Capítulo 9

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           — Eu quero que você escreva e publique hoje, tudo bem? — Andrew a observou brevemente e a ordenou com leveza.

           — Certo. — ela concordou e sentou-se. — É sobre o quê?

           — O Met Gala, que será no fim do ano.

           Ela suspirou. — Tudo bem. — concordou e começou a ler o esboço que Daphne a deixou.

           — O Josh ficará até a meia noite, então, se tiver alguma dúvida pergunte á ele. — ele pegou os seus pertences e se dirigiu á porta, indo embora logo depois.

           Elouíse começou a escrevê-lo. A mesma sempre gostou do Met Gala; não como alguém que possuía o desejo de ir ao mesmo. Era um amor julgador. Amava esta época do ano porquê podia julgar a vestimenta dos outros. Nesta época, ela e Aurora juntavam-se com enormes potes de pipoca e doces, e descascavam o abacaxi do evento. Sempre fora um momento muito divertido e descontraído. Lembrou-se de que vira o elenco do UCM nele. Ambos vestiaram roupas muito elegantes ao longo dos anos; vestidos e ternos exóticos e excêntricos. Agora, via esta cena de uma forma diferente. Há um mês, os via como pessoas impenetráveis, sobretudo perfeitas. Hoje em dia, os via como pessoas acessíveis que faziam parte de sua vida. Parte de sua vida, repetiu á si mesma. Refletiu sobre isto; considerava isto uma boa ou uma má sorte?
           Era incrível conhecê-los melhor com o passar do tempo. Percebera que Scarlett era mesmo uma excelente pessoa, uma mulher serena e fleumática. Uma mulher independente. E o Chris... O Chris era muito divertido. Contudo, o melhor era deixá-lo longe de Hemsworth. Isso, claro, se você não quiser lidar com nenhum tipo de bagunça. Anthony era como o braço direito de Sebastian, e isso o tornava uma pessoa mais alegre. Lizzie era uma mulher, — aos olhos de Elouíse — um pouco xereta. Lembrou-se de como sentiu-se desconfortável ao perguntá-la sobre a sua relação com Sebastian. De todos os modos, têm divertido-se muito com ela e com todos eles.
           E por fim, Sebastian. O mesmo sempre a inspirou muita segurança e boa índole. Os seus gestos cortezes e gentis... Tudo nele era atrativo e sedutor, até os gestos mais sutis e delicados. De repente, lembrou-se de um momento de ontem a noite. O momento em quê ele pusera o dedo em seus lábios. O momento em quê sentira estremeços pelo corpo e uma sensação muito boa dentro de si. O momento em quê sentira o mundo parar para observá-los e contemplá-los. E sentira a mesma coisa neste momento, ao relembrar esta cena em sua mente. Com os olhos perdidos em frente á tela do notebook, sorriu sem perceber. Sorriu de forma espontânea. Porém, segundos depois, ao dar-se conta de como distraiu-se, voltou a sua atenção ao artigo.

           ***

           Após muito tempo, neste momento sendo às onze, publicou-o. Publicou o artigo, informou ao seu chefe e encostou a cabeça na mesa. Estava exausta e com os olhos vermelhos. Tudo o quê desejava era um banho quente com Beethoven de fundo para relaxar os seus músculos tensos. Fechou o notebook e de repente, ouviu um ruído vindo de fora. Ergueu-se e moveu-se em á janela; era chuva. Uma chuva pequena e fina. Apressou-se em pegar o seu telefone e ir embora.
           Começou a caminhar em direção á sua residência e de última hora, a chuva engrossou. E engrossou muito. Elouíse correu até a árvore mais próxima e escondeu-se na mesma, á procura de um refúgio. De repente, lembrou-se de que Sebastian vivia perto. Será? E se ele estiver com alguém? E se ele estiver dormindo? E se ele tiver algum compromisso? Pensou em milhões de contra-tempos, e por fim, depois de muita insistência de sua mente, decidiu ligar. Discou o número dele e levou o telefone á orelha, movendo o seu corpo de um lado para o outro, inquieta.

           O mesmo a atendeu. — Elouíse? Aconteceu alguma coisa?

           — Pior que sim. — ela soltou um sorriso sem jeito. — Ah... Eu estou por perto, vindo do escritório... E está uma chuva terrível... — ela explicou, sem dizer claramente.

           — Certo. Espere um pouquinho, estou indo. — ele desligou o telefonema e correu á porta. Abriu a mesma e observou a rua, vendo Elouíse logo á frente.

