Mozart tinha em mente alguns planos básicos para sobreviver ao Ensino Médio sozinho.
Eles envolviam se manter distante de qualquer sinal de problemas, tomar o máximo de café possível e nunca parar de olhar as estrelas com os seus olhos bicolores.
...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Não foi difícil perceber de onde vinha a carga de esquisitice de Leo, logo que adentramos na sua casa.
Na verdade, a primeira coisa que me fez perceber que talvez seus pais fossem tão exóticos quanto ele, fora o fusca amarelo estacionado na garagem da residência, repleto de desenhos de flores das mais diversas cores e outras ilustrações feitas à mão.
Havia um telescópio posicionado em um canto do jardim, apontado para os milhares de astros que cintilavam na imensidão errante acima de nós, algumas bonecas espalhadas pela grama e uma cama elástica perto do muro igualmente infestado de pinturas, tal qual o veículo da família.
Em sua superfície, fora esboçado um oceano repleto de barcos de papel tremelicando sobre as ondas que serviam como espelho do céu, embebendo-se de sombras plácidas das estrelas de mentira traçadas por uma mão bastante talentosa, que fizera tudo com uma riqueza tão impressionante de detalhes que, por um momento, me fez sentir em uma daquelas miúdas embarcações pálidas, flutuando no ritmo inconstante da dança das águas azuis-peroladas sob o luar.
- Que lugar bonito... - Deixei escapar.
Leo despejou um riso breve.
- É, sim. Mas minha mãe não anda achando muito, tanto que quer começar uma reforma por aqui. Trocar as telhas, essas coisas.
- Entendi.
- Ah! Meus pais podem parecer um pouco... estranhos à primeira vista, mas eles são bem legais. - o garoto que caminhava ao meu lado assegurou, com mais um dos seus sorrisos ensolarados.
Apesar de ter me avisado, nada poderia me preparar para a cena que avistei na sala após Leonardo abrir a porta.
Uma mulher de madeixas afogueadas idênticas às suas estava dentro de roupas de ginástica, posicionada sobre um tapete no chão com as pernas sendo abertas por um homem cheio de cachos de caracol no topo da cabeça. A testa do senhor de meia idade recepcionou uma gota de suor escorregadia, que trilhou caminho pela têmpora até se dissolver em uma das hastes dos seus óculos em frente às íris cor de folha seca, que se mantinham fixas na moça enquanto ele berrava:
