Capítulo 25- Any

3.1K 300 245
                                    

É... Huum. Caixas de lenços são legais hj caso vcs queiram saber

__________________________________

Giro a chave na fechadura, surpresa por não terem trocado desde o dia em que saí. O ambiente quente aquece minhas roupas geladas pelo ar que está lá fora.

Sinto o cheiro de café vindo da cozinha, mas realmente achei que sentiria o cheiro de alguma comida para o almoço. Isso seria esquisito se não fosse meu pai quem está fazendo o café.

Ele não se assusta com a minha presença, pelo contrário, abre um sorriso imenso ao me ver. Saí fumaça da caneca em sua mão, o que prova ainda mais que ele fez o café agora.

- Café?- pergunta se sentando.

- Está na hora do almoço.- murmuro me sentando ao seu lado.

- Não para quem acabou de chegar do trabalho, meu chefe me colocou mais uma vez no turno da noite, aquele velho rabugento.

- Não fale assim. O senhor Frank é legal.

- Um velho rabugento.- murmura assoprando a bebida na caneca- É bom te ver, Any.

- É bom ver o você também pai.

- Me conte, como está a convivência naquele apartamento? Ainda não tive a oportunidade de ir até lá conhecer o garoto, mas se você não voltou para casa em prantos quer dizer que está funcionando legal.

Não deixo de notar que ele disse "para casa" como se aqui ainda fosse o meu lar. Me incomoda que ache isso, mas sei que no fundo, meu pai também sabe que aqui já deixou de ser meu lar a muito tempo.

- Josh é um garoto legal, traz boas risadas quando é preciso e quando não é também. E ele ronca bonitinho.

- Ninguém ronca bonitinho!- disse colocando a xícara na mesa.

- Ele ronca!

- Oh Deus, achei que quando minha filha viesse me visitar ela falaria coisas bacanas como o emprego que ela tem. Não como o companheiro de apartamento ronca bonitinho.

Sinto minhas bochechas arderem
Da para perceber que meu pai está brincando, mas falar de Josh é como se fosse errado agora.

- Certo. Meu trabalho ainda é o mesmo, já disse que o senhor deveria ir lá algum dia comer alguma coisa.

- Estou tentando convencer sua mãe a ir comigo para não comer sozinho, mas você sabe como ela é uma mulher teimosa.

- Sei bem.- abri um sorriso forçado ao falar, meu pai sabe que ela não quer ir em algum lugar onde eu estou.

- E como você está? No que essa cabecinha anda pensando?

- Gosto de dizer que estou bem.- murmuro mexendo na toalha da mesa.

- Você gosta de dizer, mas é assim que se sente?- nego com a cabeça- O que está acontecendo?

- Eu me sinto presa,- o nó da minha garganta começa a crescer- e é tanta pressão porque todo mundo fica me enchendo, esperando que eu faça algo, que aleatoriamente eu tire uma faca do bolso e mate alguém, ou diga alguma coisa, ou surte, ou grite, ou chore mais como sempre fazia quando saía na rua. Isso está me deixando sufocada porque eu não sou o monstro que a cidade vê, sou só uma garota que se envolveu em um acidente como qualquer outra pessoa que também já sofreu um.

Não vi quando ele segurou minha mão, nem quando lágrimas desceram por minhas bochechas em forma do meu desespero. O abraço que veio em seguida me deixou sem reação, ele não pediu dessa vez como sempre fazia.

De repente... Você!Onde histórias criam vida. Descubra agora