{21} A Diabona e a Deusa.

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"Acho que fui longe demais
Quando te vendi meu coração
Como isso ficou tão escuro...?
Eu vi estrelas."
~Billie Eilish.

🌙

Luzes brancas iluminam todo o ambiente, mas não há presença de lâmpadas.

O que ilumina o lugar onde Park Jimin está é uma luz sem origem, uma claridade natural; que não é o sol.

Janelas sem vidros, camas com lençóis brancos, travesseiros e fronhas da mesma cor que tudo parece ter ali. Tudo era branco, desde as paredes, os lençóis, as fronhas e até as roupas.

Jimin veste uma calça branca, uma camisa de seda da mesma cor: longa e folgada. E suas asas não somem de jeito nenhum de suas costas.

Sentia frio, mas não há vento. Sentia medo, mas não há o que o assuste. Sentia dor, mas não havia dor ali.

Logo concluiu que, a dor não é física, e o lugar não é o fundo do abismo.

Afinal, também não há um fundo no abismo do qual caiu.

O azul claro e cristalino dos olhos de Jimin abriram-se sorrateiramente em um piscar lerdo. Deparou-se com o teto branco, raciocinando.

Não recordava-se do local que estara; mas sentia familiaridade. Algo estranho. Sentou-se na cama, com uma dor consideravelmente incômoda em seu corpo.

Em sua mente, a única dúvida era se Jeon estava bem. Apesar de não saber como foi parar ali, não lhe importava, queria apenas o seu anjo, queria vê-lo.

Virou os pés para a descida da cama, e encarou todo o lugar: porta madeirada branca, janela com barras idem brancas, estantes, armários, não havia outra cor. Tudo representava o desprezível símbolo da paz. A bandeira branca.

Jimin odiava.

Preferia o roxo forte igual dos seus cabelos, o vermelho ardente da lava, o azul escuro de um céu tempestuoso.

A prisão da qual pertence transparece uma tranquilidade incomparável. Sua respiração é mais calma do que nunca, mas a sua mente, como sempre, barulhenta.

Apesar de ter o título de rei do inferno, sua mente, ele não domina. O mestre da tortura é torturado em seus pensamentos.

Não sabia o que fazia ali. Não compreendeu o porquê foi levado à Cidade Prateada ao invés de continuar caindo no abismo sem fim, onde todos os seus demônios, criaturas e almas estão.

Uma queda eterna, como se o martírio tortuoso não fosse o suficiente.

Levantou-se e caminhou até a porta madeirada. Tentou abri-la, mas afinal é uma prisão, óbvio que estaria trancada.

As asas pretas em suas costas não desapareciam de jeito algum. O incomodava, acostumou-se a permanecer sem elas por um bom tempo. Esqueceu como era estar em um lugar onde suas regras não se aplicavam.

Pelas risadas adoráveis, as vozes despreocupadas e o canto meigo dos passarinhos, ele soube que estava, com certeza, no paraíso.

Embora não houvesse fila na porta para ver o prisioneiro mais cruel da história, os outros anjos ficaram receosos quanto a sua chegada.

Afinal, ele é o diabo, aquele que foi banido do paraíso para sempre. E, agora, está ali, espiando a beleza encantadora da Cidade de Prata por entre as barras da janela.

Os anjos da Deusa, exceto Yoongi, não sabiam o que Lucifer estava fazendo em seu reino.

Largou as barras, e foi até a porta novamente, forçando a maçaneta na direção oposta. Não abria.

A Diabona • Jjk + PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora