22 - Mais perto

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Dylan riu muito de mim quando lhe confessei a verdadeira história sobre a compra desta casa e as suas gargalhadas ecoavam numa onda de felicidade, eu estava feliz por vê-lo assim, bebemos uma cerveja, ele falou de como investiu o dinheiro dos Wills no seu próprio negócio que ao que parece é um sucesso, ele merece, é um bom homem...

- Bem, eu sou cumpridor então está na hora de ir embora. - Ele pousa a cerveja e dirige-se a porta, eu acompanho-o.

- Ainda vives no clube?

- Estou a procura de um apartamento, mas lá tenho os meus amigos, a minha família e eu já passei tantos anos sozinho que adoro o facto de ter companhia o tempo todo.

- Compreendo!

Acompanho-o a porta...

- Tu nunca tentaste descobrir a verdade, tu sabes que eu não te traí! - Ele parecia muito seguro de si mesmo e estava repleto de razão.

- Estás bem então esquece o passado.

- Esquecer-te queres dizer!

- Sim. - Porque é que ele me faz isto?

- Tu esqueceste-me?

- Boa noite, Dylan. - Ele vira costas e sobe para a sua moto.

- Boa noite Dra Arden.

Quero gritar para que não vá, que fique comigo e deixe aquela mulher, deduzo que seja isto que sentimos quando amamos alguém. Eu amo-o? Talvez seja isso, mas não sei, nunca senti isto antes...

- Júlia?

- Kendra está tudo bem? - Oiço algumas vozes por trás dela.

- interrompi algo?

- Estou em casa do meu cunhado e tu?

- Como soubeste amavas o Rafael? - Ela fica em silêncio, mas segundos depois responde séria.

- Dylan, é ele o tal não é?

- Podes responder por favor?

- Ele irritáva-me como ninguém, mas mesmo assim quando não estávamos juntos era nele que pensava, sentia ciúmes, saudades, tudo isso e muito mais, mas porquê a pergunta? - suspiro, ela acertou em cada palavra.

- Eu nunca senti isso!

- Mas... - Júlia sabe que escondo algo.

- É possível sentir isso tudo de uma vez e não estar apaixonada pela pessoa.

- Não querida, mas podíamos falar sobre isso amanhã, Rafael vai deixar um dos seus carros aí na garagem de Dylan para ser reparado.

- Eu gostava que ficassem aqui todo o fim de semana.

- Combinado, agora tenho de desligar a minha menina apaixonada.

- Até amanhã! Irmã.

Pouco dormi Tomo o pequeno-almoço quando a campainha toca...

- Vocês madrugaram! - Recebo o abraço de Julia em primeiro e vejo Rafael carregado.

- Quero que Dylan arranje o meu menino o quanto antes. - Ele pousa as compras e abraça-me.

- Ele quer dizer o carro.

- E para quê todos esses sacos?

- Vinhos, aperitivos... - Vejo-os começar a tirar tudo para cima da mesa da cozinha.

- Vais dar uma festa?

- Cunhadinha, agora que tens uma casa destas viremos visitar-te muito.

- Interesseiro, tu vens para visitar a garagem da frente.

- Por falar nisso reservei uma mesa num restaurante para jantarmos. - Rafael adora mimar quem ama.

- Onde?

- Num restaurante de um amigo!

- Rafael não era necessário... - Podíamos ficar por aqui.

- Dylan também vai se não te importas, quero agradecer por tratar do meu querido carro.

- Não vejo problema nenhum nisso.

- Ótimo, agora vou andando. - Ele saiu da minha casa como um foguete.

Júlia segue-me até ao meu quarto, depois que me vesti decidimos dar uma volta, tivemos uma longa conversa sobre sentimentos, agora começo a perceber quando dizem que o amor é complicado. Júlia não entra comigo em casa porque decide ir ter com o marido, eu decido procurar algo adequado para esse bendito jantar, Rafael é um amor, mas sei que nos vai levar a um restaurante requintado. Encontro um vestido que a Rebecca me ofereceu, mas que nunca ousei vestir, é simples e longo, mas justo e com uma enorme fenda, talvez o use esta noite. Duas horas para o jantar, tomo um duche e apercebo-me de quão grande está o meu cabelo, decido fazer caracóis largos que caem de forma selvagem, maquilho os meus olhos um pouco mais que o habitual, ponho o vestido e penso que deveria afinal tê-lo usado antes e por fim coloco os meus saltos. O resultado era talvez um pouco exagerado para um jantar de família. O restaurante era no último piso de um prédio muito alto, com uma vista incrível, principalmente numa noite tão estrelada como a de hoje.

Tento conter-me nas falas, olhares ou sorrisos, não quero cair na tentação de fazer algo inapropriado para com Dylan que parece estar tão distante, talvez a sua mente esteja com a namorada, algum problema na oficina...

- Então já escolheste? - Júlia toca no meu braço.

- Rissoto!

- Eu também quero o mesmo. - Ela pede a Rafael que faz sinal ao empregado. - Estás bem? - Ela segreda-me em seguida.

- Sim porquê?

- Por nada, ouvi dizer que recebeste uma proposta de trabalho...

- A Rebecca é uma linguaruda.

- Conta-nos lá Cunhadinha. - Rafael brinca após fazer os nossos pedidos.

- Ainda não sei nada; a minha chefe só anunciou ontem que tinha uma proposta para mim, temos reunião segunda-feira.

- Então vamos brindar a isso e a tudo o resto.

- Concordo. - Dylan diz agora com um sorriso.

O comer era delicioso, o vinho nem se fala, mas mesmo assim algo estava estranho, Rafael insistiu em irmos beber um copo a qualquer lado para prolongar a noite, Júlia está ao telemóvel e Rafael a falar com o dono do restaurante que é seu conhecido...

- Sabes o que me fazes lembrar assim vestida? - Dylan questiona enquanto passa os dedos no copo.

- Não.

- Lembras-te quando me tiraste da prisão e fui trabalhar como empregado numa festa em que tu estavas lá?

- Lembro, aquela farda não combinava contigo Dylan, dava para ver o quanto estavas incomodo. - Rio da lembrança.

- Mas eu segui o conselho da minha advogada.

- Eu sei e fizeste muito bem, mas olha para ti agora, tens o teu negócio e logo também uma casa, família...

- Quando é que vens visitar a minha garagem? - O seu olhar é desafiador.

- Prometo aparecer um dia destes se tiver direito a visita guiada e desconto numa futura reparação do meu carro.

- Negócio fechado, mas sou eu quem vai marcar essa visita Sra Kendra Arden.

Kendra ArdenOnde histórias criam vida. Descubra agora