Capítulo 14

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            Elouíse sentiu o seu corpo estremecer-se dos pés ao seu último fio ruivo. Dentro dos olhos dele havia um poço sem fundo, com somente uma luz no fim do túnel; um brilho turquesa, de pura ruína e com somente uma gota de ternura. Uma pequena gota d'água, sozinha e de toque perfeito; o branco que o envolvia. Elouíse perdeu-se alí, do mesmo jeito que ele perdeu-se na atmosfera sombria dos seus olhos escuros. O fôlego dos mesmos sincronizavam-se um com o outro, de forma que isso os deixavam com a boca seca. O homem ousou segurá-la com firmeza em sua nuca e um tremor a golpeou no mesmo segundo. O leve toque a levou aos céus e a fizera engolir em seco. Depois deste ato, Elouíse ousou olhá-lo nos lábios.
            Sebastian emoldurou o rosto dela com as mãos e adulou com o olhar os seus lábios entreabertos, em uma de retribuição ardente. O seu desejo se intensificou ao vê-la umedecer os próprios lábios com a ponta de sua língua, em um convite silencioso para que unisse as suas bocas em um beijo profundo e enlouquecedor; o primeiro beijo deles. cauteloso, esforçando-se ao máximo para não beijá-la de uma vez e satisfazer os seus desejos, inclinou levemente a cabeça e roçou os seus lábios nos dela. Elouíse fechou os olhos ao sentir o toque e engoliu em seco, como se houvesse uma rocha presa em sua garganta. O nervosismo a consumia. Contudo, deixou-se levar pelo momento e o aproveitou; concentrou a sua mente nas sensações dos lábios dos mesmos roçando-se uns nos outros.
            Nos seguintes segundos, o dono dos olhos turquesa contornou com a sua língua a boca dela. Fora um ato perigoso, porém, completamente arquitetado. Ele sabia como isto poderia enlouquecê-la. Ou enlouquecê-los. Ao sentir a língua gélida do homem á sua frente, a respiração de Elouíse oscilou. O seu coração acelerou. E o seu estômago encheu-se de pequenas e intrometidas borboletas. E Sebastian a filmava com os olhos; não ousou fechá-los e perder de vista as reações prazerosas de Elouíse. Ela respirou profundo e ambos decidiram pôr um fim às torturas; Sebastian envolveu os seus lábios nos dela.
            O beijo ocorria lento e profundo, entre gemidos abafados. As suas línguas se entrelaçavam urgentes, quentes, molhadas. A doçura dos lábios de ambos eram um deleite de sentimentos, prazeres escondidos onde somente um beijo seria pouco para saciá-los dos seus desejos secretos. As mãos de Elouíse desenhavam as costas do homem corpulento em movimentos sutis, unindo os seus corpos, ávidos por algo maior e ambicioso. Em meio á isto, sentiu-se inebriado de prazer e atração em um único beijo. O primeiro de uma série de muitos. O beijo que traduziu sem palavras todo o sentimento de sedução, excitação, luxúria e urgência. Um beijo cheio de promessas não cumpridas e juras de eternidade. Era um único beijo, mas nunca um único sentido. A ruiva — que neste momento já possuía os cabelos levemente bagunçados — seguia com os olhos fechados, absorvendo todo àquele misto de sensações onde existiam prazeres de inúmeros tipos. Em sua mente, criava imagens dos dois; pele com pele, corpo com corpo, energia com energia.
            Ao senti-la com a mão livre em sua coxa direita, intensificou o beijo e mudou o ângulo do mesmo, mordendo o lábio inferior dela. Este ato havia sido uma espécie de castigo, por tê-lo castigado primeiro. E ela gemeu baixinho, inclinou levemente a coluna e arfou. Por infortúnio do destino, o ar se fez necessário e segundos depois, Sebastian encerrou o beijo com os lábios de frente aos dela, encostando-os levemente. A boca ardilosa e sem-vergonha, agora sem ar. O mesmo o finalizou com inúmeros selinhos e beijos no canto dá boca, mordiscando e lambendo os lábios dela em êxtase e júbilo. Ambos haviam aproveitado todos os segundos daquele primeiro beijo. E neste momento, AS mãos dele — que se viam segurando o rosto dela momentos atrás — desciam levemente pelos ombros de Elouíse. A mesma sorria em meia lua, sentindo o seu toque em silêncio. Se via um pouco sem ar, porém, o recuperava aos poucos junto com Sebastian. Logo deu-se conta e ajeitou os seus fios ruivos.
            A sensação de ter feito o desejado era incrível; este sentimento consumia aos dois. Ambos olhavam-se plenos de satisfação e alegria. De repente, Elouíse inclinou-se ao Sebastian e jogou-se em cima do mesmo, causando certo divertimento na situação. Ela o envolveu pelo pescoço e sentiu o seu delicioso perfume. Deitados no chão, a ruiva moveu-se e deitou-se ao seu lado. O céu se via limpo de nuvens, porém, cheio de estrelas.

            Ela soltou um leve suspiro, virou o rosto, o olhou e sorriu. — Você conhece Órion?

            — A constelação?

            — Sim.

            — Me fale sobre ela. — ele pediu. Ambos possuíam conhecimento á respeito de diversos assuntos. Ou seja, era óbvio que conhecia Órion, porém, não permitiria que isso o impedisse de ouvi-la.

            — A Órion é composta por muitas estrelas famosas e brilhantes. Inclusive as três Marias, onde nós podemos ver o Cinturão de Órion. — ela contou brevemente. — Olha. — apontou ao céu e indicou as três estrelas. — Acima, nós podemos ver a Betelgeuse; a estrela com um tom avermelhado.

            — Sim, estou vendo. Ela é muito bonita.

            — Deste outro lado, - ela moveu o dedo indicador para o lado esquerdo. — nós vemos Rígel, que diferentemente de Betelgeuse, possuí um tom azulado. — ela o olhou por um momento. — O mesmo tom dos seus olhos.

            Ele a observou com um sorrisinho em meia lua e segundos depois, a ruiva se despertou dos seus breves e felizes devaneios.

            — Juntando todas elas, nós vemos os ombros, os pés e os joelhos do Caçador. — ela o desenhou nos céus, seguindo o brilho dás estrelas. — A Bellatrix e algumas outras estrelas menores, formam por fim, o escudo.

            — É ótimo podermos vê-la a olho nu. Eu consigo ver bem o escudo e os ombros dele. — ele observou a estrela Betelgeuse.

            Ela soltou um leve suspiro em concordância. — E você? Alguma coisa para me ensinar?

            — Sirius.

            — A estrela?

            — Ela é a mais brilhante do céu. Consegue ver?

            — Àquela? — ela mostrou. A mesma se via somente um pouco abaixo de Órion, coincidentemente.

            — Dizem que quem a encontra, tende a se tornar uma pessoa inesquecível.

            — O quê você me diz? Será que isso é real? — ela virou o rosto e o observou.

            Ele fez o mesmo. — Eu tenho certeza.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora