Senhor Lancaster

Capítulo 19

Minhas pálpebras estão muito pesadas, é como se algo estivesse em cima delas para impedir a abertura dos meus olhos, dói um pouco, mas nada que eu não possa suportar. Com muito esforço consegui abrir meus olhos depois de várias tentativas falhas, eu já estava ficando frustrada. Com meus olhos abertos vários pontinhos pretos atrapalham minha visão completa, pisquei várias vezes até que eles foram sumindo lentamente.

Sinto uma leve dor em meu braço direito, um incômodo na dobra do braço, na parte oposta do meu cotovelo que me faz ranger de agonia. Meu corpo estava dolorido o bastante para me fazer esquecer das coisas terríveis que vivi a pouco tempo atrás.

- Ele me causa tanto medo Senhor. - Uma voz calma de um homem me tira dos meus pensamentos. Não esbocei nenhuma reação, fecho meus olhos rapidamente e finjo que estou dormindo.

- Será que ele vai me matar um dia? Pelo que os outros homens dizem ele não tem muita paciência com ninguém e para matar qualquer pessoa não pensar duas vezes. - Não é preciso ser nenhuma adivinha para saber que esse homem está falando de Alek.

- Ele falou que não queria nenhum homem aqui, mas eu preciso tirar o soro dessa pobre moça. Ela já recebeu uma dosagem suficiente para seu corpo, e se eu deixar esse bendito soro por mais tempo, ele ao invés de a ajudar irá piorar seu estado. - Então isso que tanto me incomoda, um soro entrando por minhas veias.

- Deus, eu estou falando com o senhor, será que pode me responder. - Ele parecia bastante frustrado. - Tudo bem que tenho pecado muito ultimamente, desejando algumas prostitutas e alguns soldados do Senhor Lancaster, mas eu peço perdão Senhor. Mas o senhor também tem que me entender, aqueles homens sarados tomando banho com o sabão escorrendo pelos seus corpos, os gominhos no abdômen daqueles homens não são normais, penso que daria para lavar muitas roupas, não tem quem que resista meu pai! - Estou abismada com suas palavras. Ele dá um longo suspiro é contínuo - É aquelas mulheres! Ontem eu fui em um prostíbulo, digo "boate", essa palavra e feia, perdão senhor. Na boate observei uma mulher, ela dançava rebolando em cima de uma poltrona, por um momento eu desejei que meu...

- Por favor pare! - Suas palavras sujas estavam me causando coisas estranhas que não consigo descrever o que é. Mas eu queria que ele parasse de falar tanta coisa suja.

- Jesus Cristo! - Observei o homem que estava aos pés da minha maca com as mãos juntas na altura do peito, como em uma oração. Ele estava com os olhos arregalados olhando para mim com um espanto terrível. Será que ele acreditou que eu estava morrendo? Pois, pela forma que ele está me olhando parece que acabei de ressuscitar.

- É... Me desculpe te importunar com minhas lamúrias, senhorita. - Ele recompôs sua postura aderindo uma muito séria.

- Ok. - Virei a cabeça para o lado olhando para um jarro de flores que estava ali sem querer dar atenção para ele.

- Não sei se a senhorita me ouviu, mas eu estava perguntando para Deus se eu deveria ou não tirar seu soro, mas já que está lúcida, eu posso?

- Não.