23: Casca de Noz

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Shakespeare escreve em Hamlet, por volta do Ato 2, que poderia viver em uma casca de noz e se considerar rei do infinito

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Shakespeare escreve em Hamlet, por volta do Ato 2, que poderia viver em uma casca de noz e se considerar rei do infinito.

É particularmente um trecho que admite a interpretação sobre a capacidade que muitos possuem de achar que conhecem muito sobre os enigmas da vida, mas, na maior parte dos casos, têm ciência de muito pouco além do que reside entre as paredes ocas da bolha que os circunda.

Eu era capaz de formular outras dezenas de possíveis análises filosóficas, cosmológicas, sociológicas e sabe-se-lá-mais-o-quê para tudo isso. No entanto, naquela manhã de sábado, a citação significava algo um pouco mais único na minha cabeça. Porque, enquanto deslizava pelas ruas infinitas sobre o skate pouco me importando com o fato de já serem quase dez horas, sabia que eu não passava de uma noz; porém, imerso no pensamento constante de que Leo gostava de mim tanto quanto eu o adorava, sentia-me como se fosse o dono de todas as realidades possíveis.

Era bom para cacete. Dava para inventar um milhão de estrelas ao me deparar com as supernovas que se diluíam naquelas íris cor de infinito marítimo — se o mar tivesse cor de café e uma coleção particular de alguma espécie desconhecida de água-viva cintilante.

Meu coração apertou um pouco. Como era possível que eu já estivesse com saudade dele se seus lábios estavam contra os meus há menos de trinta minutos?

Não dava para entender. E eu estava disposto a não tentar fazê-lo tanto.

Parei por um instante em frente à calçada da minha casa, esfregando as bochechas para tentar despistar aqueles pensamentos. Não era uma hora boa para eles, considerando que deveria estar prestes a receber, no mínimo, uma advertência da minha mãe por estar chegando tão tarde, se ela não tivesse saído para fazer compras ou qualquer coisa do gênero.

Da primeira vez que dormi com o Leo, tive a sorte de poder contar com o seu trabalho que a tirava da residência cedo e não ter sido pego. Mas daquela vez, não dava para considerar esse fator.

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