Dylan riu muito de mim quando lhe confessei a verdadeira história sobre a compra desta casa e as suas gargalhadas ecoavam numa onda de felicidade, eu estava feliz por vê-lo assim, bebemos uma cerveja, ele falou de como investiu o dinheiro dos Wills no seu próprio negócio que ao que parece é um sucesso, ele merece, é um bom homem...
- Bem, eu sou cumpridor então está na hora de ir embora. - Ele pousa a cerveja e dirige-se a porta, eu acompanho-o.
- Ainda vives no clube?
- Estou a procura de um apartamento, mas lá tenho os meus amigos, a minha família e eu já passei tantos anos sozinho que adoro o facto de ter companhia o tempo todo.
- Compreendo!
Acompanho-o a porta...
- Tu nunca tentaste descobrir a verdade, tu sabes que eu não te traí! - Ele parecia muito seguro de si mesmo e estava repleto de razão.
- Estás bem então esquece o passado.
- Esquecer-te queres dizer!
- Sim. - Porque é que ele me faz isto?
- Tu esqueceste-me?
- Boa noite, Dylan. - Ele vira costas e sobe para a sua moto.
- Boa noite Dra Arden.
Quero gritar para que não vá, que fique comigo e deixe aquela mulher, deduzo que seja isto que sentimos quando amamos alguém. Eu amo-o? Talvez seja isso, mas não sei, nunca senti isto antes...
- Júlia?
- Kendra está tudo bem? - Oiço algumas vozes por trás dela.
- interrompi algo?
- Estou em casa do meu cunhado e tu?
- Como soubeste amavas o Rafael? - Ela fica em silêncio, mas segundos depois responde séria.
- Dylan, é ele o tal não é?
- Podes responder por favor?
- Ele irritáva-me como ninguém, mas mesmo assim quando não estávamos juntos era nele que pensava, sentia ciúmes, saudades, tudo isso e muito mais, mas porquê a pergunta? - suspiro, ela acertou em cada palavra.
- Eu nunca senti isso!
- Mas... - Júlia sabe que escondo algo.
- É possível sentir isso tudo de uma vez e não estar apaixonada pela pessoa.
- Não querida, mas podíamos falar sobre isso amanhã, Rafael vai deixar um dos seus carros aí na garagem de Dylan para ser reparado.
- Eu gostava que ficassem aqui todo o fim de semana.
- Combinado, agora tenho de desligar a minha menina apaixonada.
- Até amanhã! Irmã.
Pouco dormi Tomo o pequeno-almoço quando a campainha toca...
- Vocês madrugaram! - Recebo o abraço de Julia em primeiro e vejo Rafael carregado.
- Quero que Dylan arranje o meu menino o quanto antes. - Ele pousa as compras e abraça-me.
- Ele quer dizer o carro.
- E para quê todos esses sacos?
- Vinhos, aperitivos... - Vejo-os começar a tirar tudo para cima da mesa da cozinha.
- Vais dar uma festa?
- Cunhadinha, agora que tens uma casa destas viremos visitar-te muito.
- Interesseiro, tu vens para visitar a garagem da frente.
- Por falar nisso reservei uma mesa num restaurante para jantarmos. - Rafael adora mimar quem ama.
- Onde?
- Num restaurante de um amigo!
- Rafael não era necessário... - Podíamos ficar por aqui.
- Dylan também vai se não te importas, quero agradecer por tratar do meu querido carro.
- Não vejo problema nenhum nisso.
- Ótimo, agora vou andando. - Ele saiu da minha casa como um foguete.
Júlia segue-me até ao meu quarto, depois que me vesti decidimos dar uma volta, tivemos uma longa conversa sobre sentimentos, agora começo a perceber quando dizem que o amor é complicado. Júlia não entra comigo em casa porque decide ir ter com o marido, eu decido procurar algo adequado para esse bendito jantar, Rafael é um amor, mas sei que nos vai levar a um restaurante requintado. Encontro um vestido que a Rebecca me ofereceu, mas que nunca ousei vestir, é simples e longo, mas justo e com uma enorme fenda, talvez o use esta noite. Duas horas para o jantar, tomo um duche e apercebo-me de quão grande está o meu cabelo, decido fazer caracóis largos que caem de forma selvagem, maquilho os meus olhos um pouco mais que o habitual, ponho o vestido e penso que deveria afinal tê-lo usado antes e por fim coloco os meus saltos. O resultado era talvez um pouco exagerado para um jantar de família. O restaurante era no último piso de um prédio muito alto, com uma vista incrível, principalmente numa noite tão estrelada como a de hoje.
Tento conter-me nas falas, olhares ou sorrisos, não quero cair na tentação de fazer algo inapropriado para com Dylan que parece estar tão distante, talvez a sua mente esteja com a namorada, algum problema na oficina...
- Então já escolheste? - Júlia toca no meu braço.
- Rissoto!
- Eu também quero o mesmo. - Ela pede a Rafael que faz sinal ao empregado. - Estás bem? - Ela segreda-me em seguida.
- Sim porquê?
- Por nada, ouvi dizer que recebeste uma proposta de trabalho...
- A Rebecca é uma linguaruda.
- Conta-nos lá Cunhadinha. - Rafael brinca após fazer os nossos pedidos.
- Ainda não sei nada; a minha chefe só anunciou ontem que tinha uma proposta para mim, temos reunião segunda-feira.
- Então vamos brindar a isso e a tudo o resto.
- Concordo. - Dylan diz agora com um sorriso.
O comer era delicioso, o vinho nem se fala, mas mesmo assim algo estava estranho, Rafael insistiu em irmos beber um copo a qualquer lado para prolongar a noite, Júlia está ao telemóvel e Rafael a falar com o dono do restaurante que é seu conhecido...
- Sabes o que me fazes lembrar assim vestida? - Dylan questiona enquanto passa os dedos no copo.
- Não.
- Lembras-te quando me tiraste da prisão e fui trabalhar como empregado numa festa em que tu estavas lá?
- Lembro, aquela farda não combinava contigo Dylan, dava para ver o quanto estavas incomodo. - Rio da lembrança.
- Mas eu segui o conselho da minha advogada.
- Eu sei e fizeste muito bem, mas olha para ti agora, tens o teu negócio e logo também uma casa, família...
- Quando é que vens visitar a minha garagem? - O seu olhar é desafiador.
- Prometo aparecer um dia destes se tiver direito a visita guiada e desconto numa futura reparação do meu carro.
- Negócio fechado, mas sou eu quem vai marcar essa visita Sra Kendra Arden.
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Kendra Arden
RomanceKendra Arden: Advogada, jovem, solteira e dedicada a sua carreira. Dylan Carten: Condenado a prisão por Violação de uma menor. A Doutora Arden é nomeada a advogada de um homem que cometeu o mesmo crime de que ela foi vítima quando jovem. O problema...