Capítulo 15

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Durante minutos não vi o tempo passar, tudo em minha volta não fazia a menor diferença, eu estava quebrada, destruída, completamente sozinha

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Durante minutos não vi o tempo passar, tudo em minha volta não fazia a menor diferença, eu estava quebrada, destruída, completamente sozinha. Às vezes não entendo porque minha vida tem que ser assim, uma completa ruína. Primeiro foi o amor de mãe que me foi negado desde meu nascimento, depois a morte de pai, como sinto falta dele, de meu herói, então veio minha mãe com mais uma facada em meu coração, naquele dia ela só não destruiu todo o amor que eu sentia por ela mesmo não merecendo, como minha alma, e por fim os anos no convento vivendo com pessoas medíocres, até encontrar o monstro, Aleksander.

Um monstro, é isso que ele é. Como uma pessoa pode fazer mal a outra sem sentir remorso, compaixão? Ferir o outro em busca de prazer. Ele alimenta a pior coisa que há dentro dele com a dor do outro, a minha dor. As lágrimas, os gritos e até mesmo as agressões são prazerosas para aquele monstro.

Pergunto-me se Aleksander já amou ou amará alguém algum dia, seu coração é podre, ele existe, mas e preto como uma noite chuvosa cheia de trovões causando medo em todos. Ele nunca conseguirá amar alguém, ou talvez algum dia ele possa amar alguém, mas esse amor iria destruir a outra pessoa, pois será um amor doentio, possessivo. Espero que esse monstro nunca me ame, eu não aguentaria viver com isso.

O amor pode te salvar, mas na maioria das vezes ele te destrói de uma forma tão avassaladora que nem mesmo o tempo é capaz de te devolver a paz.

Se um dia Aleksander amar, não será de uma forma boa, estou ao seu lado a pouco menos de três dias, mas vi sua pior faceta. O monstro que habita dentro dele.

Fecho meus olhos esquecendo todos meus pensamentos ruins, deixo minha mente fluir apenas nas lembranças boas que tenho, são poucas, mas de alguma forma me trazem um conforto perfeito. Lembro-me das vezes que papai me levava ao parque depois da escola ou nos finais de semana, como era divertido tomar sorvete de pistache com cobertura de chocolate ao seu lado entre brincadeiras.

Recordo-me das vezes que íamos almoçar em um restaurante italiano aos domingos, no centro da cidade. Eu sujava toda minha boca com o molho do macarrão que comíamos entre risadas, papai achava graça de tudo, ele ria sem parar das minhas gracinhas. Uma vez ele me prometeu que me levaria à Itália, que seria uma viagem inesquecível, ele amava a cultura italiano, e passou isso para mim. Infelizmente nunca poderei conhecer o país ou tê-lo ao meu lado para realizar esse sonho.

Um sorriso pequeno tomou conta dos meus lábios ao lembrar do dia que falei com papai sobre a vontade de pintar, na época eu tinha dez anos, estava descobrindo coisas novas, uma nova paixão.

— Papai, quero te pedir uma coisa. — Nós estávamos almoçando entre risadas em mais um domingo no restaurante italiano, sem minha mãe, ela nunca veio, ela nunca quis, mesmo com a insistência de meu pai e minha.

— Diga minha pequena, Mel. — Ele parou de comer olhando para mim.

— Eu queria uma tela, tintas e pincéis.

Senhor LancasterOnde histórias criam vida. Descubra agora