15: O Azul, Nós e os Alienígenas de Colher

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Meus dedos trilhavam caminho ao longo da tela, despejando todos os fragmentos de tinta e sentimentos que escorriam das minhas veias rumo ao pincel que se punha a colorir os últimos contornos de algo que nem eu sabia exatamente o que era

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Meus dedos trilhavam caminho ao longo da tela, despejando todos os fragmentos de tinta e sentimentos que escorriam das minhas veias rumo ao pincel que se punha a colorir os últimos contornos de algo que nem eu sabia exatamente o que era.

Só tinha certeza, após passar a noite quase toda em claro, que precisava me desfazer.

Fiz um esforço tão grande para prestar atenção nas aulas durante a manhã que sucedeu a tarde no farol que, quando a sineta tilintou anunciando a hora da saída, sentia meu cérebro borbulhar como se meu crânio abarcasse uma sopa fumegante de miolos.

Estava me sentindo biruta, com pelo menos cinco mil parafusos soltos na cabeça. Era a única explicação possível para o fato de não conseguir deixar de pensar naquele par de olhos escuros, em todos aqueles cachos coloridos incríveis, no que li no seu caderno, e... nele. Na sua existência.

Cada vez mais, o impulso de bater com a testa na parede uma centena de vezes soava mais difícil de conter. Talvez ajudasse a organizar os meus pensamentos; claro, se não desencadeasse um traumatismo-mortal-incurável primeiro.

Decidido a me distrair daquele labirinto mental onde todos os inúmeros caminhos que eu pegava acabavam me levando à Leo, capturei um dos meus quadros grandes refugiados no fundo do guarda-roupas, e comecei a criar feito um lunático.

Quando todo o espaço pálido da tela se findou, joguei minha camisa para longe e comecei a usar minha pele como quadro, traçando rotas imaginárias nos contornos da epiderme com o escorregar das cerdas ásperas, deixando-as ondularem espirais de galáxias inventadas que rodopiavam em cores caleiscópicas nas quais minha mente havia se perdido.

Era intrigante pensar que as cores só existiam para que víssemos por causa da luz. Se o sol se apagasse no meio do espaço feito a chama de uma vela diante de um assopro cósmico e o mundo fosse dominado pela penumbra fria, nele não haveria nada além de formas sem nitidez que nunca poderiam revelar toda a sua beleza.

Talvez esse seja o principal motivo dos sóis serem tão importantes; eles reluzem o belo que somos incapazes de vermos sozinhos.

O sol. Ele, que se infiltrava sem qualquer permissão por entre as metades esvoaçantes da minha cortina, incidindo no meu tórax embebido de tons e inflamando um pouco mais meus poros.

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