Kendra Arden

10 - Wills

São dez da noite e Bruce estaciona na porta o meu prédio para me deixar depois de um dia fantástico, ele sai do veiculo para se despedir, para na minha frente no passeio abre um sorriso e puxa a minha cintura para me dar um leve beijo nos lábios, fiquei sem reação, vi o homem entrar no carro com um sorriso e desaparecer no fundo da rua. As minhas lágrimas caem, passo a mão na boca para limpar o seu gosto, era mais forte que eu e Bruce não merecia a minha vingança era boa pessoa para além de que me sentia uma vaca por brincar com ele, limpo as lágrimas e rodo o corpo, ao longe vejo um homem sentado numa moto, era Dylan o que fazia ali? Entrei no prédio fingindo que não o tinha visto. Pego no telemóvel pronta a ligar para Júlia, batidas fortes na porta apanham-me de surpresa, abro a porta e ali está ele parado com uma cara nada amigável, Dylan entra sem ser convidado e isso é irritante

— Agora é moda entrar no meu apartamento sem pedir licença? - Pergunto escandalizada com o atrevimento.

— O que foi que ele fez?

— Estás a falar do quê?

— Estavas a chorar Kendra, limpaste os lábios, isso é um gesto de repulsa - Porque ele tinha de ver isso?

— Andas a espiar-me?

— Não eu nem sei porque estava ali na rua, eu sabia que estarias com esse homem então não sei o que esperava. - Porque ele parece tão interessado num problema que não lhe diz respeito?

— Eu estou bem Dylan.

— Posso tratar dele se tiver pisado o risco. - Ele fica quase colado a mim, eu não sei porque tanta preocupação de sua parte.

— Foi só um beijo idiota que não se repetirá e mantém-te longe de confusões por favor, já tenho trabalho que chegue.

Ele olha para mim de uma forma estranham, parecia agoniado então puxa a minha cintura e beija os meus lábios, não como Bruce que foi meigo, Dylan era selvagem e faminto, algo que mexeu comigo. Ele era intenso, o que estou a fazer? Vou perder a minha carreira ainda por cima o homem é acusado de violação

— Para Dylan! - Tento acalmar a minha respiração.

— Desculpa - ele passa a mão no cabelo e afasta-se.

— Por favor não repitas isso.

— Eu sei, tu não irias ter algo com um ex presidiário - Ele tem uma enorme falta de confiança.

— Não é nada disso, eu posso perder a minha carreira, não posso envolver-me com um cliente.

— Eu entendo. - Ele nem olha para mim, parece constrangido.

— Não entendes, olha para mim Dylan - Agarro no seu braço - Juro que é somente por essas razões, tu és um homem muito interessante, gentil com um sorriso sexy mas se tivéssemos algo iria perder o emprego e o teu processo.

— Obrigado por me dizeres isso mas não preciso desse tipo de caridade.

Sinto abraçar-me e beijar o meu cabelo antes de sair, será que ele realmente fez aquilo a Vivian? Não queria magoa-lo.

Deixo a ideia de ligar a minha irmã de lado, tomo um duche para tirar o resto de areia dos pés e durmo, nada como uma boa noite de sono para ver o amanhã com outros olhos. Saio de manhã para fazer algumas compras, depois arrumo e limpo o apartamento. liguei a Júlia que ficou furiosa com o que se passou no dia anterior, coloco umas jeans, ténis e t-shirt, pego no carro e ando sem rumo, passo na rua do clube motard sem que tenha sido propositado, vejo um Ferrari parado na porta e alguns homens a conversar mas eu senti agitação no ar, paro o carro assim que reconheço Richard Wills. Aproximo-me e ouço Richard insultar e ameaçar Dylan que estava a ser afastado por Blake, isto vai dar em confusão por certo...

— Que confusão é esta? - Fico entre os dois mas o meu olhar não vai até Dylan.

— Diga ao seu cliente para se afastar de mim.

— Sr Wills foi você que o veio procurar então sugiro que não o repita, coagir o meu cliente não será bom para a sua família.- Coloco as mãos na cintura e enfrento o idiota riquinho.

— Acha que me consegue intimidar?

— Sr Wills o seu dinheiro pode comprar muita coisa mas não a mim então sugiro que entre na merda do seu Ferrari e desapareça antes que eu lhe processe por ameaça, difamação, tentativa de agressão e muito mais. - Consigo ouvir alguns risos mas nem ligo.

— A Senhora sabe que isso é mentira. - Wills estava processo comigo.

— E quem vai testemunhar a seu favor, quem vai comprovar que não tenho razão. Sabe como acaba os casos em que idiotas ricos como você são acusados de assedio sexual? - Cruzo os braços a altura do peito e lanço um olhar desafiador.

Ele reclama mas entra no carro e vai embora, dobro-me e coloco as mãos no joelho, hiperventilo, não devia ter dito aquilo, ele vai arrasar-me...

— Estás bem? - Dylan dobra os joelhos para ver se realmente estou bem.

— Acabo de perder o meu emprego, se ele me processa não sei o que farei.

— Ele não fará isso mas obrigado por me defenderes, parecias uma fera, intimidas qualquer um.

— Ouvi dizer que arrasaste um riquinho! - A minha amiga chega sei lá de onde e eu sorrio angustiada.

— Rebecca acho que fiz merda.

— Claro que não, vamos até ao Joe brindar.

— Eu pago a primeira rodada! - Blake diz antes de beijar a morena.

— Encontramo-nos lá! - Os dois entram no carro de Rebecca e partem.

— Dylan! - Mostro as minhas mãos que tremem - Podes levar o carro?

— Claro.

Eu estava arrependida aquela minha atitude podia custar-me caro, nem sei porque fui tão efusiva, normalmente sou ponderada. Antes de sair do carro Dylan coloca a sua mão em cima da minha, aquilo trouxe-me o calor e a segurança que precisava. Bebemos algumas cervejas, anoiteceu mas a minha cabeça estava longe, perdia-me em pensamentos enquanto Blake contava histórias do clube, Julia ia ficar triste se soubesse o que se passou comigo. Saímos do bar os quatro e Rebecca ainda me tenta persuadir a comermos algo juntos mas não estava com vontade, queria ir para casa, somente.