4: Sobre Big's e Bang's

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Se o Bairro das Petúnias fosse uma pessoa, certamente seria um senhor muitíssimo velho, com óculos de fundo de garrafa e combinações de roupas repletas de cores e estampas mirabolantes

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Se o Bairro das Petúnias fosse uma pessoa, certamente seria um senhor muitíssimo velho, com óculos de fundo de garrafa e combinações de roupas repletas de cores e estampas mirabolantes.

Era esse o estilo cravado em quase todas as suas casas, com paredes embebidas em uma miscelânea de tons de tinta vibrante, onde, na sua maioria, moravam pessoas de muita idade que adoravam passar seus inícios de manhã e finais de tarde em cadeiras de balanço em frente à porta.

Morar em um lugar permeado de idosos possuía inúmeras vantagens, sendo o silêncio a principal delas. Este só era cortado, por vezes, pelo ecoar das notas distantes de algum clássico efervescente da música, como Tim Maia, Bossa Nova e Elvis Presley.

Encolhi-me sob meu moletom com estampa do Jurassic Park logo que saí pelo portão, pressionando o skate debaixo do braço, e sorvi o cheiro refrescante do orvalho verde naquele início de segunda-feira. Alguns fios de cabelo escorregaram rumo às maçãs do meu rosto no embalo do vento, carimbando a textura macia da cortina de fios na minha pele.

Acenei para a dona Elisa, que morava duas casas além da minha, e deixei o skate descansar sobre o asfalto. Ela sorriu e balançou a mão enrugada de volta, seu gato roçando a maciez dos pelos na ponta dos seus pés suspensos na cadeira de fibras, em um ronronar preguiçoso que parecia pedir algo indistinguível.

Fitando o céu enquanto me impulsionava ao longo das ruas à caminho do colégio, eu vagava por pensamentos que rodopiavam acerca da origem de tudo o que meus olhos conseguiam captar.

Era quase inacreditável saber que bastou um encontro de miúdas partículas para o espaço assistir com seus grandes olhos de luneta cósmica o surgimento do universo.

Eu queria ter presenciado. Se a máquina do tempo fosse inventada enquanto meu coração batesse — coisa que achava mais difícil do que abrir a geladeira e encontrar um ovo de dinossauro lá dentro —, meu pedido não seria voltar aos anos noventa para ir a um show do Renato Russo, ou ao Renascimento para, quem sabe, conhecer Shakespeare, Michelangelo e outros ícones que foram eternizados. Provavelmente, escolheria regredir até o dia do big-bang — embora ainda não existisse exatamente o conceito de dia naquela época.

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