13: Bolhas

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As bolhas estavam por toda parte, tingindo o ar com seu amontoado de cores translúcidas que ferviam debaixo dos tentáculos de sol embebidos em ouro líquido do meio da tarde, que escorriam sem pudor pelo vidro aberto da janela do meu quarto

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As bolhas estavam por toda parte, tingindo o ar com seu amontoado de cores translúcidas que ferviam debaixo dos tentáculos de sol embebidos em ouro líquido do meio da tarde, que escorriam sem pudor pelo vidro aberto da janela do meu quarto.

Anne gargalhou quando seu sopro fez mais uma dezena delas escapar do objeto plástico com dois círculos em uma das suas mãos pequenas; a outra apertando firmemente o frasco cor de morango cheio quase até a tampa do líquido-fazedor-de-bolhas.

Sua risada empolgada vibrou nos meus tímpanos, desencadeando um efeito dominó de pontadas ásperas no meu crânio dolorido, como se uma coleção inteira de besouros estivessem mordendo meus miolos. Finquei os dentes com força na ponta do lápis que estava insistindo em girar por entre o indicador e o médio há horas, enquanto minhas íris se mantinham fixas nas duas frases meio tortas que dançavam na folha do meu caderno, escorregando nas linhas como se fossem ondas bagunçadas do mar.

Meus pensamentos se tingem de cores que sequer existem quando pairam até você, M.

Aquilo estava uma porcaria. Qual é. Eu já fora muito melhor nessa joça de escrever.

— Para onde as bolhas vão quando estouram, Leo? — O timbre inocente de Anne voltou a chacoalhar na minha mente, em uma altura que soou como um coral de pássaros se agitando em cada um dos meus neurônios em brasa que fumegavam sob a dura-máter.

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