15 - Mergulho

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— Vamos mergulhar Kendra?

— E eu não sou convidado? - Raphael cruza os braços e faz beicinho.

— Não amor, eu quero mergulhar com a minha irmã.

— Conversamos depois doutora Arden! - Ele provoca com malícia e Julia ri.

— Vamos?

Olho para trás e vejo Dylan sorrir para mim ao lado de Raphael, decido que por hoje vou deixá-lo entrar ainda mais na minha vida, por hoje vou esquecer tudo. Sinto Júlia entrelaçar os dedos nos meus para saltarmos do barco, mergulhamos juntas como fazíamos em criança e ao regressar a superfície não dá para parar de sorrir...

— Que saudades das nossas férias com os nossos pais.

— Gostaria que estivéssemos mais perto uma da outra.

— Pelo menos sei que agora não estás sozinha, ele gosta realmente de ti.

— Não lhe deverias ter contado. - Acuso meio ofendida por ter falado sobre mim com ele.

— Como sabes? - Ela olha para mim desconfiada.

— Dá para ver na forma como olha para mim.

— Eu não contei, foi ele que deduziu, estava preocupado contigo.

— Agora terei de ter uma conversa séria com ele e não é o momento.

— Não há um momento certo para contar esse tipo de coisas mas será melhor para os dois. - Ela salpica água na minha direção.

— Eu continuo a espera de um convite. - Raphael grita divertido.

— Smith por vezes és um autêntico idiota.

Ele salta para dentro de água, eu rio da cara da Júlia, volto a subir para o barco para deixar os dois juntos. Dylan está deitado ao sol e eu deito-me em cima dele molhando o seu corpo, ele é apanhado de surpresa e ri alto...

— Gosto de te ver tão descontraída.

— Júlia tem esse poder, ela sabe como me deixar segura. - deito-me a seu lado e admiro a sua calma, ele está de olhos fechados a apanhar sol, tão perfeito!

— Eu também estarei a teu lado para te proteger.

— Tu sabes não é? - Dá para notar que depois da sua conversa com Júlia ele mudou de comportamento.

— Não foi difícil deduzir a verdade, quem é ele?

— Não interessa, quero apenas que se mantenha longe. - Suspiro e agora também eu fecho os olhos.

— Vou tratar disso doutora.

— Dylan o que achas que se passou naquela festa?

— Não faço ideia mas eu era um alvo fácil para todos aqueles riquinhos.

— Eu tenho de descobrir a verdade para te ilibar. - Para mim era uma questão de honra.

— Como foi que te fizeram mal?

— Tal como tu fui um alvo fácil numa festa idiota.

Vejo-o sentar-te e passar as mãos no cabelo de forma nervosa...

— Qual é a ideia? Parece que estás festas têm o objetivo de divertir algum tarado. - As suas palavras são carregadas de frustração, vejo-o tirar os óculos de sol para me fitar.

— Estás a falar de nós?

— Ouvi rumores de que aconteceu o mesmo em outras festas.

— Dylan o que me podes contar sobre isso? Talvez hajam mais vítimas que nos possam ajudar a encontrar o responsável. - Como é que eu nunca soube disso?

— Haviam rumores na equipa de futebol mas de qualquer forma aquela festa foi das poucas que eu frequentei.

— Teremos de regressar o quanto antes, tenho de descobrir a verdade.

Regressamos a casa no final da tarde para tomar um duche e colocar uma roupa apropriada para sair e jantar, Raphael levou-nos até um restaurante fantástico e depois seguimos até a boate mais badalada das redondezas, estava decidida a divertir-me o mais possível antes de voltar ao trabalho, bebo o meu cocktail ao lado de Dylan e vejo como Júlia e Raphael se divertem na pista, eles foram feitos um para o outro. Espero a minha irmã regressar para perto de nós para que o meu namorado tenha companhia enquanto vou a casa de banho, quando regresso e sento vejo que Júlia não tira os olhos do bar, sigo o seu olhar mas não reconheço ninguém nem vejo nada de extraordinário...

— Estou cansada que tal irmos embora? - Ela pede ao noivo assim de repente.

— Mas nós chegamos apenas a uns quarenta minutos e eu nem dancei ainda. - Respondo divertida.

— Kendra é melhor irmos.

— Júlia o que é que se passa?

Ela volta a ficar séria de olhar fixo num ponto bem atrás de mim. Rodo um pouco o corpo e vejo um homem aproximar-se com um sorriso diabólico...

— Que prazer encontrar as irmãs Arden aqui! - Billy estava mesmo ali na minha frente e parecia divertido.

— Boa noite Morris! - Júlia Cumprimenta de forma fria.

— Vou pedir uma garrafa para...

— Não é necessário, estávamos de saída. - Respondo sem nunca desviar o meus olhos dos dele, não confiava nele, era traiçoeiro e calculista, tudo o que pedia era que Dylan não percebesse nada.

— Carter faz uns bons anos que não nos vemos - Ele leva a mão ao queixo como se pensasse em algo, aposto que vai abrir a boca para dizer merda. -  talvez desde que foste preso.

— Raphael temos de ir agora. - ouço a voz de Júlia e logo depois as mãos do meu cunhado pousam nos meus ombros e os de Dylan.

— Dylan! Kendra vamos! - Rafael estava do nosso lado numa atitude protetora.

Eu travo uma batalha interna comigo mesma, sinto que por dentro tremo com a proximidade, estou aterrorizada com Billy, por fora eu tento manter a serenidade e finjo que aquele homem já não me afeta mas no fundo tudo o que quero é gritar para que se afaste de mim e para nunca mais fale comigo ou com alguém da minha família e depois sair a correr.

Quando saímos daquele lugar ando rápido, quero fugir dali e entrar no carro sem que Dylan perceba que por dentro dói, tento abrir a porta do carro que ainda está trancada e esse fato irrita-me, sinto uma mão no ombro e institivamente afasto-me, não quero ser tocada por ninguém, não quero que tenham pena da pobre idiota que algum dia desejou ter atenção de Billy e pior que isso, não quero que Dylan me encare neste momento...

Kendra ArdenOnde histórias criam vida. Descubra agora