Capítulo 11

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           No dia seguinte, Elouíse ouvira diversos ruídos; as asas dos pássaros batendo umas nas outras defronte á primavera. Sorriu de forma espontânea e moveu-se, sonolenta. Contudo, lembrou-se dos ocorridos de ontem e despertou-se por completo. Abriu os olhos no mesmo segundo e levou um susto ao ver um peito nu bem á sua frente. Prendeu o fôlego e notou — com muito gosto — os músculos e divisões que Sebastian possuía no corpo. O sol que provinha dá janela o cobria em diversos tons de ouro, de forma que a cena se promovia em algo ainda mais belo. Moveu-se de novo levemente e notou que se viam, — por muito pouco —, um nos braços do outro. Um dos antebraços de Sebastian se via em baixo do arco do pescoço dela, servindo como uma espécie de travesseiro. O seu outro braço se via em cima do quadril dela, por cima do cobertor. Todavia, Elouíse somente encolheu-se durante a noite no aconchego do corpo musculoso dele e permaneceu desta forma até o amanhecer.
           A mesma ergueu levemente o pescoço com o objetivo de avaliar o sol; o mesmo não se via muito forte, o quê dizia ser cedo. Possivelmente, às sete. Ela moveu o seu cotovelo e o colocou apoiado no colchão. Com a sua mão livre, pegou com leveza a mão do homem corpulento e a moveu para longe do seu quadril. Após ver-se livre dos seus encantos, suspirou. Um suspiro que possuía um toque de tristeza. Elouíse havia dormido com ele. O mesmo a havia ajudado a lidar com o seu medo. O mesmo a havia tirado o fôlego em inúmeros sentidos. E a havia abraçado durante a noite, mesmo que sem perceber. Ela virou o próprio rosto e notou o rostinho amassado de Sebastian; os lábios levemente rosados e as bochechas possuídas pelo mesmo tom. Sentia calor.
           Ao perceber, a ruiva logo moveu-se do colchão e seguiu á janela. Abriu a mesma e permitiu que um vento fresco consumisse o cômodo. Não ousou ouvir a sua mente; a mesma lhe dizia que deveria remover o cobertor do resto do seu corpo. E se estivesse somente de cueca? Não se submeteria a outra vergonha. Além disso, se conhecia muito bem e se o visse de tal forma, se jogaria em seus braços e faria o quê têm desejado há um pouco mais de dois meses. Suspirou levemente e moveu-se á ele pela lateral dá cama. Ela notou que algumas mechas dos cabelos dele grudavam na testa e com isso, levou-as para longe. Assoprou a região e desta vez, ouviu a sua mente; a mesma lhe dizia que deveria despedir-se dele com um beijo. Um beijo no rosto. Com isso, Elouíse o beijou na têmpora. Um beijo leve, doce e sutil. Um beijo suave, gentil e amável. Um beijo repleto de cuidado e de afeto.
           Por fim, deixou o cômodo movendo-se á cozinha. Lembrou-se de quê deixara a sua roupa na secadora na noite anterior e logo dirigiu-se á mesma, vestindo-se velozmente. Após isto, cozinhou ovos mexidos e torrou alguns pães. Fez um suco e cortou alguns frutos. Serviu-se dos mesmos e deixou uma bandeja na mesa para Sebastian. Escreveu um pequeno bilhete, dizendo: "Obrigado pela hospitalidade e ajuda. Aqui está uma pequena recompensa em troca", e o deixou perto do objeto. Em seguida, Elouíse fora embora ao escritório momentos depois.

           ***

           Ele estremeçeu-se; sentiu o seu corpo frio, depois de um longo tempo sentindo o vento soar pela janela. Virou-se, — o corpo e o rosto — abriu os olhos e notou que junto á ele não se via ninguém. Observou o colchão por longos segundos e notou diversos fios de cabelo dispersos pelo mesmo. Pelo visto ela me deixou presentes..., pensou ele, seguido de um leve sorriso. O mesmo espreguiçou-se e moveu-se á cozinha, percebendo a bandeja logo á frente. Sentou-se e notou o bilhete, lendo o mesmo e sentindo dentro de si um sentimento que há muito tempo não sentia; júbilo. Era mais do quê uma felicidade comum e Elouíse era a culpada disto.
           Desforrou o objeto e logo começou a comer. Mesmo sentindo um júbilo estridente, coexistiu uma linha tênue em sua mente e em seus sentimentos; entre o júbilo e o desejo de despertar-se e vê-la dormindo. Lembrou-se de como a mesma sentiu-se ao não conseguir dormir de medo. E lembrou-se do seu perfume; o perfume dos seus fios ruivos. Os mesmos permaneceram soltos e mesmo possuindo um comprimento médio, vez por outra, atingiram o rosto dele com leveza e doçura durante a noite. Lembrou-se de como foi bom tê-la junto á ele, mesmo que inconscientemente. Era inevitável não sentir-se bem com Elouíse. Tivera diversos contra-tempos com mulheres cujo o envolvimento fora frívolo e rápido. Isso porquê nunca sentiu-se seguro com nenhuma. Homens como ele — bem-sucedidos e bonitos — deveriam sempre assegurar-se dos motivos pelos quais as pessoas os procuravam. Por status? Por fama? Ou por interesse genuíno?
           De todos os modos, desde o dia em quê conhecera Elouíse — na animada entrevista —, sentira uma energia ótima vindo dela. A energia de sua personalidade extrovertida e sua energia como pessoa; o seu amor pela sua profissão, por seus amigos e por seus interesses e dons. Logo lembrou-se dá voz que ouvira no Noe e suspirou. Tentou afastar esses pensamentos de sua mente e concentrar-se em como iria planejar o seu dia. Pegou o seu telefone e discou o número de Anthony.

           — Ei, Cinderela.

           Ele riu. — Diz aí, Seb!

           — O quê têm pra hoje?

           — Bem, digamos que eu estou... Ocupado. — ele sussurrou a última palavra.

           — Ah, é? Com quem?

           — Ah, não fique com ciúmes. Ninguém nunca poderia te substituir... — ele começou dizendo e uma voz feminina ressoou. Inclusive, uma voz muito familiar.

           Sebastian enrugou a testa. — Thony, você está com a...

           — Shiu, é segredo. — ele brinca. — Olha, hoje é sábado. Vá á festas e socialize.

           Sebastian coçou levemente os olhos com os polegares. — Vou ver se o Chris está livre.

           — Divirta-se um pouco. — Anthony o incentiva, desligando o telefonema.

           Sebastian soltou um riso. Embora fosse um pouco óbvio defronte á tantas brincadeiras, este era o tipo de coisa que não o impedia de surpreender-se. Mas... Era divertido. E Sebastian sentiu-se feliz por seu melhor amigo. Não somente por ele. Quer dizer, Lizzie sempre fora uma mulher incrível e tê-la junto á Anthony com certeza o ajudaria de muitas maneiras.
           O homem pensou que por culpa do final de semana, Evans com certeza estaria ocupado. Com certeza estaria com a sua noiva fazendo coisas que não devem ser mencionadas. O mesmo ergueu-se, levou a louça ao mármore e logo moveu-se ao chuveiro. Talvez devesse somente ficar em sua residência, curtindo a sua própria companhia como sempre fez com muita paz e tranquilidade.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora