De repente... Você!

Capítulo 35- Any

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Fico na ponta dos pés pela terceira vez, estico o meu braço o máximo que eu consigo para conseguir alcançar o armário, ou pelo menos a porta dele.

Choramingo no lugar quando somente as pontas dos meus dedos conseguem tocar a porta. Seria muito errado subir na pia?

- Por que ele colocou o chocolate ali?!- murmuro me virando para puxar uma cadeira.

- Era o único lugar livre.- diz quando choco meu corpo no dele.

Fico encarando seu rosto que está com a expressão mais ingênua que já vi ele ter.

- Au!- murmuro mais uma vez.

- A culpa não é minha, acabei de chegar.

Josh somente estica a mão para conseguir abrir o armário ainda parado na minha frente. Abre a porta e tira uma das barras de chocolate.

- Poderia ter avisado que estava atrás de mim. Teria pedido para que pegasse ao invés de ter todo esse sufoco.

Ele ri levantando meu corpo rápido demais para eu tivesse reação. O gelado da pedra da pia ultrapassa minha calça do pijama, parecendo gelar toda a minha perna.

- Existe cadeiras na cozinha onde eu podia estar sentada agora.

- Mas aqui você fica na minha altura.- diz abrindo a embalagem do chocolate.

Seus olhos estão fixos nos meus, não sei por quanto tempo estamos nos olhando assim. Sinto meu estômago gelar quando ele se aproxima, o nervosismo aparecendo na minha mente mais uma vez.

Josh coloca um quadrado da barra em minha boca, mas eu preciso de água, talvez um litro de uma vez seja bom.

- Não fique me olhando assim.- sussurro.

- Só estou esperando o momento certo para te beijar de novo.

Acho que é a quarta vez que eu sinto meu coração parar com essa frase. A décima que o oxigênio não entra nos meus pulmões quando ele me beija. Talvez a vigésima em que meu cérebro desliga.

Estamos assim a mais de duas semanas, cheio de beijos e carinhos. Nós dois temos medo de se entregar, mas percebi que de pouco em pouco, já vamos estar no mesmo buraco totalmente entregues.

Esquecer o passado ainda é uma tarefa difícil, ainda penso demais em possibilidades que podem acontecer quando ele descobrir tudo. E nenhuma foi boa.

- Vai querer continuar assistindo a série hoje?- pergunta encostando sua testa na minha.

Gosto da sensação de ambos estarmos ofegantes, com a respiração desregulada como se tivéssemos corrido uma maratona juntos.

- Não parece ser legal o resto.

- Eles estão encontrando as chaves ainda, agora que vai ser legal. Chaves com poderes.- sussurra.

Fecho meus olhos quando ele abraça minha cintura e beija meu ombro. Me sinto confortável assim, segura de uma forma que não me sentia antes. Seu corpo aquece o meu tão rápido, que parece que eu estava dentro de uma geladeira.

O silêncio que fica no ambiente traz uma paz que não sei explicar. Consigo sentir as batidas do seu coração em meu peito, talvez ele sinta as minhas também.

Às vezes, quero abraçá-lo e pedir para que fiquemos assim até não podermos mais. Quero deitar a cabeça no seu ombro igual acabei de fazer e morar nessa bolha de tranquilidade que criamos.