           Sebastian correu levemente á ela e a cobriu com um dos seus sobretudos — que pegou velozmente de cima do sofá —, coduzindo-a á sua residência. Ele a aproximou do seu corpo levemente, permitindo que a mesma sentisse o seu perfume. Ela se via aconchegada com a cabeça perto de um dos seus ombros e quase conseguiu sentir os músculos de um dos seus braços. Por um momento, esqueceu-se de que estava toda molhada e de que poderia até mesmo, adoecer. Elouíse sorriu, escondendo este ato do homem cortês. Por fim, os mesmos entraram em sua residência.
           Elouíse se deteve em frente á sua porta, preocupada em molhar o piso de mármore. Com a luz do cômodo em cima dele, notou detalhes importantíssimos; os seus cabelos molhados. O seu quase long hair enxarcado de água e várias gotas ousadas escorrendo por seu pescoço exposto. Alguns fios dos seus cabelos grudavam em sua nuca, concedendo á Elouíse uma bela cena. De repente, a mesma mordiscou levemente o seu lábio inferior.

           — Você está bem? — ele a observou imóvel, libertando-a dos seus devaneios proibidos.

           Voltou á si. — Sim, estou bem. Aliás, obrigado. Se você me permitir, eu posso ficar até a chuva diminuir um pouco.

           — Eu não permitiria por nada que você fosse embora no meio dessa tempestade. — ele a respondeu convicto. O mesmo moveu-se á um dos muitos armários que possuía em um dos cômodos e retirou toalhas de dentro. — É melhor que você tome um banho para não se resfriar.

           Deu um passo á frente. — E você? Também tomou chuva.

           — Há outro banheiro.

           — Certo. — ela sorriu levemente e recebeu as toalhas.

           — Acho que eu tenho algumas roupas para você vestir.

           Antes que Elouíse pudesse impedi-lo, o observou mover-se ao seu quarto. A mesma comprimiu os próprios lábios, concedendo leves beliscões em si mesma. E daí que fosse um incômodo? Não se preocupava com isso. Se preocupava em como tudo ficaria depois disto.
           Por fim, Sebastian a entregou um moletom, uma cueca e um shorts fino.

           — Obrigado. — observou o quê possuía em mãos. — Onde fica o banheiro?

           — Ali.

           A ruiva entrou no cômodo, desnudou-se e moveu-se ao chuveiro. A água quente começou a escorrer pelo seu corpo nu, de forma que isto a relaxou instantaneamente. Limpou os seus cabelos ruivos e ondulados com os produtos que haviam sobre a pedra de mármore, e ao terminar de limpar-se, vestiu a roupa que Sebastian a deu. Contudo, vestira somente a blusa e a cueca. Mesmo com a chuva forte, não possuía frio e por isto, decidiu não vestir o shorts.
           Ao recolher-se do cômodo, notou Sebastian de banho tomado. Ele se via em um aspecto bem diferente; os cabelos estavam penteados — do mesmo jeito de sempre; com os fios escorridos para trás —, a roupa estava limpa e o seu perfume, ainda mais forte. Elouíse respirou fundo e sentiu um prazer momentâneo. Infelizmente, muito momentâneo. Por um segundo, desejou obter o perfume de Sebastian dentro de um frasco para levá-lo a qualquer lugar junto á ela. Enrugou a testa diante dos próprios pensamentos e o ofereceu um sorriso como disfarce. Ele a observou e notou que a mesma não usava o shorts; quase engasgou-se com a própria saliva. Já era grande coisa tê-la convidado a um encontro, — graças aos incentivos de Anthony — tê-la oferecido uma cueca sua e agora, vê-la vestida com a peça.

           Ele coçou a garganta. — Você está com fome?

           — Não, estou bem. Obrigado. — ela sorriu. — Onde vou dormir?

           — Você decide. Têm o quarto de hóspedes, o sofá, o meu quarto... — ele disse e depois corrigiu-se: — Digo, eu posso te emprestar o meu quarto enquanto durmo em outro lugar.

           Elouíse o olhou com um leve sorriso e depois disse: — Pode ser aqui mesmo na sala.

           Ele concordou e colocou alguns cobertores e travesseiros em cima do sofá. — Se precisar de alguma coisa, me chame.

           — Certo. — moveu-se ao sofá e deitou-se. — Boa noite.

           — Boa noite. — despediu-se, entrou em seu quarto e jogou-se em sua cama, dormindo segundos depois.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora