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"Eu sei que errei quando se trata de nós, mas quero que saiba que você é uma parte minha ainda, e independente de tudo, eu te amo e sinto sua falta. Te vejo em breve."
Guardo o celular no bolso de novo e volto a caminhar, olho as casas e os estabelecimentos da rua. Procuro em cada canto, cada lugar que possa ter pegado a rua.
Entro em uma loja e pergunto se eles tem as gravações das câmeras de um ano atrás. Não, fitas apagadas no mesmo ano.
Volto a andar, não posso ir muito longe, as câmeras não pegariam a parte da esquina. Aperto uma campainha, espero um pouco, nada. Aperto mais uma vez, espero, ouço a maçaneta ser virada.
- Boa tarde, posso ajudar?- o senhor pergunta.
Deve estar na faixa etária dos sessenta anos, os cabelos são grisalhos, a pele enrugada. As costas parece um pouco dolorida.
- Estou procurando uma filmagem de um ano atrás, vi que o senhor tem câmeras direcionadas até o semáforo. Gostaria de saber se guarda as gravações.
- Por preguiça eu ainda não as apaguei, me dê um minuto, vou pegar a chave.
- Hey, o senhor me entendeu bem? Eu preciso das filmagens de abril do ano passado.
- Sim jovem, eu tenho as filmagens guardadas ainda. Só um minuto.
Começo a suar frio. Ninguém tem essas imagens, nunca acharam uma gravação que mostrasse algo.
Quando o senhor me deixa entrar não sei o que sentir, a cada passo que dou sinto meu corpo tremer.
- Eu nem me apresentei, me chamo Josh.
- Eu sei garoto. Me chamo Jacob.
- Me conhece e não teve medo de me chamar para entrar na sua casa?
- Você não tem cara de quem machucaria um idoso. Bem, esse é o Josh, ele está atrás de uma filmagem das câmeras.
Olho para onde ele está olhando, vejo a senhora na poltrona segurando um bebê risonho.
- Olá Josh, pode me chamar de Susan.
- Muito prazer Susan. Desculpa estar atrapalhando a tarde de vocês.
- Incomodar, a única coisa que faço é ficar babando no meu neto quando minha filha deixa ele aqui.- Jacob resmunga me fazendo rir- Venha, a sala que pega as câmeras fica por aqui.
O sigo em seus passos lentos, o ajudo quando vai se sentar na cadeira. Abre páginas e páginas em seu computador reclamando quando não as consegue fechar.
- Você se lembra do dia certo?- pergunta abrindo em uma pasta.
- Quero as gravações da madrugada de quatro de abril.
- Certo, Abril, posso perguntar o motivo de querer essas gravações?
- É o dia do acidente do meu irmão, só quero ter certeza de qual semáforo estava fechado.
- Espere, o acidente que aconteceu as cinco e meia da manhã? Que um garoto voou do carro e os dois motoristas morreram.
- É, um deles não morreu, conseguiram tirar ela do carro com vida.
- Deuses, nunca bateram no meu portão atrás das filmagens. Eu iria levar até a polícia a imagem da minha rua, mas nunca consegui. Deixei até em uma pasta separada para se um dia alguém quisesse ficasse fácil.
- Espere, está dizendo que o senhor tem um lugar separado só com o vídeo?
- É estranho?
- Não, é fantástico! Eu não acredito que não acharam essas filmagens, sempre me disseram que não tinham encontrado.
- Acho que não as procuraram também. Aqui, quatro de abril.
- Você marcou a pasta como 'cenas do acidente'?
- Eu sou velho, jovem, se eu não fizesse isso teria que ficar anos procurando. Você quer tentar passar para o seu celular?
- Posso ver primeiro?
- Sim, como faz mesmo? Espere minha filha me ensinou, eu tenho que clicar aqui. Foi?
- Não, é só o senhor clicar no vídeo que ele já abre.
- Tecnologia é a minha pior inimiga.
Ele clica no vídeo, a imagem da rua vazia aparece na tela. Posso sentir meu coração diminuir e aumentar os batimentos conforme os segundo passam.
- Consegue ver aqui?- ele pergunta apontando para tela- O motorista que está vindo da descida está alertando que está vindo, está acendendo e apagando o farol.
É uma verdade, Any estava acendendo e desligando o farol. Mesmo por cima da chuva dava para ver.
- Pause aí.- digo quando o carro do Jaden aparece na tela- Posso pegar o mouse?
- Claro.
Amplio a tela, até alcançar o semáforo, segundos antes da batida acontecer. Vermelho, Jaden passou no vermelho. Era ele quem deveria ter parado.
- Estava vermelho para o meu irmão, era ele quem deveria ter parado.
- Sinto muito, ele deveria estar distraído.
- O que mais me dói, é saber que nunca mostraram isso para ela. Por mais de um ano ela acredita que seu semáforo era o fechado.
- Ela seria?
- A garota por quem estou apaixonado.
- Faz muito tempo que não escuto alguém dizer isso.- Susan diz na porta.
- O amor ainda está no ar, bem.
- Aqui, eu trouxe um copo de suco para vocês.
- Não precisava se incomodar Susan.
- Não é incomodo, meu neto acabou de dormir.
- Você quer tentar passar a gravação para o seu celular?
- Teria como?- pergunto.
- Sim, eu só preciso achar o cabo.
- Deixa que eu pego, sabe como sua coluna está machucada.- Susan diz e logo sai, sem lhe dar tempo de responder.
Foi rápido para passar a gravação para o meu celular. Eu tentei cortar a parte que os carros batem, mas não obtive sucesso, tive que passar ele inteiro.
- Muito obrigado por ter me deixado entrar. O senhor não sabe como isso vai mudar a vida dela.- digo já no portão.
- Espero que isso mude sua vida também Josh, ao menos um pouco. Saiba que você não é o que a cidade diz. Você ficou menos de meia hora dentro de minha casa e senti como se meu filho estivesse aqui. Não deixe as pessoas te levarem para baixo.
- Obrigado. Foi um prazer conhecer o senhor.
- O prazer foi meu, se um dia precisar de mais alguma gravação, sabe onde me encontrar.
Mudo a minha rota quando estou indo embora. É hora de mostrar para Any que ela nunca foi a errada.
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Finjam surpresa sobre o acidente e digam: Meu Deus, nunca foi a Amy a errada a mãe dela é uma vaca.
Escutem as traduções das músicas pessoal, é onde mais tem spoiler kkkk
Votem e comentem
Até a próxima, Kyara!
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De repente... Você!
FanfictionCorações machucados é isso que eles tem. Almas machucadas é o que enchem os corpos deles. Sentimentos guardados, lágrimas poucas vezes derramadas. Um motivo para o ódio. Todos os motivos para o medo. Sorrisos falsos sendo mostrados para pouca parte...