{20} Até o fim dos números.

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"Não há mais nada para dizer agora
Não há mais nada para dizer agora
Eu estou desistindo, desistindo agora."
~Imagine Dragons.

🐇

As próximas visões que eu tive foram em forma de flashes.

Tudo estava distorcido, asas grandes me acompanhavam, alguém me carregava no colo. E, atrás desse alguém, havia mais duas pessoas, também com asas, idem carregando alguém em seus colos.

Não consegui distinguir qual era o lugar em que estávamos. Tudo que pude ver foram raios de luzes fortes como em um redemoinho poderoso, girando violentamente e emitindo estrondos graves como trovoadas em um céu agressivo.

Num piscar vagaroso, toda aquela luz não se fazia mais presente. Porém, eu reconhecia aquele lugar: o lugar onde gritos são como pássaros cantando a sua pior canção, e o calor se torna ilógico.

Pude reconhecer também, as paredes do quarto em que eu estou. Aquele pentagrama atrás da cama, refletido pelo espelho da frente. Os degraus que levavam até aquela banheira, a janela com uma visão privilegiada do martírio.

Lembrei de Jin em sua forma original, fechando aquelas cortinas de um jeito apressado, desajeitado. E recordei-me de tudo que passei aqui, nesse lugar.

É nostálgico, e triste.

Fui puxado do passado em minhas memórias pela dor absurda que senti no abdômen. Tentei me sentar sobre a cama, e puxei o tecido tênue que cobria-me.

Há marcas desde minha barriga, até próximo ao meu peito. Veias negras pulsantes subindo como um veneno por todos os lados, com uma única direção.

Meus olhos arderam, e minha respiração desregulou-se. Estava perto.

Olhei para o lado, e vi Jimin.

Ele me encarava com um olhar preocupado, e há rastros de lágrimas por seu rosto. Ele chorou, tanto, que seus olhos estão até um pouco inchados.

É surreal pensar que momentos atrás corríamos na praia, mais felizes do que nunca.

Isso dói. E não é a dor física. Há algo que dói muito mais, aqui, em meu peito.

— Jimin... — Assustei-me, a voz quase não saiu.

Ao chamá-lo, nem seu coração de gelo aguentou. Outra lágrima desceu até seus lábios, os molhando.

— Não, por favor... — Falhou, outra vez.

— Poupe a sua voz, e não gaste sua energia. — Apesar do seu estado, proferiu com firmeza.

Não quero vê-lo chorando, por mais que eu chore, e desabe a todo momento. Não gosto e nunca gostarei de ver quem amo chorar. Sou um hipócrita por isso.

— Então pare com isso... — Pedi, oferecendo uma das minhas mãos.

Mostrou-se orgulhoso quanto segurá-la, mas ao analisar a situação... segurou, e apertou. Forte.

— Eu também choro. — Limpou a lágrima incômoda com a outra mão. — Então, me deixe.

— Não vou deixar você.

— Sim, você vai. — Outras duas lágrimas deslizaram velozmente por seu rosto.

Meus olhos lacrimejaram, não consegui resistir, acabei chorando também.

— Ei, eu posso chorar, você não. — Me repreendeu.

Dois hipócritas, afinal.

Combinamos até nisso.

A Diabona • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora