{05} Um nome para a criaturinha.

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"Um homem em uma missão, mudando a visão..., Eu nunca fui bem-vindo aqui."
~ Imagine Dragons.

🐰

Após sair da banheira e secar-me com uma toalha vermelha existente em cima da grande cama redonda, fui até aquelas roupas separadas em cima da mesinha, e as peguei. Era um terno completamente branco, com um único lencinho preto no bolso superior esquerdo do paletó, a gravata borboleta era prateada e os sapatos sociais também eram brancos.

Luxúria e vaidade. A lista de pecados só aumentava... mas seria vestido com estas roupas ou sem elas, então preferi usá-las.

Após colocá-las em alívio, por ficarem perfeitamente justas em meu corpo, fui até o espelho e permiti gabar-me sobre o quão bonito eu ficava em roupas brancas. Neste terno, especialmente. Na cidade dos anjos, era proibido sermos vaidosos. Apesar de sempre limpos e cheirosos, jamais vaidosos.

"nunca olhar-se no espelho vangloriar-se sobre a beleza que lhes foi dada", era o que Kim Namjoom - Anjo ancião e professor -, dizia na escola primária.

E, sempre que questionavamos o por que, ele dizia que um monstro horrível saíria do espelho e nos devoraria, e então nossa alma seria levada para o inferno, onde criaturas deformadas nos comeriam vivos.

Anjo professor Namjoon... um ancião poderoso, que faz falta em momentos como esse. Todas as aulas e ensinamentos que tive sobre resistir a tentação e não se afundar no pecado foram para o ralo, como se sequer tivessem existido.

Eu estou aqui em frente ao espelho, gabando-me por estar mais bonito e cheiroso do que nunca, sentindo-me culpado por gostar de cair na tentação do diabo.

- Oh, por Satanás! Você está bonito demais, anjo! - A criaturinha que antes me xingou agora me elogia, aparecendo de fininho no canto das grandes portas do quarto.

Abri um sorriso gentil, como forma de agradecimento. Mas logo ele se fechou quando me recordei que aquele monstrengo fedorento e cheio de rugas havia me enganado.

- Você! - Estreitei meus olhos, e dei passos pesados até sua direção. - Seu pilantra, traiçoeiro e mentiroso! Me enganou dizendo que este era um quarto de hóspedes! - Peguei a criaturinha pelas asas pequeninas, e ele se debateu.

O serzinho debateu-se ainda mais, tentando me acertar com as mãos também pequeninas e sem força.

- Mim não fez nada! Mim apenas se vingou! E nem foi uma vingança mil vezes ruim. - Ele cruzou os braços, e manteve uma carranca no rosto.

Pela primeira vez eu senti ódio de um ser neste reino. E foi por essa megera nanica, que não deve-se subestimar pelo tamanho que tem. Atentadinho e perigoso.

- Que seja, agora é tarde. - Revirei os olhos, e o soltei no ar, esquecendo completamente que aquelas asinhas eram inúteis, e que ele não voava.

A coisinha caiu no chão, podendo-se ouvir o barulho da armadura chocar-se contra o carpete decorado.

- Seu anjo estúpido! Cruel e sádico, perverso, corrompido! - Ele balbuciou irritado, entalando novamente com a bundinha para cima.

- Ei, sem xingamentos, ou terá que pedir desculpas outra vez. - Apontei o indicador no seu rosto, que estava de cabeça para baixo, e então ele se calou. Mas continuou rosnando impaciente e soltando murmúrios que formavam palavras desconexas. - Espera, você está me xingando em outro idioma?

- Arghh! Anjo inteligente, mim odeia anjos! Mim odeia você, anjo de branco! - Ele deu um gritinho raivoso.

- Por que está aqui? - Desvirei a criaturinha. Ele desta vez não forçou gentileza, ou mostrou-se menos irritado. Pelo contrário, manteve a carranca.

A Diabona • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora