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Bárbara narrando

Eu estava totalmente feliz por ter realizado meu estudo fora, e também por estar de volta ao Brasil.

Cinco anos se passaram voando, ainda tô processando o fato de estar de volta ao morro. Até fiquei pensando se quando eu voltasse iria me sentir estranha e essas coisas, mas cinco anos comparado a uma infância toda não é nada.

Finalmente vou ver o meu irmão e os meus amigos. Moro com o Arthur, ou melhor Crusher desde que os nossos pais faleceram, meu pai era sub e morreu em uma invasão e minha mãe por um câncer na mama.

Com o passar do tempo eu e Arthur aprendemos a conviver sozinhos, sem a ajuda de ninguém. A gente bate de frente sem medo nenhum.

Carolina: Amiga! — deu um gritinho, vindo em minha em minha direção para me abraçar. — Que saudade tava, veio pra ficar né?!

Bárbara: Ala, não me mandava nem mensagem quando eu tava fora, falsa que dói. — dou um beijo na bochecha dela.

Carolina: Cala a boca, Bárbara.

Eu ri, fechando a porta e arrastando a minha mala pra perto do sofá. Logo vejo o Arthur descendo junto com o Gabriel e a Larissa.

Bárbara: Arthur! — pulo nele, o dando beijinhos no rosto.

Crusher: Que saudade mana! — me dá um abraço bem apertado.

Eu cumprimento Gabriel e Larisa, nos sentamos no sofá e eu fiquei contando pra eles como foi a viagem, como era o lugar e tudo mais.

Larissa: Vai voltar ainda? Diz que não.

Bárbara: Depende, Lara. Não tô podendo recusar não viu.

Carolina: Só vive pra estudo e agora vai viver pra trabalho. Quando você morrer não vai levar nada disse não tá?

Bárbara: É, mas por enquanto eu tô vivíssima. Mas por agora vou fazer tudo aqui mesmo, vai demorar um pouco pra voltar! E dá próxima quem sabe eu levo você, né?!

Carolina: Quero viu! Pegar os aqueles gringos, tudo de bom!

Os meninos foram embora e eu fiquei com o Arthur, conversando até, matando a saudade.

Logo depois eu subi pro meu quarto, algum dos alecrins limparam tudo, trocaram até a roupa de cama. Deitei e comecei a falar com a Carol por ligação, até que a nossa ligação é interrompida por outra.

Era número desconhecido, eu não costumava atender, mas esse eu entendi.

Ligação On >

– Como vai ficar o proceder, irmão? Preciso sair dessa porra logo, eai?

Bárbara: An?

– Tem como tu passar a porra desse celular pro Bruno?

Bárbara: Não tem ninguém como esse nome aqui, quem é você?

– Qual é o teu nome? Roubou esse celular foi?

Bárbara: Eu vou desligar.

– Desliga não mina, eu gostei da tua voz. Faz visita íntima? Eu pago bem, qual a cor da sua calcinha?

Ligação Off >

Olhei nervosa e com vontade de rir, após desligar na cara no homem, voltei pra ligação com a Carol.

Carolina: Era quem?

Bárbara: Era um homem. Ele perguntou a cor da minha calcinha, Carolina. — falei sentindo vontade de rir.

Carolina: É o que menina?! — riu. — E tu falou é?

Bárbara: Me respeita garota. Acho que foi número errado, ele tava procurando um tal de Bruno.

Ela riu, voltando ao assunto que estávamos conversando. Tinha que contar tudo sobre a viagem, e ela me contar sobre as novidades do morro.

Victor narrando

Tava no meu banho de sol pensando em várias parada, principalmente no meu morro, foda saber que os outros estão fazendo oque eu devia estar fazendo. Tô caído a dois meses, e tá sendo foda.

Tudo me atormenta, mas oque mais mais martela a minha cabeça é saber que a minha filha deve perguntar todos os dias quando eu voltar.

Amanda tem nove anos, não foi um bagulho planejado, foi proeza minha e da Melissa e deu nisso. Mas é filha minha e eu não deixo largada de jeito nenhum.

Eu nunca gostei de criança, papo dez. Mas eu nunca pedi pra mãe dela tirar, só deixei fluir. Fiz até teste, mas nem precisou de muita coisa, a cria é a minha cara.

Faltava pouco pra eu fugir daqui. Da última vez eu fiquei duas semanas, e depois vazei. E como os verme sabe dos meus corre, me mandaram pra um presídio bem pior, que não é fácil de fugir.

Visita é uma a cada mês, a única pessoa que vem é minha mãe. Tenho mais um irmão e um amigo nessa caminhada do tráfico comigo, mas no dia do esquema, eles foram mais espertos que eu.

Me levaram pra cela, e dessa vez eu tava sozinho. Sentado naquela cama e olhando pro teto.

Junto comigo tinha mais três, mas não tinha nenhum ali no momento. Alguns daqui trabalham, pra diminuir a pena. Eu não aceitei ir trabalhar, mas a mente ficava a milhão, pelo menos trabalhando tu tinha uma distração.

Dentro dessa cela é capaz de nego ficar maluco.

Ligação On >

Coringa: Tu mãe não te ensinou a ter educação? Porra, desligou na minha cara.

– É sério que você ainda insiste? Olha... Você tá preso e já passou pela sua cabeça que você não pode confiar em alguém que nunca viu?

Coringa: Eu tô preso mas não esquecido. E já passou pela tua cabeça que eu posso fazer oque quiser contigo?

– Por que ligou de novo? Eu poderia não ter atendido.

Coringa: Mas antendeu, qual é o teu nome?

– Bárbara, e o seu?

Coringa: Me chama de Coringa, geral me conhece assim. Mas eai, como fica a visita íntima? — ouvi a risada debochada dela.

Bárbara: Olha, eu já estou totalmente errada, só de estar dando papo pra um bandido, ou sei lá... um assassino. — eu ri. — E você ainda acha que eu vou fazer visita íntima, pra um homem que eu nem conheço?!

Coringa: Quero a qualidade do produto, é loira ou morena?

Bárbara: Tchau.

Coringa: Eu ligo depois.

Bárbara: Eu não vou atender.

Ligação Off >

Dei risada junto comigo, lembrando da voz bonita pra caralho que ela tem.

─✧ Continua.

lealOnde histórias criam vida. Descubra agora