8: Krakens Imaginários e a Febre-nem-tão-mortal

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Eu estava à beira da morte

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Eu estava à beira da morte.

Tinha começado somente com um espirro nada significativo noite passada, que evoluiu para uma tosse quase tuberculínica durante a madrugada, e, depois, para uma cachoeira de coriza que parecia impossível de cessar. A única solução que achei para não ficar vazando foi enfiar dois bolinhos de algodão em cada narina, em uma tentativa de impedir o escoamento de toda a água do meu corpo pelo nariz, e respirar feito um peixe gigante só pela boca — coisa que evidentemente não deu muito certo e me fez deixar as bolotas felpudas para lá.

Nem sei como consegui levantar da cama pela manhã, na verdade. Era como se dúzias inteiras de bigornas de desenho animado tivessem arrebentado sobre mim. Ou talvez um bando desocupado de meteoros resolveu no meio da noite que seria uma ideia boa para burro se lançarem em tempestade contra a minha atmosfera. Não fazia ideia, mas quase podia escutar as trombetas dos céus prenunciando o meu falecimento iminente, porque, com certeza, não tinha a menor chance de eu sair vivo daquela.

Pensei, em dado momento, que já estava vendo a luz do paraíso, mas era só um raio de sol que se infiltrou no meu quarto pela janela aberta. Porém, era certo que em pouco tempo eu partiria daquela para uma melhor, bateria as botas, ficaria mortinho-da-Silva...

— Eu vou morrer, Cal. — Dramatizei para o gato em questão, que não saía do meu lado por entre os lençóis de jeito nenhum, como se quisesse verificar se eu ficaria melhor ou de fato o meu próximo endereço iria ser a sete palmos debaixo da terra. — Vou deixar todas as minhas coleções para você. Até aquela dos botões coloridos que você vive tentando alcançar... — As palavras saíram grogues, bêbadas de sonolência.

Meus olhos pareciam imersos em um caldeirão fervente, e o frio quebrava contra meus músculos molengos em forma de fios de gelo invisíveis que pareciam se enredar até o fundo dos meus ossos. Era a doença se espalhando lentamente por todo o meu sistema; dava para sentir.

Calisto me lançou um olhar entediado, como se quisesse rolar suas orbes, se isso fosse possível a um felino.

Então, meu celular começou a vibrar na cômoda ao lado, alertando uma ligação. Com um resmungo, estiquei o braço coberto pelo meu moletom cinza para fora do lençol que me envolvia em um casulo muitíssimo confortável e capturei o aparelho, levando-o ao ouvido após atender.

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