Três dias intensos, trabalhamos noite e dia, pintamos, cortamos, lavarmos... tudo foi feito nestes dias e excepto a piscina que terá de ser terminada depois, tudo o resto está lindo. Eu não tinha palavras para descrever o que sentis, gostaria de agradecer de alguma forma mas como? Cada um tinha as suas vidas, eu sabia que tinham de ir embora mas tinha feito amizades com todos, o mais duro foi ver a minha família ir e Dylan, bem ele estava a levar o meu coração com ele, nestes dias ele tinha sido paciente e carinhoso comigo, mesmo com poucas palavras o seu olhar estava constantemente a cruzar o meu. Eu amava-o e isso iria ser para sempre um segredo só meu, fico a ve-los desaparecer lá ao fundo na estrada, nunca o silêncio me incomodou tanto.
Entro em casa e arrumo os vestígios deixados por todos, a minha moral fica em baixo, os animais estão bem então aqueço o comer e janto sozinha, antes eu adorava o facto de ninguém me chatear em casa mas algo mudou. No fim de semana seguinte uma equipa veio terminar a piscina, tinha esperança que um deles aparecesse mas ninguém veio, troco bastantes mensagens com a minha irmã e Rebecca. Talvez possa arranjar companhia, pego no carro e vou até ao centro da vila, havia anúncios sobre um canil nas redondezas, registo as coordenadas no GPS e lá vou eu, era um lugar enorme, não quis escolher um cachorro, prefiro um cão já adulto que precisasse de amor e carinho, encontrei o que procurava, deitado com um ar triste, eu iria trazer felicidade aquele ser. Ele mal reage, parece que nada o perturba, acomodo-o no carro e passo na loja do canil para comprar comida e artigos, chego a casa empolgada, ele pode nem ser um cão de guarda que eu precisava mas será certamente uma boa companhia que estarei empenhada em ganhar. Quando o pouso no chão ele nem se mexe, coitado, deve ter tido uma vida terrível, mesmo sendo novo foi abandonado e eu vou dar-lhe espaço. Retiro o material do carro, levo tudo para dentro, encho as taças com água e outra com ração, no canto perto da porta disponho a sua cama e brinquedos, chamo-o mas sem resultado, volto a entrar e deixo a porta aberta, sem pressões. Anoitece e ele continua sentado lá fora, depois de jantar tomo o café no exterior, aperta-me o coração vê-lo assim, antes de subir para dormir faço barulho com a ração e nada acontece então correndo o risco de ter visitas indesejadas, deixo a porta aberta e durmo no sofá, durante a noite ouço-o mastigar algo, fico feliz e volto a pegar no sono. Quando levanto ele ainda dorme na cama, chego perto e sento no chão, ele abre os olhos e fica assustado, aos poucos consigo tocar nele, acaricia-lo mas não fiquei muito tempo, já estava contente por me ter deixado aproximar dele. Trato dos animais, passo a minha mão no cavalo, desta vez ele responde, aproxima-se e toca com o focinho na minha mão em busca de mais carinho, já ganhei o dia. Passo na cidade para pedir a alguém que instale na porta um acesso para o meu cão, por falar nisso preciso de lhe dar um nome, Spark porque sei que escondido no seu coração está o brilho que um dia surgirá de novo. Hoje o dia está cinzento, decido recolher os animais mais cedo, não quero correr o risco de ficarem a chuva, apanho a roupa do estendal e volto a encher a taça do Spark, gravei o seu nome numa coleira mas acho cedo para tentar colocar o acessório no seu pescoço. Tenho tudo arrumado mas como o vento sopra frio, tento acender a lareira o que se revela bem mais difícil do que imaginei, acabo por desistir mas rezo para que a chama se mantenha e aqueça a casa, visto um casaco quente e sento-me lá fora, percebo que aos poucos Spark aproxima-se até ficar deitado nos meus pés. Acho que uma tempestade vem aí, olho para o celeiro, sim está fechado e todos protegidos, passo a mão no Spark e saio de perto dele, levo mais lenha para dentro de casa e arrumo tudo no exterior de forma a que nada voe por aí durante a noite. Fecho a porta e as janelas, começo a ficar com medo de estar aqui sozinha, graças a Deus a lareira continua acessa e sinto que o seu calor se apodera do ambiente frio, desta vez decido cozinhar e colocar música, precisava destrair-me. Horas depois não há electricidade, felizmente que velas nunca faltaram na minha decoração, acendi todas e com a luz do fogo não fico completamente às escuras, ouço o vento, coisas a bater lá fora, espero que os animais estejam bem! Adormeço mais uma vez no sofá.Estilhaços, abro os olhos e fico de pé, esfrego a cara, não sei de onde veio esse barulho mas algo está partido, Spark está acordado e olha em direção ao acrescento da casa um lindo lugar para receber visitas, vou até lá e mesmo antes de ver os estragos sabia que uma janela tinha sido atingida, sentia o vento, não me importo de pisar os vidros tudo o que quero é afastar tudo da janela e arranjar uma forma de tapar o enorme buraco causado pelo tronco caído no meio do chão, tenho de buscar toalhas para secar o chão e também fita adesiva e plástico para evitar que a chuva entre, olho para os meu tapete, tento agarrar nos vidros maiores, pela primeira vez Spark ladra mas não posso cuidar dele agora, estou ocupada e aflita, grito quando alguém me agarra...
- Calma, sou eu! - Olho para trás e vejo-o num estado lastimável.
- O que fazes aqui a esta hora e com este tempo? - Levo a mão ao peito, quase morri de susto.
- Soube da tempestade, - ele percebe o meu desespero - deixa-me ajudar-te!

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Kendra Arden
Storie d'amoreKendra Arden: Advogada, jovem, solteira e dedicada a sua carreira. Dylan Carten: Condenado a prisão por Violação de uma menor. A Doutora Arden é nomeada a advogada de um homem que cometeu o mesmo crime de que ela foi vítima quando jovem. O problema...