27 - Já fiz isto antes.

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- Kendra!

Ele corre atrás de mim e grita o meu nome mas eu estou decidida a não parar...

- Eu vou insistir até ouvir a verdade, o que foi que Billy fez?

- Foi Bruce Ok? Satisfeito?- Paramos no meio da sala que parecia uma zona de guerra.

- Aquele riquinho teu amigo... Ele tentou alguma coisa? - Raphael pergunta saído sei lá de onde.

- Que raiva Dylan... Ele tirou-te de mim isso não é o bastante?

- O quê? - Ele passa a mão nos cabelos sem entender.

- Não vou falar mais nada.

Eu ia sair dali, o seu enorme corpo aparece na minha frente impedindo a passagem...

- Se a história é comigo eu tenho direito de saber.

- Ele contratou aquela mulher que estava no teu quarto para nos separar, ele quer que trabalhe para ele e me torne sua posse, ele patrocinava aquelas festas que nos destituiu.

- Eu vou mata-lo!

Ele puxa a minha cintura e eu escondo a cara na sua camisola, não queria ter dito a verdade. As lágrimas caem como cascatas e sinto a sua mãos passar nas minhas costas, ele quer acalmar-me mas ao mesmo tempo deseja explodir. Ficamos um bom tempo assim, não queria afastar-me do seu corpo mas precisava de olhar nos seus olhos...

- Dylan!

- Não faças isso Kendra!

- Por favor!

- Não me tentes impedir, tenho tanto ódio desses irmãos, eles precisam pagar por todo o teu sofrimento.

Ele afasta-se transtornado, confesso que estava com medo, Dylan iria atrás daquela família. Lá fora ele parece um pouco louco, saio da casa preocupada...

- Onde é que foi o Raphael?

- Eu não sei! - Nem tinha dado pela sua ausência.

- Ele foi embora e levou o carro.

- Ele deve ter um bom motivo para isso.

Volto para dentro, de propósito ou não Raphael desapareceu e isso deve ajudar a aliviar um pouco a tensão de Dylan. Regresso às minhas tarefas, havia muito por fazer em casa, em algum momento dou pela presença de Dylan e em silencio continuamos a colocar tudo no devido lugar. Está a anoitecer e o meu cunhado continua sem atender as nossas chamadas, estava na hora e recolher os animais, saio do celeiro cansada do longo dia, de volta a casa esqueço o que me falta arrumar, preciso descansar, pego numa toalha de banho...

- Toma, podes tomar um duche enquanto eu preparo o jantar.

- Obrigado, vou aceitar um bom banho, estou morto. - Ele pega na toalha e eu fico grata por isso.

Desço as escadas e preparo algo simples, as minhas forças estavam no limite, ponho a lasanha congelada no forno enquanto preparo uma salada rápida, volto a subir e passo o corpo por água o mais rápido que consigo, visto pijama e desço a tempo de retirar a comida sem que a mesma se queime. Dylan entra em casa, nem sabia que estava lá fora, guarda o telemóvel no bolso e olha para mim sem saber o que fazer...

- Tira as bebidas do fresco, escolhe o que quiseres. - tempero a salada com muito esforço confesso.

- O que eu faço?

- Comes e depois descansas que amanhã é um novo dia.

- Eu preciso voltar para casa. - Eu sabia disso, mas adorava ter mais alguém por aqui.

- Eu tenho carro podemos encontrar uma solução para isso.

Ele senta-se na minha frente enquanto sirvo os pratos...

- Esta casa precisa de muitos arranjos.

- Toda a quinta precisa, o celeiro não aguentará mais um inverno, mas vou tentar contratar alguém para me ajudar.

- Então vais mesmo ficar aqui?

- Eu gosto disto, aqui dificilmente terei problemas. - Exceto aquelas malditas galinhas.

- Posso ajudar!

- Tu tens o teu negócio, a tua vida lá em San José.

- Se não te importas eu preciso dormir.

- O quarto de hóspedes está pronto como sabes por isso poder ir, bom descanso.

- Para ti também.

Ele vem até perto de mim, beija a minha testa e vai para o quarto. Eu arrumo o que sobrou do jantar e também faço o mesmo. Durmo como uma pedra, só o facto de saber que tinha tanto trabalho pela frente já me deixava quase arrependida. Levanto, tomo o pequeno-almoço sem fazer barulho e vou até ao celeiro, os animais esperam por mim, passo a mão num dos cavalos pretos, são só dois, mas muito bonitos, a antiga proprietária diz que nasceram a quase um ano e eles são um pouco selvagens, só agora lhes consigo minimamente trocar, são seres fascinante que levo até ao grande espaço com uma cerca branca para poderem comer e correr um pouco, logo depois são as vacas, por fim a capoeira, preciso tirar os ovos, mas eu não gosto de entrar na capoeira, ato o cabelo e coloco umas botas para começar a limpar tudo...

- Posso ajudar?

- Não é preciso, aproveita para descansar mais um pouco.

- Há muito por fazer Dra Arden, por onde começo? - Ele pega num par de luvas e olha a volta.

- Pelas galinhas, preciso dos ovos e de limpar tudo, mas eu e aquelas aves não somos muito compatíveis.

- São só galinhas Kendra! - Ele ri da minha cara, eu falava muito sério.

- Eu não gosto delas, aquele galo já me picou algumas vezes! - Ele tenta não rir mais, mas dá para ver que se diverte com o meu problema.

- Tudo bem eu trato disso.

- Obrigado Sr Carter!

Ver um homem tão grande e tatuado como ele a fazer aquilo parecia um estranho demais, mesmo assim ele parecia saber o que fazer...

- Sabes já fiz isto antes.

- Já?

- Os meus avós maternos tinham uma quinta quase tão grande e velha quanto esta.

- Será nova em breve Sr Carter. Então quer dizer que o jovem rebelde foi outrora um menino do campo?

- Passei muito tempo com eles e eu gostava daquilo, era o único lugar onde eu adorava passar as férias. O meu avô ensinou-me a andar de cavalo e a minha avó a tratar do resto dos animais.

- Se tiveres alguns truques para me ensinar eu aceito.

- Falas das galinhas? - Eu estava.

- Principalmente.

- Já enfrentaste tanto e tens medo das pobres coitadas.

- Não gosto delas e pronto.

Kendra ArdenOnde histórias criam vida. Descubra agora