Capítulo 21

15 2 0
                                    

(a melodia de "City Of Stars" está disponível na playlist!)

           Mesmo sendo a pessoa que era, — desenvolta, alegre e espontânea — Elouíse sempre considerou digno ter um momento a sós com a sua mente e corpo, como uma recarga de baterias. E em consequência disto, moveu-se pátio à fora e notou um gazebo ornamental defronte ao pequeno vergel. A estrutura era belíssima. Elouíse entrou e observou-o em enlevo. Embora a loucura de refletir sobre si fosse sempre ilógica, decidiu seguir neste rumo. Encostou-se na coluna de costas para o salão e pensou no dia de hoje. Perdeu-se em si mesma, em seu próprio mundo de ilusões. Nunca fora uma pessoa pé no chão e este era o seu cruel defeito; sempre procurou ver o bem nos outros e em cenários impossíveis. E sonharia com este dia eternamente, como sendo um dos seus melhores e mais perfeitos momentos já vividos. 

           — Pensei que gostasse de uma boa festa. — supreendeu-a o homem dos olhos turquesa e, no mesmo segundo, a ruiva pulou em decorrência do susto.

           Karma, é você? Droga, por quê inventei de surpreender Aurora? 

           Elouíse o respondeu com os olhos por cima dos ombros. — E gosto, só preciso de um tempinho sozinha.

           — Eu entendo. — concordou com veemência e posicionou-se à sua direita. Bebeu um gole do álcool e a olhou, dizendo: — Quer que eu a deixe em paz? — Elouíse o olhou com um leve sorrisinho e escolheu não contestá-lo. Em resposta ao seu silêncio, o mesmo moveu-se e colocou-se atrás do seu corpo bronzeado, com um dos braços encostados na estrutura do gazebo e com o outro em seu próprio lombo. Ele inclinou o seu corpo ao dela e repetiu em seu ouvido, como um sussurro: — Quer que eu a deixe em paz?

           Elouíse riu defronte aos seus dizeres e o retrucou: — Eu quero que você me pague o que deve.

           Sebastian a entendeu. Entendeu que o mesmo a devia um gesto. Por isto, o homem dos fios rebeldes encostou o seu dedo em um dos ombros dela e o deslizou com destreza e sutileza, como uma corrente de água. O mesmo o levou à sua mão direita e a segurou pela mesma, conduzindo-a ao centro do pequeno gazebo. Ao tê-la de frente para si, a segurou por sua espinha e a moveu com firmeza ao seu corpo musculoso. O seu folêgo e o dela conectaram-se em um só, como peças de um quebra-cabeça. Elouíse o envolveu pelo pescoço com os seus braços e o mesmo entendera isto como um “dê o próximo passo”. Por isto, as mãos que estavam na espinha dorsal dela, subiram um pouco e sentiram a pele que a fenda do vestido vermelho exibia. Vez por outra, o mesmo passeava com os seus dedos pela região sensível e promovia estremeços por todo o corpo de Elouíse. 
           A mesma vivia o sentimento com louvor. Mesmo em uma atmosfera diferente que a costumeira, não se limitava a aproveitar tudo o quê recebia deste belo homem. E o mesmo ocorria com ele. Ter o seu corpo próximo ao de Elouíse o movia aos céus, às nuvens. A este ponto, depois do beijo dos mesmos e de todos os desejos que possuía dentro de si, queria sentir o seu corpo nu junto ao dela. Queria ouvi-la dizer o seu nome em momentos íntimos e secretos. Sebastian a olhou com todos estes sentimentos dentro dos seus olhos reluzentes, dizendo-a não com palavras, mas com olhares que transmitiam a verdade. E ela o correspondeu verozmente. 
           De repente, uma melodia ecoou ao fundo. Uma muito conhecida por eles; a música deles. Então, ela o olhou e soltou um riso, um pouco surpresa com a suposta coincidência. E ele fizera o mesmo. As palavras de Chris ecoaram na mente de Sebastian como um refrigério: “... Era o destino querendo que ficássemos juntos a todo custo.” O destino os uniu com filmes. Mas com Sebastian e Elouíse fora diferente; a música os uniu, eles só não sabiam disso ainda. O homem desfrutou do momento para finalmente pagá-la com o quê a devia; uma valsa. 
           Elouíse começou a ser conduzida lentamente pelo dono dos olhos turquesa e desta forma, motivou-se a iniciar uma conversa:

           — Você se vê desta forma? Digo, como o Chris? — ela o questionou de forma indireta e ele a entendeu; se o mesmo via-se como noivo e depois, como esposo de alguém.

