Kendra Arden

17 - Só mais uma vez

Um mês depois...

Eu fiz tudo, revi cada documento dezenas de vezes e estava num beco sem saída, havia muitas falhas de informação então eu pedi ajuda a um conhecido, ele era detetive privado e por vezes ajuda alguns dos meus colegas advogados, depois de almoçar recebo um e-mail dele com fotos e um relatório, todas as sextas Billy vai buscar a filha de Vivian a escola e leva-a a jantar, os dois parecem divertir-se, qual será o motivo dele ser tão próximo da menina? Será que ele é o pai? Vou tirar isto a limpo e é agora! Pego na minha bolsa e vou a loja de Vivian, entro na loja e ao que parece a jovem que me vou da primeira vez anuncia a minha chegada assim que passo a porta, subo ao seu escritório e percebo de imediato que a minha presença não é bem-vinda aqui...

- Outra visita Doutora? - Ela fala sem tirar os olhos dos papéis que tem nada mãos.

- Tudo bem já percebi que está sem paciência e eu também, vou ser direta. - Poso na sua mesa as fotos de Billy com a filha de Vivian - O seu marido sabe que Morris é o pai?

- Você não tem o direito de fazer isto! - Ela fica de pé irritada.

- Quer apostar comigo?

- Eu sei que não pode usar isso em tribunal.

- Não é o tribunal que vou visitar quando sair daqui, será o seu marido!

Pego nas fotos e viro costas...

- Tudo bem espere! - Volto a fechar a porta e olho para Vivian.

- Eles terem os mesmos olhos e o cabelo.

- Se eu contasse a minha família seria um escândalo, eu deveria casar virgem. - Ela passa a mão no cabelo e eu não posso acreditar nas suas palavras.

- Mesmo se fosse fruto de uma violação?

- Billy e eu tínhamos um caso, não é nada do que pensa. - Como é possível, Dylan foi apenas o elo mais fraco no meio de tanta loucura.

- Mas o seu marido nunca soube dessa traição então o melhor seria criar um esquema diabólico para enviar um inocente para a cadeia?

- Foi Billy quem tratou de tudo!

- Você é cúmplice Vivian, é tão culpada quanto ele e eu terei muito prazer em enfrenta-la perante o juiz. - Eu rebato com arrogância.

- Espere, deixe-me ser eu a contar tudo a minha família antes de aparecer nas páginas de todos os jornais. - A sério que ela estava a tentar fazer chantagem emocional comigo?

- Tem o fim de semana para fazer isso, segunda eu ando com o processo.

Saio da loja e vou ter com Rebecca ao bar, é sexta e de qualquer forma só posso fazer algo na segunda feira. Não lhe dei estes dois dias por ela mas sim pela criança que não tem culpa de estar metida no meio de loucos. Entro no bar e vejo Dylan, Rebecca e Blake, solto o cabelo e abro alguns botões da camisa, tinha tirado um peso dos ombros...

- Conheço esse olhar! - Rebecca sorri maldosa e eu senti-me poderosa, tinha um trunfo nas mãos.

- Não vou falar de trabalho.

- Novidades? - O meu anjo pergunta enquanto se estica para beijar os meus lábios.

- Talvez eu tenha conseguido provar a tua inocência querido!

- Fala!

- A seu tempo, acho que devemos comemorar na mesma. - Faço sinal para que Joe nos traga uma cerveja bem fresca

- Não me vais contar? - Eu iria ceder se ele continuasse a falar dessa forma no meu ouvido mas eu queria realmente fazer tudo da forma certa.

- Segunda-feira, agora o meu expediente acabou e eu quero aproveitar para estar contigo.

- Então a minha liberdade está a dois dias de distância?

Mudei de assunto, precisava de me concentrar somente nele, no fundo eu estava com medo que nada daquilo fosse verdade, ele tinha conseguido cair numa armadilha uma vez e não seria uma surpresa que tentassem algo de novo e Dylan não merece ser dececionado já que é um anjo.

- Vai haver uma festa mais logo no motoclube, querem vir?

- Acho que...

- Claro que aceitamos, eu e Kendra vamos passar em casa para mudar de roupa e estaremos lá por volta das nove.

- Esperamos por vocês, agora temos de ir preparar tudo.

Os dois saem do bar e eu olho para Rebecca de lado, ela aceitou sem mesmo falar comigo, não estava chateada por ela ter aceite, eu queria estar com Dylan mas não custava nada perguntar-me antes. Chego a casa e tomo um duche, coloco algo simples, como algo rápido e desço as escadas, recebo uma mensagem de Rebecca e fico surpresa por saber que chegou antes de mim a festa, parece que Rock está a mexer seriamente com ela e não sei se isso é bom ou mau. Quando entro no clube quase me arrependo de ter vindo, estava cheio e demasiado barulhento, a minha amiga acena e eu faço sinal que irei procurar Dylan...

- Está a procura de Carter? - Olho para o jovem e reconheço-o, quando estive aqui a primeira vez foi ele que me recebeu.

- Sim, sabe onde ele está?

- Ainda deve estar lá em cima, parece que hoje está concorrido.

Tento ignorar que aquelas palavras me provocaram um arrepio no corpo, lá está ela a minha antiga insegurança. Rodo a maçaneta do seu quarto, uma mulata fechava os botões da camisa, tinha lingerie vermelha, a mesma cor do baton borrado nos seus lábios, eu senti-me como se o passado me tivesse sugado de novo para a noite em que fui aquela maldita festa. Eu sabia os riscos, Dylan não era homem para mim, na verdade nenhum era. Deveria ter escutado a minha cabeça e não o meu coração, Júlia ou Rebeca mas eu já sofri bem mais que isto...

- O que é que se passa? - Dylan aparece no quarto, saiu do duche, o seu corpo está molhada, enrolado numa toalha, a sua expressão é incompreensível para mim.

- Desculpem! - Falo sem pensar e saio daquele lugar.

Entro no meu carro e chego ao meu apartamento sem tirar aquela imagem da minha cabeça.