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(...) 2 meses.

Bárbara narrando

Me recuperei faz tempo já, até hoje não me conformo que levei um tiro. Mas a cicatriz não ficou grande, passei vários remédios que deram certo.

Mas essas parada de mexer com arma me deixa esquisita, tipo, cê tá matando uma pessoa, VOCÊ. Eu poderia ser presa, todo mundo dessa favela pode, como já foram né.

Eu fico com a consciência pesadíssima, independente da pessoa.

Mas enfim, agora tá tudo bem. Eu e Victor estamos bem, mas sabe né, não conseguimos ficar sem brigar. Mas a gente tenta, a gente se ama de um jeito louco, saca?

A qualquer momento o Arthur e a Lara vão aparecer comprometidos aqui, escrevam. O Gabriel e a Carol naquele cu doce do caralho, eles se afastaram porque a sonsa da Carol disse pra ele que não queria se prender a ninguém e mimimi, aí ele cansou e os dois discutiram.

Mas sabe como é, daqui a pouco já tão aí de novo, se comendo.

Carolina: Por que tudo dá errado pra mim? Quer merda, não quero mais viver. — reclamou, se jogando no sofá.

Bárbara: O que foi, dessa vez?

Carolina: Eu fui falar com o Gabriel, talvez porque eu sinto um pouquinho de falta dele. Mas ele nem quis olha ela minha cara, e muito menos me deixou explicar.

Bárbara: Você tem que parar de ser grossa com as pessoas, ainda vai te fazer perder muita coisa.. — falei, limpando o borrado da minha unha.

Carolina: Você sabe que eu sempre fui assim! Sempre que eu demonstrava carinho, tomava no cu.

Bárbara: Você não tá errada, mas se ele realmente te conhece, ele sabe esse teu lado, e vai te entender. Mas eu também não julgo ele, Carol. Quantas vezes você já precisou dele, e ele tava aqui?

Carolina: Mas se ele não quer resolver, aí complica, pô.

Bárbara: Espera um pouco, deixa ele pensar, sei lá. Uma hora ele vai ter que falar com você, aí tu explica tudo.

Carolina: Vou pro meu quarto, tomar sorvete e assistir pessoas caindo. — falou cansada, e se levantou.

Bárbara: Você é ridícula, Carolina! — eu ri, terminando de pintar a minha unha.

A Carol vivia aqui, já tava praticamente morando aqui.

Depois que ela pegou o sorvete e entrou pro quarto, eu peguei meu celular e fui mandar mensagem pro Bak, porque uma boa amiga faz assim.

Whatsapp On >

Bárbara: Eai, nego. Carol precisa falar contigo, e nem adianta dizer que tá com raiva e que não quer, porque eu sei que você quer! Você só precisa vir aqui e escutar oque ela tem pra dizer, depois você mesmo tira suas próprias conclusões.

Whatsapp Off >

A mensagem tinha sido entregue no celular dele, mas ele não tinha visto, porque devia estar trabalhando.

Guardei as coisas de unha na bolsa, esperei minha unha secar pra depois tomar banho, e quando sai dei de cara com o Coringa deitado na minha cama.

Coringa: Hoje tem churrasco na casa de um parceiro meu. De oito horas começa, e tu vai comigo, beleza?

Bárbara: Você tá me convidando ou dando ordens? — perguntei, debochando da cara dele.

Coringa: Tu entendeu de qualquer forma, né amor?

Bárbara: Me chama de amor, de novo! — sorri pra ele, que segurou na minha cintura, me beijando.

Coringa: Para se ser emocionada, amor.

Bárbara: Otário! — ri, batendo no ombro dele. — Você podia ser assim sempre, né? Carinhoso.

Coringa: Eu não gosto de ficar falando essas parada toda hora, mas as minhas atitudes já dizem tudo, pode pá?

Bárbara: Você sabe que dia é amanhã?

Coringa: Terça né, pô.

Bárbara: Não fala mais comigo, Victor. — falei bolada, e ele riu beijando meu pescoço. — É sério isso? Você é falso.

Coringa: Eu tô brincando, chata. Dois meses que eu perdi a minha postura de bandido mal. — eu ri, batendo no peito dele.

Depois de um tempinho eu comecei a me arrumar, Coringa foi pra casa dele se arrumar, mas depois voltou pra me buscar.

...

Observei o Bak e a Carol conversarem do outro lado, e parecia que dessa vez eles iam se resolver.

Levei meu copo até a boca, olhando o movimento, que era muito. E os meus olhos pararam em uma morena que parou do lado do Coringa, essa menina me odeia, ela tem alguma coisa. Mas logo depois o Coringa saiu, deixando ela sozinha.

Neguei com a cabeça ainda olhando pra ela, e vi o Victor sentar em uma roda de homens enquanto ela ficava olhando.

Lorena: Você é a namorada do Coringa? — balancei a cabeça, olhando pra mulher, que era ruiva e bem bonita. Mas não pude deixar se notar o nome de um homem que ela carregava na corrente que tinha no pescoço.

Bárbara: Ele me falou sobre você quando a gente chegou! — sentei, vendo ela pegar uma cadeira do lado pra se sentar — Você é a mulher do Bk?

Ela balançou a cabeça e eu reparei que tinha o nome do marido dela, parecia que tava de coleira, amada?

Lorena: Então, você é fiel a quanto tempo?

Bárbara: Faz mais de dois meses..— falei, olhando meu copo. — E você?

Lorena: Quatro anos, e nós temos dois filhos, uma menina de três e um menino de um ano e oito meses, não tem vontade de ter?

Bárbara: No momento não. — falei, bebendo.

Eu também já tinha reparado que o tal cara que era o marido dela estava com uma mulher no colo, e que era morena. Por isso até achei que a outra fosse a fiel.

Lorena: Isso é mais que normal em favelas! — olhei pra ela. — O cara ter fiel em casa e ficar com outras na rua, isso me incomoda de certa forma, mas se eu falo aqui, eu apanho em casa.

Bárbara: E você vive nisso a quantos anos? Nunca teve vontade de ir embora, ou de terminar?

Lorena: Uma vez mulher de bandido, sempre mulher de dele. Eu me envolvi com o Samuel quando tinha dezesseis anos, o cara me tratava como princesa, me dava tudo que eu queria. E eu boba fui caindo, virei as costas pra minha família, pra viver com meu macho, que hoje me bate e me humilha.

Bárbara: E na maioria dos casos quando ela tenta terminar, ele mata...— ela balançou a cabeça. — Ele não te machuca na frente das crianças pelo menos, né?

Lorena: Não, foi só uma vez. Mas hoje em dia não mais, essa é a vida de qualquer mulher de bandido, não adianta acreditar em contos de fadas, quando se trata deles.

Balancei a cabeça, olhando pro lado e ela continuou a conversar comigo, depois saiu, dizendo que iria resolver umas coisas dentro da casa, que era enorme.

Coringa: Qual foi? Tá pesando em que? — sentou do meu lado, segurando minha mão.

Bárbara: Em nada, o que aquela morena queira com você?

Coringa: Tava dando uma ideia aí, mas eu logo cortei... — deitou com a cabeça no ombro, cheirando meu pescoço.

Eu ri, virando meu rosto e dando vários selinhos nele, ele segurou na minha cintura, e na real eu só queira acreditar que o meu Victor fosse diferente, então eu não ia generalizar, apenas tentar esquecer tudo que ela disse e tava na minha cabeça.

─✧ Continua.
─✧ Maratona 3/5

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