          — Sim, me vejo. E você, como a Scarlett?

          — Talvez. — ela brincou com um pouco de mistério e ele soltou um riso.

           Elouíse encostou-se em um dos seus ombros e fechou os olhos, sendo conduzida como uma mãe conduz o seu bebê a dormir. Sebastian lhe promovia tanto conforto que era inevitável não sentir-se como um bebê. Ele encostou levemente o queixo no topo de sua cabeça e sentiu o perfume de cereja que emanava dos fios ruivos dela; fora como ver fogos de artifício. Ao sentir a essência do aroma dela, ele vira o brilho de todos os tons possíveis no céu. 
           De repente, a mesma ergueu-se e o olhou. 

           — A resposta é “sim”. 

           ***

           Após longos segundos sozinha, — depois de Sebastian despedir-se por insistência dela, temendo à mídia — Elouíse entrou no pátio e observou um piano à frente. Refletiu. O seu desejo era tocá-lo, porém, deveria mesmo? Este era o dia dos noivos e a última coisa que queria, era roubá-lo deles. Aurora notou os seus olhos no instrumento e a perguntou:

           — O quê te impede? 

           A tirou do seu curto momento de reflexão.

           — Hoje é o dia deles.

           — É só uma música. — Aury deu de ombros, com gentileza em sua voz. 

           A ruiva suspirou. — Me deseje sorte.

           — Quebre a perna. 

           Elouíse riu e moveu-se ao instrumento, recebendo a atenção de todos os presentes aos poucos. Sentou-se em frente ao mesmo e sem nenhuma pesca, — somente com o auxílio de sua mente fresca — começou a introduzir a melodia de “City Of Stars”. 
           Amor. Este era o sentimento que esta música produzia em Elouíse, ao mesmo tempo que dor e urgência. A urgência de amar e a dor de perder quem se ama. E em todos os toques, em todos os movimentos, Elouíse sentiu tais emoções correr em seu sangue. Em resposta à isso, deu tudo de si ao tocá-la. 

           O homem dos olhos turquesa escutou a melodia e dirigiu-se ao centro do grupo — imóveis em torno do instrumento, em um enorme círculo — com o objetivo de ver quem era o responsável pelo ato. Surpreendeu-se. A notou em uma posição ereta, com os cotovelos próximos ao corpo, mexendo-se levemente ao seguir os seus dedos velozes. O instrumento era um revólver e, ao tocá-lo, um tiro o golpeou no peito. Um golpe veloz e profundo. Ela, o ato, a melodia, tudo o seduziu. Com certeza há muito sobre esta mulher que este homem desconhecia. E este enigma, esta sorte de sempre surpreender-se do melhor modo possível, procedia em seu corpo como uma espécie de combustível. Um fogo que o impelia a prosseguir venerando-a em todos os seus aspectos. A atitude de Elouíse fora como um presente; um belo e esplêndido presente.
           Todos possuímos visões e interpretações distintas de uma única música, mas Sebastian via àquela como algo profundo demais, sendo impossível de decifrá-la. Indefinível e expressiva ao extremo, do modo que o mesmo não conseguia dizer nem se quer um “a”. A observou mover os dedos aos penúltimos acordes e bebeu um gole do álcool com o objetivo de amenizar a sua surpresa e encanto. Fora um ato insucesso. 
           Palmas e assovios ecoaram pelo recinto e a mesma ergueu-se, orgulhosa de si mesma e de Aurora por tê-la incentivado. 

✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨

A vida enche esse homem de spoilers, mas ele insiste em dar uma de cego. Enfim, aproveitem os últimos momentos felizes... Joguei a bomba e saí correndo, beeeeijos!

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora