180 comentários dessa vez. Eu sei que vcs conseguem.
Boa leitura!
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As lágrimas escorrem dos meus olhos, as palavras saem da minha boca sem parar. Não conto sobre o acidente, não conto que matei o irmão do homem que está me esperando lá fora.
Conto sobre minha família, conto como minha mãe me vê, como me culpa por algo que não tinha mais controle.
Depois de uma hora falando, Cris me aconselha sobre o que eu devo fazer com eles. Mas já tentei conversar como sugeriu, tentei me explicar também. E no final, ela só me disse:
- Volte semana que vem para continuarmos.
Saí da sala tão nervosa quanto entrei, minha cabeça baixa evitando olhar para as pessoas sentadas nas cadeiras. Não percebi quando ele segurou meu braço e me puxou para o banheiro sem que eu pudesse opinar por isso.
Seus braços me puxaram para o seu peito, mais uma vez sua mão pressionando minha cabeça em seu coração. É errado abraçá-lo sabendo que vai parar de fazer isso quando descobrir a verdade, sabendo que vai me empurrar para longe assim que descobrir.
- Está tudo bem, Any... Você vai ficar bem.- sussurrou mexendo a mão em minhas costas.
O nó em minha garganta cresce. Pensar que em algum momento ele vai parar de falar comigo, que esses abraços não irão mais acontecer e as batidas do seu coração serão impossíveis de se escutar de tão longe.
- Você vai querer voltar semana que vem?- sua voz está abafada pela sua mão em minha orelha e o barulho dos seus batimentos.- Sabe que a escolha é sua, se não quiser voltar não tem problema.
Mexo a cabeça em concordância, vou voltar e sei que a escolha é minha. Sei que Josh não vai me acompanhar todas as vezes, sei que ele vai parar de vir em um certo momento, sei que frequentar um psicólogo vai ser só mais uma lembrança dele em minha mente.
- Está bem para sair agora?
Não estou bem para sair, mas concordo novamente. Não estou pronta para vê-la de novo, lembrar mais uma vez que ela fez parte do passado.
Sua mão em minhas costas me guiou pelo corredor, Josh pediu para que eu o esperasse do lado de fora enquanto ele marcava a próxima sessão. Não esperei que dissesse mais alguma coisa, apenas continuei andando até a porta para poder conseguir respirar um pouco melhor com o ar úmido.
Vejo as pessoas caminhando pela calçada. Casais rindo, senhores andando com a velocidade máxima que conseguem, crianças pulando enquanto segura a mão dos seus pais. Tento entender o motivo de não ter a alegria que eles tem, quero achar o porque de não conseguir sorrir como eles conseguem.
Não posso ser diferente, não posso ser tão ruim para não poder ter o mínimo da felicidade, não os invejo por serem felizes, somente gostaria de ser um pouco como eles.
- Nós podemos conversar, Any?- Rebeca pergunta. Tão calma e delicada quanto me lembro que era.
- Não.- me ouço sussurrar, mas minha cabeça está longe demais para realmente perceber o que fiz.
- Imaginei que essa seria a sua resposta, mas eu realmente preciso que você me escute. Prometo que vai ser rápido.
Ri indignada, olhando para o outro lado da rua. Mexi a cabeça em negação, lembrando que disse a mesma coisa para ela a um ano atrás.
- Não quero te escutar.- murmuro- Também não tenho tempo para isso, Josh já deve estar vindo.
- Josh está conversando um pouco com a Cris. Ela decidiu chamar ele de última hora.- fico em silêncio, balanço minhas pernas- Sei que está magoada comigo, Any.
Que bom.
- Por isso preciso que me escute.
- Eu também precisava, lembra?- murmuro a olhando.
- Any...
- Eu também precisava que me escutasse Rebeca. Precisava de alguém que me apoiasse, que me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem. Precisava da sua amizade quando todo mundo virou as costas por não saber da real verdade. Mas você foi só mais uma das pessoas que decidiu não ouvir minha versão.
- Sabe que eu tentei.- sussurrou.
- Tentou? Rebeca, você não tentou. Você nem ao menos me olhava nos olhos enquanto dizia aquelas coisas absurdas. Eu estava na cama de um hospital, sem mover meu pescoço, enquanto ouvia você dizer que eu era um mostro, uma assassina, que era uma pessoa horrível por ter matado aquele garoto, disse com todas as palavras que sentia nojo de mim.
"Não estou louca Rebeca, podia estar com dor, com medo, assustada pelo o que aconteceu, mas não é porque estou vindo em um psicólogo que estou louca."- Não estou dizendo que está louca, estou pedindo para que me escute. Sei que errei, mas eu não podia...
- Você podia Rebeca, você podia fazer tudo naquela hora. Podia ter me escutado, nem que fosse por cinco minutos. Teria ouvido que meu freio estava quebrado, que fiquei com medo de puxar o freio de mão e o carro capotar pelo impacto com a velocidade que eu estava, você teria entendido a minha versão se não tivesse virado a costa e saído daquele maldito quarto!
- Eu estava com o Jerry!- gritou desesperadamente.
- O quê?
Senti um soco no meu estômago com as palavras que ela soltou. Meu corpo pareceu ser leve demais para o vento já que cambaleei para trás.
- Me envolvi com Jerry para que ele terminasse logo com você.- murmurou envergonhada.
- O quê?- me ouvi dizer mais uma vez.
- Você estava comentando que seu relacionamento com ele não estava bom, então quis te ajudar de alguma forma a sair logo dele. Eram tantas brigas entre vocês dois que você começou a perder seu brilho pelo cansaço que estava tendo, achei que ajudaria se ficasse com ele.
- Você fez meu ex me trair.- sussurrei magoada- Acha que estava me livrando traindo nossa amizade que sempre foi mais importante?
- Eu não queria...
- Você dormiu com ele?
- Any...
- Você dormiu com ele.- afirmo pela sua reação.
- Any, podemos ir? Quero passar na sorveteria.- Josh diz aparecendo do meu lado.
- Sim podemos.- digo segurando em seu braço e o puxando para começarmos a andar- E Rebeca, acho que eu deveria te agradecer por ter acabado com a nossa amizade. Pois afinal, você não teria me escutado de qualquer maneira.
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Eu disse que a Rebeca ia dar o que falar, eu disse.
Chocadas?
O Josh continua sendo um amorzinho
Se lembrem que essa história é uma montanha russa de emoções.
Capítulo só terça agora.
Votem e comentem
Até a próxima, Kyara!
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De repente... Você!
FanfictionCorações machucados é isso que eles tem. Almas machucadas é o que enchem os corpos deles. Sentimentos guardados, lágrimas poucas vezes derramadas. Um motivo para o ódio. Todos os motivos para o medo. Sorrisos falsos sendo mostrados para pouca parte...