capítulo 23

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Harry pov.

Lá fora, Harry parou, tentando ouvir na escuridão e no silêncio da noite. Nada.

Mas, conforme sua audição se acostumava, pôde constatar o que mais temia: o motor de um carro que se afastava, já muito distante.

Murmuruou um palavrão e, voltando para dentro da cabana, pegou as chaves do automóvel e tornou a sair. Ignorou os pedidos de Louis para que o levasse consigo, muito embora imaginasse como devia estar desesperado.

Sentia-se culpado. Afinal, fora por sua culpa, pelos desejos de seu corpo, que Ben estava em perigo, agora. E só Deus sabia o que o seqüestrador faria quando descobrisse que raptara o menino errado.

Seguia a uma velocidade arriscada para a estrada tortuosa, mas queria alcançar o seqüestrador antes que ele tomasse a estrada principal, pois, se o fizesse, não saberia que direção seguir.

Louis jamais o perdoaria se alguma coisa acontecesse a seu filho. Ben era a vida dele.

Chegou à junção das estradas e parou de repente. Nem havia sinal de outro veículo. Deveria seguir para a direita ou à esquerda? Tentou apurar os ouvidos de novo, mas havia tráfego na estrada. Arriscou seguir pela esquerda, mas, depois de alguns quilômetros, percebeu estava procurando por uma agulha num palheiro. Não sabia sequer que tipo de veículo perseguia...

Quando retornou ao chalé, encontrou Louis num estado lastimável. Louis se lançou sobre ele quando o viu sair do carro, transtornado.

-Lamento- Harry murmurou, abraçando-o.-Fiz o que pude, mas... Agora está nas mãos da polícia.

Louis pov.

As lágrimas que ele contivera com tanta coragem diante de Nikos passaram a deslizar por suas faces.

Estivera tão envolto em paixão com Harry que nenhum dos dois ouvirá nada! Era óbvio que o seqüestrador, ou seqüestradores, observavam a cabana. Talvez tivessem estado durante dias, todo o tempo que ficaram nas montanhas. Aguardaram o momento mais apropriado, a oportunidade ideal. E ela chegou.

Talvez, até, tivessem visto oab beijos que Harry lhe dera. Deviam saber que os dois estavam tão envolvidos que não ouviriam nada.

-Oh, meu Deus, Harry! - Louis soluçou. -Se alguma coisa acontecer a Ben, eu me mato!

-Não diga bobagem! Nada acontecerá ao menino. Quando virem que pegaram o garoto errado, vão solta-lo, você vai ver.

-Talvez não - ponderou, assustado. -Pode ser que resolvam se livrar dele. Podem fazer qualquer coisa! - as piores possibilidades passavam por sua mente febril.

-Sem dúvida exigirão dinheiro, como fariam se estivessem com Nikos. É tudo o que querem, Louis: dinheiro. Sei como essa gente age.

-Como pode saber? - ele passava as mãos pelos olhos, mas nada adiantava, porque o pranto continuava, implacável.

-Acredite, eu sei como é. Esse tipo sempre assim. A polícia logo virá aqui, e depois seguiremos de volta à mansão.

-Você...disse que estaríamos a salvo neste lugar...

-Imaginei que sim. Sinto tanto, Louis! - mais uma vez ele o abraçou, carinhoso. -Farei qualquer coisa para garantir que Ben retorne a salvo.

Louis não sabia com reagiria se alguma coisa acontecesse com Ben. Sem dúvida não sobreviveria, Ben era tudo para ele, seu mundo.

Harry pov.

Pagaria qualquer resgate. Era o mínimo que poderia fazer em tais circunstâncias. Louis estava em seus braços, fragilizado, angustiado. O calor de sua corpos consolava-os.

-Não seria melhor ficarmos aqui? - Louis indagou, quase sem voz. -Se... Se forem devolver Ben, não seria aqui o melhor lugar para fazê-lo? E se mandarem um bilhete pedindo resgate...será para cá, também.

-Espero que sim, mas acho que não seria bom para você ficar aqui. Haverá vigilância ininterrupta, não se preocupe.

Louis pov.

As horas que se seguiram foram de pura angústia. Foi embaraçoso explicar nos policiais o que estavam fazendo quando raptaram Ben, muito embora os rostos dos homens da lei tivessem permanecido impassiveis. Garantiram, então, vigilância no chalé, e depois fizeram uma verificação geral nela.

Louis ainda chorava quando retornaram à mansão da sra. Styles. Anne, avisada com antecedência sobre o que acontecera, foi de extrema gentileza. Não havia mais a dureza, a distância e o nojo que demonstrara antes para com Louis. E chegou, mesmo, a abraça-lo, como se Louis fosse alguém muito especial.

-Meu filho me contou tudo - disse, carinhosa. -Lamento tanto por isso acontecido a você em meu país! Espero que Ben retorne em breve. E, enquanto esperamos, não se preocupe. Está sendo feito todo o possível.

Louis apenas assentiu, sem forças para falar.

-Acho que deve descansar um pouco agora - Anne sugeriu. -Tente dormir. Se sentirá melhor quando acordar.

-Não consiguirei. Não até que meu filho esteja de volta.

-Então, meu filho, pelo menos deite-se um pouco. Harry vai acompanha-lo até seu quarto.

Nikos já se encontrava em seus aposentos e, com certa relutância, Louis aceitou recolher-se aos seus.

Harry sentou-se a seu lado, na cama, e acariciou-lhe os cabelos.

-Quando tudo terminar, cuidarei de compensar toda a dor pela qual está passando.

-Quando isto terminar, você não me verá mais - Louis rebateu, ignorando a expressão de surpresa de Harry.

Louis já decidira retornar a Londres e encontrar um novo emprego. Viver com Harry era perigoso demais. Tanto pela segurança de Ben quanto por sua própria paz de espírito, precisava ficar longe daquele homem.

-Se eu não tivesse me deixado manipular por você, isto nunca teria acontecido, Harry. Não devia ter aceitado o cargo de babá.

-Não diga isso, Louis. A culpa foi toda minha. Praticamente o ameacei de perder o emprego se não fizesse o que eu queria. Sei que foi cruel de minha parte, mas o queria como babá de Nikos. Nunca pude imaginar que algo semelhante pudesse acontecer.

Queria tanto proteger Nikos, e agora você está assim... A responsabilidade é toda minha.

-Nós dois somos culpados.

-Como poderíamos imaginar que esse seqüestrador tivesse a audácia de entrar na cabana quando estávamos todos lá dentro?!

-Deixamos a porta aberta.

Harry assentiu, sentindo-se miserável.

-Estávamos envolvidos demais um com o outro.

Seduçao nas montanhas (larry stylinson)hiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora