Capítulo 4

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itens que podem ajudá-la (o) ao ler o capítulo:

você pode ouvir a música no Spotify (em nossa playlist) ou no YouTube (dividindo a tela).
dica: ouça a música ao mesmo tempo em que lê e pense que as vozes deles — Elouíse e Sebastian — são as dos cantores, porém, do mesmo modo como está descrito na narração. Boa leitura!

          Elouíse pegou o seu telefone, enviou um direct ao homem que a convidou e logo o mesmo a respondeu. Ambos combinaram um encontro no Noe, às oito. A ruiva deixou o telefone na mesa e logo dormiu, tendo ótimos sonhos.

***

          A verdade era que nem mesmo ele se entendia; nunca, — desde o dia em quê ouvira a mulher — deixou de refletir sobre a sua voz. A voz doce quê ouvira o golpeou com a mesma precisão de um cupido atirando as flechas em suas vítimas. Quem sabe se essa não fora uma de suas obras? Sentira uma coisa boa vindo de Elouíse; a mesma era uma mulher responsável, forte, persistente e sem papas na língua. Ele percebera um pouco de tudo isto na entrevista. Óbvio, conhecendo-a aos poucos, descobrirá muito mais á respeito dela. E se ela cantar também? E se ela possuir uma voz tão bela quanto a que ouvi outro dia? Ele suspirou. Nunca fora do tipo de homem mulherengo e que feria alguém que estivesse apaixonada por ele. Sempre fora muito gentil e sempre demonstrou muita responsabilidade afetiva com quem quer que fosse. E com Elouíse não seria diferente. Afinal, eles estavam indo se conhecer, se divertir e comer. Mesmo sentindo-se muito atraído por ela, não podia esquecer-se do ocorrido do outro dia. Não conseguia.
          Após vestir o seu corpo com um sobretudo, — era outono — cobriu o pescoço com um dos seus perfumes e moveu-se ao seu veículo. Combinou com Elouíse de encontrá-la em sua residência. E em pouco tempo, com o auxílio do GPS, Sebastian a encontrou em frente á rua. Ele sorriu ao vê-la. A mesma se via com um vestido preto de cetim, com uma pequena bolsa e um salto dourado. O dono dos melhores olhos azuis desceu do veículo e a cumprimentou com dois beijinhos em seu rosto. Ela sorriu e se dirigiu ao veículo do mesmo, após Sebastian abrir a porta pra ela.
          Uma pequena conversa fora feita por eles, como perguntas do tipo: "Como você está? Como foi o seu dia? Está com muita fome?". Por fim, em pouco tempo, ambos chegaram ao Noe. Elouíse nunca se vestira tão bem para ir comer nesse restaurante, contudo, hoje era um dia especial e por isso sentiu que deveria vestir-se á altura. E agora que Sebastian estava ocupado escolhendo a mesa, a ruiva aproveitou para observá-lo melhor; estava divino. Todo de preto, como ela. E o cheiro... O cheiro dele era de subir ao céu e voltar. O aroma era doce e amadeirado ao mesmo tempo, bem ao ponto do gosto dela. Ele era perfeitamente equilibrado em tudo. Logo o mesmo a conduziu á mesa e sentou-se ao seu lado, sorrindo levemente galanteador. 

          — Você já conhecia o Noe?

          — Sim, eu vivo aqui. — ela soltou um riso.

          — Ah, é? Por quê?

          — Eu e a garçonete somos melhores amigas desde o ensino médio. — Elouíse apontou para a loira que se via á frente.

          Ele sorriu. Logo Aurora os atendeu, escreveu os seus pedidos com um sorriso nos lábios e em pouco tempo, levou-os á eles. Elouíse comeu e conversou com Sebastian por muito tempo. Até que por fim, terminaram os seus pratos e iniciaram uma nova conversa:

          — Você sempre foi jornalista?

          — Sim, eu me formei há dois anos. A Comic Con foi onde eu fiz a minha primeira grande entrevista. — ela sorriu, orgulhosa.

          — E começou muito bem. Foi incrível. Todo mundo se sentiu confortável. — ele a elogiou.

          — Eu fico muito feliz por isso. Foi muito bom receber a admiração de vocês.

          — A minha por você continua aumentando com o passar dos dias.

