Capítulo 1

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             Noe. Este era o nome do restaurante cujo Elouíse sempre ia; de noite em noite, de folga em folga, de trégua em trégua. Los Angeles sempre fora um lugar conhecido por receber milhões e milhões de jovens inteligentes e talentosos. E esta área de show ao vivo — no pequeno palco em frente aos clientes — era um dos muitos lugares onde estes jovens podiam mostrar os seus dons. Elouíse reconhecia os seus e sempre lutou por eles; nunca se diminuiu com o objetivo de receber elogios, porquê sempre fizera isto por si mesma. Independentemente do quê pudessem dizer, nunca se limitou; os seus desejos, sonhos e conquistas eram cada dia mais "impossíveis" aos olhos dos pobres de espírito, exceto, aos olhos resolutos e seguros dela. A música sempre a moveu e por este motivo, nunca se envergonhou de apresentar-se toda vez que ia ao Noe. Isto era uma espécie de norma, lei e hábito. Às vezes, Aurora — sua melhor amiga desde o ensino médio — se apresentava junto com ela. E sempre que isto ocorria, o restaurante inteiro se divertia. A euforia e o bom humor de ambas contagiava quem quer que fosse.
            Mesmo possuindo um sublime amor pela música e uma voz excelente, o seu coração era preenchido por outra paixão; o jornalismo. Esta era a sua vocação. Para ela, o jornalismo era o puro sentimento que apelidavam como "borboletas no estômago". Escrever um texto e vê-lo na primeira página de uma revista, entrevistar celebridades... Todos estes métodos em sua profissão a conduzia às nuvens. Lembrou-se de quê no dia seguinte ocorrerá uma entrevista na Comic Con — feita por ela — com o elenco de um filme específico. E ao lembrar-se disso, deu pulinhos eufóricos. Logo que subiu ao pequeno palco, introduziu-se a melodia de uma música; Hello, do Lionel Richie. Esta era a sua música romântica preferida e sempre que a ouvia, se comovia com a letra. De sua boca, ecoou-se o primeiro som terno e forte.
             Aurora a observou por pequenos segundos até ir atender a mesa de número dez. A mesma sempre fora uma mulher cobiçosa e cheia de sonhos — às vezes alguém a desmentia, visto que Aurora trabalhava como garçonete em um restaurante de rua — e um deles envolvia converter-se em uma atriz. O dinheiro que conseguiu por três anos no Noe serviu-lhe para pagar a sua faculdade de Artes Cênicas durante todo este período. E hoje, ela economizava para pagar o teatro. Em seu tempo livre, Aurora sempre fechava os olhos e sonhava acordada com o sucesso e com o glamour de uma vida repleta de privilégios.

             Dentro do táxi, Sebastian se via tenso. Tinha que chegar á sua residência velozmente; no dia seguinte ocorrerá uma entrevista exclusiva com o elenco dá Marvel e a sua presença era obrigatória. Kevin Feige exigira isto. E o evento será às sete. Ele sabia o quão árduo estes eventos poderiam ser; milhões de autógrafos, fotos e as mesmas respostas às perguntas que todo mundo sempre fazia. Um ciclo de repetição sem fim. Deveria existir uma multa, pensou o homem dos olhos que possuíam a cor de um céu sem nuvens.
             Havia um trânsito e o motorista buzinava sem parar. Sebastian ergueu o pescoço e notou uma extensa fila de veículos á sua frente. Notou os comércios ao redor e pensou que seria uma boa idéia pedir algo para comer, enquanto esperava a maldita fila mover-se. No segundo seguinte, exigiu que o motorista parasse de buzinar por motivos óbvios; a sua cabeça começou a doer ao ouvir o bum, bum, bum, por pelo menos umas cinquenta vezes. De repente, devido ao pleno e puro silêncio que se formou em sua volta, escutou uma música; uma que ele conhecia muito bem. Ousou descer do táxi e seguir a voz doce e autêntica que os seus ouvidos sentiam prazer em ouvir. Detevê-se no momento em quê conseguira ouvi-la com mais nitidez; os seus ouvidos deleitaram-se com a bênção que era contemplar àquela voz. Com certeza deve ser um anjo, pensou, diante dos agudos que Elouíse exercia com perfeição.
             Sebastian voltou a caminhar em direção á porta do restaurante e a empurrou, mas antes que pudesse ver quem era a dona daquela imensa voz, fora interrompido pelo motorista que dissera: "o trânsito começou mover-se de novo". O mesmo esqueceu-se de todo o resto ao ouvir a boa notícia do homem. Se por algum motivo não fosse á Comic Con, no dia seguinte, tinha a certeza de quê Kevin o faria pagar por isso.
             A melodia chegou ao fim e Elouíse recebeu aplausos e assovios eufóricos e contentes.

             — Você foi excelente! — disse Aurora ao descer do palco. Mesmo vendo-a apresentar-se todos os dias por três anos desde então, Aurora ainda a elogiava e a encorajava como se fosse a primeira vez.

             — Obrigada, Aury. Agora eu preciso ir, você sabe.

             — Tudo bem, quebre a perna amanhã. — ela a desejou boa sorte e soltou um riso depois de ver Elouíse revirar os olhos devido á expressão que usara.

             Esses atores..., pensou Elouíse.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora