Mozart tinha em mente alguns planos básicos para sobreviver ao Ensino Médio sozinho.
Eles envolviam se manter distante de qualquer sinal de problemas, tomar o máximo de café possível e nunca parar de olhar as estrelas com os seus olhos bicolores.
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Claro que eu sabia o quanto Leo poderia ser insistente. Porém, é provável que em nenhum outro momento ele tenha sido tão insuportável como naquela tarde.
Descobri que a cesta que trouxera era para abrigar materiais naturais que usaria para deixar o terrário do Donatello mais bonito, e que o seu plano desde o início era me convencer a ir com ele onde sempre catava esse tipo de coisa.
- Qual é, o dia tá bem bonito para sair. - Foi um dos seus argumentos, enquanto me puxava pela cintura ao longo da sala na esperança que eu fosse logo tomar banho.
Resmungando, agarrei o braço do sofá, zero-por-cento disposto a me enfiar debaixo do chuveiro para sair de casa com todo aquele sol fumegante que incidia sobre a cidade, apesar de saber que, no final das contas, seria exatamente o que faria.
- Tá quente demais lá fora! - afirmei, pressionando o estofado com força, e seus braços ao redor do meu corpo tentaram me impelir na direção contrária, a pele morna escorregando sobre a minha.
- Eu juro que vai ser incrível! - tentou novamente.
- E o que por acaso eu ganharia em troca? - Apertei mais a textura marrom por entre meus dedos, como se estivesse diante de um fantástico bote salva-vidas.
- Minha eterna gratidão?
- Gratidão não enche a minha barriga.
Ele soprou um riso.
- Chocolate? - sugeriu, descontraído.
Ótima oferta. Era impossível de recusar.
Soltei o sofá, e seu toque afrouxou em volta de mim. Virei-me para fitar seu olhar divertido, e ele ajustou rapidamente os óculos no topo do nariz.
- Eu teria ido de qualquer jeito. - Ergui a sobrancelha, abrindo um sorriso torto.
- Você me enganou para conseguir lanche, seu... - A palavra sumiu ao pressionar os lábios com ligeira indignação. Entretanto, suas íris ainda faiscavam com o brilho do gracejo.