          Ela envergonhou-se. De novo. Era este o efeito que Sebastian produzia nela; um certo nervosismo, timidez, borboletas no estômago... Pensou que somente o seu emprego fosse capaz de fazê-la sentir todos estes sentimentos, porém, percebeu que equivocou-se. Equivocou-se fortemente. Ele possuía um dos seus braços no encosto dá cadeira e o outro braço firme na mesa, com o rosto na direção do dela. Elouíse se via ereta, com as pernas cruzadas e somente com o rosto e os olhos voltados para ele.
          De repente, uma música ecoou pelo recinto. Um toque, uma melodia que os mesmos conheciam muito bem. Sebastian lembrou-se do outro dia e associou o momento á música. Recordou-se do seu nome e do seu compositor; Hello do Lionel Richie.

          Ele respirou fundo. — Eu amo essa música.

          — Sério? É a minha preferida.

          — Essa música é muito conhecida, mas eu não acredito que seja a sua preferida. — ele a lança um olhar provocador.

          — Ah, é? Eu não ligo. — ela o responde com divertimento.

          Ele riu. — Eu não ouvi argumentos.

          — Argumentos são inúteis. Se você quiser saber sobre algo, então observe.

          Após o término dos seus dizeres, a música começou. E junto com ela, Elouíse começou a sussurá-la, cantando baixinho. Sebastian somente observou os seus lábios mexerem-se seguindo a letra dá música. Após acompanhá-la com os olhos por longos segundos, começou a acompanhá-la com os lábios. Ambos sussurravam a música em um uníssono perfeito, muito sensíveis e sedutores. A ruiva ia dos seus olhos, á sua boca e Sebastian fazia o mesmo com ela. Existia uma química eletrizante entre os mesmos que há milhões de quilômetros de distância, qualquer um poderia perceber. Aurora percebeu. O Noe, o dono do comércio cujo o mesmo possuía o seu nome, também percebera. Contudo, a química entre eles era tão arrebatadora, que os mesmos ignoravam á todos com o objetivo de aproveitar cada segundo presos alí; alimentando os seus olhos — os dela e os dele — e os seus desejos.

          — Tell me how to win your heart, for I haven't got a clue... — ele continuou a sussurrar.

          Todos nós conhecemos o poder de uma boa música; afinal de contas, é disso que o amor é feito. O amor é uma amizade com música. É a melodia que toca, o sentimento que se sente. É a letra que se diz. Ou seja, sentindo a melodia e a letra, àquela música poderia dizer muito. Talvez não muito á respeito deles juntos, mas sim, de forma individual. Ambos já haviam passado por muito; homens e mulheres que estiveram em suas vidas, porém, que em momento nenhum, os fizeram sentir-se completos. Volta e meia, ambos olhavam a porta de casa á espera dá pessoa certa aparecer e dizer: "Hello, is it me you're looking for?" E a resposta á esta pergunta era um óbvio e imenso "sim". Todos nós conhecemos bem as expressões do amor; não se diz que ama, dizendo somente "eu te amo". Você age e demonstra isso. Mas essas três palavras também são muito importantes e podem ser a chave para dois corações cansados.
          Após um longo tempo, a música encerrou-se. Elouíse e o homem ao seu lado continuaram a olhar-se como se o mundo estivesse prestes a acabar. Como se tudo estivesse á beira do fim. Contudo, foram interrompidos pelas palmas que soaram no recinto. Sebastian desviou os seus olhos com um leve sorriso nos lábios, convicto de si e Elouíse com um pouquinho de vergonha, mas com a mesma confiança de sempre.

          — É, você tinha razão.

          — É óbvio que eu tinha. — ela riu e ele a seguiu neste sentido.

          — Eu fiz bem em ter pedido que viesse a um encontro comigo... Me diverti muito hoje.

          — Já eu não sei dizer se fiz bem em ter aceitado. — ela brinca e Sebastian gargalha. — Agora é sério... Eu também me diverti.

          — Ótimo. — ele concordou com um leve sorriso. — Vamos?

          — Sim. — ela concordou e os mesmos se levantaram. Sebastian deixou o dinheiro na mesa e se dirigiu ao seu veículo ao lado desta mulher; a mais bela do mundo, aos olhos dele.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora