21 - Rebecca!

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Domingo á noite a Júlia regressou a casa, fiquei sozinha naquela enorme casa, quer dizer pelo menos para mim que sou sozinha. Tive a magnífica ideia de tirar alguns dias de férias e consegui arrumar tudo o que estava encaixotado. Terça- feira, o dia está meio cinzento, pego no carro e vou às compras, preciso abastecer os armários e vazar a conta bancária. No regresso, estaciono na porta de casa, abro a bagageira e começo a carregar tudo para a cozinha, até ver pelo canto do olho alguma movimentação no outro lado da rua, pela primeira vez presto atenção ao nome da oficina automóvel " Carter's Auto", olho para homem que fala com um idoso, reconheço Dylan e associo o que Rafael disse ontem. Ele também percebe a minha presença, pela sua feição dá para ver que também ele não sabia que somos vizinhos. Entro em casa e ligo para Rebecca...

- Então tudo arrumado? - Ela atende toda animada.

- Rebecca a garagem aqui da frente é do Dylan!

- Qual é a novidade? - Como ela consegue ter tanta descontra?

- Podias ter dito.

- Eu disse, aliás foi por isso que a compraste!

- Eu não me lembro de nada naquela noite. - Ela deve estar a brincar com a minha cara.

- Bom agora não há nada a fazer.

Termino de arrumar tudo e finalmente dou-me ao luxo de sentar a ler um livro, algo que adoro fazer mas que infelizmente a minha profissão não permite, a minha leitura é sobretudo processos e código penal.
De vez em quando a curiosidade leva a melhor e espreito o que se passa do outro lado da rua, por vezes vejo-o. Tenho saudades dele, por esta altura deveria tê-lo esquecido certo?

Sexta-feira só é perfeita quando termina no bar do Joe com limite de duas cervejas, volto para casa sozinha já que Rebeca entrou de cabeça nessa relação com Blake. Dylan está a sair da sua oficina vem na minha direção e eu finjo não ver porque não sei como falar co ele e muito menos enfrenta-lo. Abro a porta do veiculo tentando escapar do inevitável

- Dra Arden! - Magoou a forma distante como me tratou.

- Boa noite!

- Eu só queria dizer que descobri que moravas aqui naquele dia que estavas a descarregaras compras, liguei logo para Blake mas ele disse que Rebecca o obrigou a jurar silêncio.

- Eu percebi, pelo teu olhar mas tudo bem podemos lidar com isso como adultos.

- Claro.

Ele vira costas e dá alguns passos eu queria que ele continuasse aqui

- Dylan!

- Sim?

- Parabéns pelo negócio, desejo-te toda a sorte do mundo.

- Obrigado, eu - Um carro para no meio da estrada e reconheço a mulher ao volante - Tenho de ir.

- Boa noite!

Vi-o entrar naquele carro com uma dor que nunca senti antes acho nem Billy me fez sentir assim, começo a achar que fui idiota por deixa-lo fugir de mim, nunca dependi de ninguém, nem mesmo me senti ligada a um homem como com Dylan e perdi isso, as minhas lágrimas caem e eu nego-me a falar sobre isso com a minha irmã ou a minha amiga porque vã massacrar-me. Decido andar um pouco a pé afinal é sexta-feira e a cidade está movimentada, passo na avenida principal e vejo grupos de amigos, casais familias em restaurantes e bares. Ando com os pensamentos a fervilhar e dou por mim de novo no Joe, entro no bar e ele fica intrigado por me ver de novo ali, peço uma cerveja e sento-me numa mesa escondida, do outro lado fito o grupo de motards, eram muitos, a beber falar alto e jogar setas

- Boa noite! - Um homem mais jovem que eu, para perto da minha mesa com uma cerveja na mão, ele era um motard também.

- Já nos cruzámos antes? - Na verdade o rosto dele era familiar mas eu não queria falar com ninguém.

- Já a vi no moto clube, era a advogada de Dylan certo?

- Sim.

- Está tudo bem? Parece triste!

- Eu.. - preciso afasta-lo com gentileza.

- Vince volta para junto dos outros! - A voz de Dylan chega aos meus ouvidos mesmo antes de o ver.

Ele estava ma minha frente e eu confusa, tinha saído de perto de mim á cerca de uma hora atrás com a namorada então o que fazia ali?

- Aconteceu alguma coisa? - Ele senta-se perto de mim a avaliar-me.

- Devia?

- Aconteceu já percebi, se puder ajudar

- Vá embora Sr Carter, eu já não trabalho para sí.

- Fui eu quem causou isso?

Levanto da mesa irritada, pego uma nota do bolso e deixo no balcão sob o olhar de Joe, saio para a rua e faço o caminho de regresso a casa, paro num vitrine, é uma loja de tatuagens, Dylan tem o corpo coberto delas...

- Kendra!

- Qual é o teu problema Dylan? Deixa-me em paz por favor, volta para a tua namorada!

Ele olha para mim, respira fundo e sorri...

- Só quero deixar-te em casa, em segurança.

- Tudo bem se prometeres dar-me espaço.

- Negócio fechado.

Subo a moto, era a primeira vez que o fazia, abraço o seu tronco para não cair, aquele cheiro, a sua pele, o seu calor, estava a acabar comigo. Em poucos minutos chegamos, Dylan desce da moto para me ajudar...

- Entregue Doutora!

- Obrigado Sr.

- Parabéns pela casa nova! - Passo o capacete para as suas mãos.

- Ele é fruto de uma monumental embriaguez. - Sorrio por lembrar o dia seguinte quando Rebecca me anunciou a novidade.

- Sério?

- Fica para outra noite!

- Eu não tenho planos. - Olho para ele incrédula.

- Claro que tens, uma mulher espera por ti.

- Não mais. - ele passa a mão no cabelo meio embaraçado.

- Discutiram! Dylan podes entrar e beber uma cerveja enquanto te conto a história mas só um par de horas, só isso. - Estava a ser sincera, não iria acontecer nada.

- É bem mais do que esperava.

- Estacione a mota e seja bem vindo a minha humilde casa caro vizinho.

Kendra ArdenOnde histórias criam vida. Descubra agora