17: Bioluminescência

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Tinha alguma coisa que me fascinava sobre sentir que podia tocar o céu desde pequeno, quando dizia querer descobrir como engarrafar estrelas, na época em que achava que dava para prendê-la em potes de vidro por parecerem tão pequenas vistas daqui ...

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Tinha alguma coisa que me fascinava sobre sentir que podia tocar o céu desde pequeno, quando dizia querer descobrir como engarrafar estrelas, na época em que achava que dava para prendê-la em potes de vidro por parecerem tão pequenas vistas daqui de baixo.

No final das contas, tive que me contentar com um amontoado de adesivos artificiais que as imitavam no teto do meu quarto. Não faziam isso tão bem com todas aquelas cinco pontas enormes, mas eram bonitas de se olhar, com seu brilho néon quase hipnótico rodopiando diante das minhas pupilas no meio de todas as noites insones.

Era o que eu estava fazendo na quinta, três dias após a visita ao meu paraíso particular de cogumelos e outras coisas fantásticas — que não serviu de nada, considerando que decidi jogar tudo fora para não correr o risco de mais uma crise alérgica.

Não conseguia parar de pensar quase em nenhum momento de todas aquelas horas que eu tinha passado a maior vergonha da minha vida na presença de Mozart. A mera lembrança disso fazia meu rosto ferver e minha consciência virar um receptáculo para questionamentos que eu não fazia a menor ideia da resposta — a maior parte deles tendo a ver com a minha incerteza se iria continuar querendo ser meu amigo.

Suas atitudes não eram muito claras quanto a isso, considerando que não conversamos muito durante as manhãs no colégio, muito menos por mensagens. Sempre que mandava alguma para ele — quase em todos os casos algum meme idiota ou vídeos de animais fofos —, o garoto respondia com uma casualidade que me deixava em dúvida se estava forçando educação ou de fato não se importara com o que aconteceu naquela tarde.

Era tão... estranho, quase como se estivesse com medo de mim. Em alguns momentos, quando tentava me aproximar dele pelos corredores da escola, inventava alguma desculpa qualquer e se afastava tão rápido que parecia ter visto alguém com peste bubônica circulando pelos arredores, ou um esqueleto meio apodrecido que conseguiu fugir do seu túmulo e começou a perambular todo torto por aí.

Detestava não ter certeza sobre alguma coisa, porque me deixava mais inquieto do que o normal, de um jeito que poucas coisas conseguiam fazer cessar a cacofonia de pensamentos voláteis que se arrastavam feito cobras de vidro cortante por entre os meus neurônios.

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