12 - Cara a cara.

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Dois dias depois...

Continuo a dar voltas a cabeça para que uma ideia luminosa surja e eu possa chegar perto daquela menina, chego a casa mais cedo pois tenho o tal evento com Bruce. Coloco um vestido que só tinha usado uma vez para um evento da minha empresa e faço o meu melhor para estar a altura do meu companheiro, oiço o telemóvel tocar para anunciar que Bruce está na porta do prédio, ele esperava por mim perto do carro com envergava um smoking. Como cavalheiro que é, elogia o meu visual e abre a porta do carro para que eu entre, é um tesouro de homem, a viagem não seria longa, apenas uns vinte minutos até á escola mais falada dos últimos meses, ouvi dizer que iria ter professores famosos, seria uma escola muito seletiva e concorrida para pessoas com dinheiro. Havia alguns fotógrafos e repórteres na porta mas toda a confusão nós conseguimos passar despercebidos, dentro do grande hall haviam fotos de personagens famosas dos vários ramos culturais, o lugar era simples e bem decorado mas tudo de material extremamente caro, vários empregados passam pelos convidados com bebidas e comidas, Bruce parecia conhecer muitos dos presentes mas felizmente não perdia muito tempo com conversas superficiais e fúteis como acontece normalmente neste tipo de eventos...

- Estás a procura de alguém?

- Sim, alguém que como é hábito está atrasado.

- Posso saber quem? - Parece que ele convidou mais alguém.

- O meu irmão, ele também vem.

- O Billy?

- Não tenho outro Kendra. - Ele agarra gentilmente no meu braço - Estás pálida, passa-se alguma coisa?

- Eu...

- Bruce! - Reconheço aquela voz e dou alguns passos para me afastar do homem que se aproxima de Bruce.

- Uma vez na vida podias chegar a horas a um evento?

- Tenho uma vida agitada e este não é o meu tipo de festas mano. - Eles abraçam-se sem perceber que eu estava prestes a entrar em pânico.

- Apresento-te uma pessoa especial, Kendra este é Billy.

- Kendra Loss? - Ele reconhece-me no mesmo momento.

- Arden, vocês conhecem-se? - Bruce corrige o meu nome e olha para nós curioso.

- Uma longa história Bruce. - Billy responde com um tom de sarcasmo.

- Lamento mas eu preciso ir embora, falamos depois. - Tento afastaste-me mas Bruce parece preocupado comigo.

- Kendra, o que se passa?

- Desculpa Bruce falamos com calma mais tarde, preciso realmente de ir.

Com alguma dificuldade encontro um taxi, quando cheguei a casa tomei um duche quente porque não parava de tremer e fiquei toda a noite no sofá, na minha cabeça eu revida aquela noite vezes sem conta, podia sentir a dor, a humilhação e cada palavra de Billy. Foram meses de consultas na psicóloga e nada me tinha preparado para o dia em que o voltasse a ver. No dia seguinte arrastei-me até ao meu trabalho e tentei concentrar-me no processo Dylan mas não conseguia pensar em nada exceto naquele monstro...

- Júlia ontem a noite cruzei-me com Billy.

- Meu deus, ele tentou alguma coisa? - Se bem conhecia a minha irmã não iria ficar tranquila até que eu vá ter com ela.

- Não, quer dizer eu fugi dele para ser sincera.

- Espero que ele não vá a trás de ti mas se o fizer faz queixa dele e começa a fazer a mala porque eu quero-te aqui no fim de semana, aliás melhor que isso, tira uns dias de férias e vem para cá.

- Espero não voltar a vê-lo mais.

- Se precisares liga para a psicóloga, eu vou preparar o quarto de hospedes para ti.

- Júlia ele vive aí, é mais fácil cruzar-me com ele se for ter contigo.

­- Não se ele está aí, trata de pedir uns dias e amanhã diz alguma coisa, sabes que não vou ficar descansada sabendo que estás aí sozinha.

Quando regresso a casa no final do dia vejo aquele homem parado na porta do meu prédio, ele olha para o relógio, está a minha espera, porra ele veio para me infernizar, Billy quer o quê agora?

Dou voltas a cabeça, não posso regressar a casa e não sei o que fazer, passei um bom par de horas a conduzir sem destino até estacionar na porta do motoclube, entro dentro do lugar que está ao rubro e avisto Blake a conversar com grupo de homens perto da mesa de snooker...

- Blake!

- Doutora como está?

- Procuro Dylan, ele já voltou?

- Não mas ele ainda deve estar a desmontar o festival com a equipa, falámos esta tarde e ao que parece o trabalho está atrasado.

- Porra. - O meu telemóvel toca e o nome de Bruce aparece no visor.

- Mas se é assim tão importante espera por ele no quarto dele.

- Tem certeza que ele não se vai importar? - Penso se devo aceitar já que tenho Billy a vigiar a minha porta.

- Mesmo cansado ele vai adorar vê-la Sra Advogada. - Ele pisca o olho.

- Pode mostrar-me onde fica?

- Claro

Subimos dois andares onde um corredor dava passagem a várias portas, a ultima do lado esquerdo era a de Dylan, Blaire tira a chave do bolso e roda-a na fechadura para me deixar entrar no quarto simples, há uma cama, um roupeiro, uma secretária com um portátil aberto e uma pequena casa de banho, tão simples e ao mesmo tempo com alguns pontos tão fortes como uma das paredes forrada com pepel de parede preto com uma caveira tridimensional ou o casaco de pele preto na cadeira do canto, era sem duvida o covil de Carter. Blake sai sem dizer nada e eu sento na cama, sinto o seu perfume por todo o espaço e pego no telemóvel para lhe ligar mas infelizmente ele não atende.

O que é que eu faço?

Kendra ArdenOnde histórias criam vida. Descubra agora