{13} A Igreja.

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"Em uma terra de deuses e monstros, eu era um anjo vivendo no jardim do mal."
~ Gods & Monsters

🐇


Pés descalços na areia, o sol antes amarelo agora alaranjado, mudando todo o céu para uma nova tonalidade. Ondas fracas no mar calmo molhando os calcanhares, pessoas caminhando livremente pela praia, outras em grupo, jogando algum esporte dentro da água azul escuro ou na areia.

O vento que outrora era tão possante e revoltado agora bate fraco no rosto, deixando os fios de cabelo quase intocáveis. O céu no entardecer dava um aspecto mais leve por toda praia, tão bonita e calma. Olhos claros ressaltam-se diante da água salgada, principalmente os azuis - estes que ganham um brilho extra pela cor das nuvens.

Sentir a areia misturando-se entre os dedos do meu pé conforme eu caminho é um tanto reconfortante. É uma tranquilidade inimaginável, uma sensação adorável, ouvir o quebrar fraco das ondas e o sal dissipando-se, onde logo a água rasa chega aos pés e leva toda a areia em uma temperatura refrescante, nada demasiada.

Também, moroso seria deixar de notar os olhares que nós atraíamos, de todos os lados por tantas pessoas, de todas as idades. Principalmente, pela roupa que vestiamos.

Bem, que Jimin vestia.

A cabeleira roxa por si só já chamava muita atenção, todavia o laço cor vinho em seu pescoço e a regata preta escrito: "Eu quero que tu vá" junto de um sinal ofensivo com o dedo do meio era o que mais se destacava. Sua bermuda era simples, idem da cor preta, e seus pequenos pés estavam descalços.

Já eu, por outro lado, estou sem camisa, deixando o sol fraco do entardecer marcar brevemente o meu peito alvo. Uso um chapéu de palha pequeno que está preso ao meu pescoço e seguro um chinelo preto e branco da marca Adidas em uma das mãos, conjunto de uma regata branca na outra. A bermuda é da mesma marca que o chinelo, e idem da cor preta.

Eramos dois esquisitões radicais caminhando na beira da praia.

Eu ainda não entendi o quê exatamente Jimin pretendia dando uma volta aqui, neste lugar, apesar de bonito.

Ele simplesmente chegou em mim e disse: vem, e eu fui.

Agora estamos aqui, lado a lado, fingindo ignorar os tantos olhares indiscretos e um pouco ofensivos.

Digo, não é necessário palavras para entender que o que a pessoa sente é desapreço. Um olhar basta.

- Por que estamos aqui? - Quebrei o silêncio existente entre nós.

Como resposta veio o silêncio, ele não parecia disposto a responder isso. O que é, obviamente, estranho.

- Como foi com a Lisa? - Ele mudou de assunto, claramente queria esconder algo.

Decidi não insistir, não por agora ao menos. Jimin é bem impaciente, não quero provar do seu ódio. Além de que estamos nos dando bem ultimamente, brigar é a última coisa que eu desejo.

- Eu mostrei um pouco da Cidade Prateada à ela, e um pouco do inferno, sem querer. - Me olhou de canto, eu retribui. - Foi realmente sem querer.

Jimin fez que não com a cabeça.

- Como fez isso? - A indagação, apesar de calma, era séria.

- É uma habilidade que eu descobri ter há alguns anos atrás. Ilusória, basicamente, eu consigo passar uma visão de um lugar em que eu já estive, e modificar o que é real e o que não é. - Ele fez um bico, assentindo. -, Mas recentemente eu não sei controlar bem essa habilidade, e acabo quase traumatizando alguém.

A Diabona • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora