, me deu dinheiro, me deu um computador para eu poder continuar a trabalhar, até que o meu pai descobriu e ameaçou tirar tudo dele também. Eu não achei justo porque, apesar de que grande parte de tudo o que meu irmão tem tenha sido proveniente do dinheiro direto do meu pai, ele trabalha muito e se mantém com o dinheiro do seu trabalho. Então, preferi sair da casa dele, foi quando fui morar no prédio em que a S/N mora. Meu irmão ainda me ajudou por um tempo as escondidas, mas depois que comecei a ganhar dinheiro o suficiente com o meu trabalho para me sustentar sozinho, eu não aceitei mais o dinheiro dele, quis evitar causar qualquer problema para ele caso o meu pai descobrisse.
— Nossa! Seu pai é um babaca! — Fez-se silêncio e eu ouvi um barulho alto mais próximo a cozinha, então corri para mexer na panela, logo os meninos voltaram a conversar. — Desculpa dizer isso, mas é um absurdo o que ele fez.
— Tudo bem! Você só disse a verdade.
— Espero que você vença na vida e mostre a ele que não precisa de nada que venha dele. Agora, voltando a falar sobre S/N, cuide bem dela e não a faça sofrer. Caso contrário, serei obrigado a te matar. — Jungkook deu uma gargalhada.
— Estou cercado de ameaças. É você aqui e a doida da Mariana lá em Seul.
— S/N já sofreu muito por se apaixonar por babacas, espero que dessa vez ela tenha se apaixonado pelo cara certo.

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