Capítulo 19

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         ***

         No salão, Elouíse observou o mesmo centímetro por centímetro. Nunca estivera em um ambiente chique e luxuoso como àquele, e todos os presentes se viam recíprocos com a riqueza e a nobreza do pátio. Em contrapartida, Aurora fingia costume, o oposto de Elouíse. 

         — Essa pose vêm de onde? Dos dois reais á mais que você recebe no Noe depois de uma hora extra? — a ruiva zombou.

         — Melhor isso, que essa sua expressão de bobona.

         — Te conhecendo como eu conheço, há incontáveis surtos internos ocorrendo aí dentro...

         — Ah, você me conhece tão bem! — Aury a segurou por seu antebraço em um pulo cheio de empolgação e Elouíse começou a rir.

         — Onde está o Tom?

         — O Chris me disse que ele comentou sobre ter um compromisso de última hora... É bem provável que chegue no meio desta festa. — formou-se um bico em seus lábios.

         — Não chore, não vou secar o rosto de ninguém. — brincou.

         Aurora revirou os olhos e soltou com um leve riso: — Se fosse o Sebastian...

         — Nem vêm!

         — Aliás, como está tudo entre vocês depois do... Beijo? — ela sussurrou o último dizer como se estivesse proferindo algo contra a lei.

         Elouíse suspirou feliz. — Está muito diferente... Não sei, é como se eu estivesse á ponto de explodir com todos estes sentimentos bons dentro de mim.

         Aurora sorriu orgulhosa e olhou á frente. — Falando no Diabo...

         Recebera uma cotovelada na costela no mesmo instante.

         — Ele está vindo, disfarça! — Elouíse pediu, uniu os seus dedos uns nos outros e levou os olhos ao teto.

         — Têm certeza de que sou eu quem precisa?

         O homem dos olhos turquesa se curvou brevemente com divertimento em um gesto solene e enfático, e observou a senhorita de vermelho. Elouíse notou os seus atos e chegou á conclusão de que era como se estivessem presos em uma romântica história de época do século quinze.
         O mesmo se voltou á Aurora, dizendo:

         — Esta cor combinou muito bem com você, Aurora.

         — Muito obrigado. — ela sorriu levemente. Pelo que se lembrou, este fora o único e direto diálogo dos mesmos. Desde que o conhecera, concentrou-se somente em Tom Hiddleston e não esforçou-se nenhum pouco em conhecê-lo melhor. Não fizera por querer ou por ignorância. Tudo o quê precisava saber, Elouíse a dizia. Além de tudo, sempre a respeitou muito e nunca daria motivos para os enxeridos pensarem coisas erradas.

         Após breves segundos, Aurora despediu-se e seguiu á mesa de doces.

         — E você está belíssima.

         Elouíse sorriu levemente defronte ao elogio.

         — Obrigado, você também não está ruim.

         Ele riu.

         O mesmo olhou ao redor e tentou conter-se em frente aos olhos invejosos e sedentos por uma notícia quente. — Está contente?

         — Sim, estou muito feliz por eles... Eu os conheço há pouquíssimo tempo e é como se já fossem a minha família. — ela os observou á frente com certo orgulho.

         — Eles estão contentes por você ter vindo.

         — E eu por ter sido escolhida por eles.

         — Quem seria o louco de conhecê-la e não escolhê-la?

         Elouíse o olhou. Ao olhá-lo, era como se estivesse em sua residência — abarrotada de conforto e proteção. Os seus olhos turquesa pareciam um oceano prestes a desaguar em luxúria. E os dela, em tons de mel e ouro, imutáveis nos sentimentos perigosos que transmitiam os olhares dele. A atmosfera mexia com Elouíse; a cerimônia, a festa... Será que um dia viveria tudo isto? Será que um dia seria a noiva e, posteriormente, a esposa de alguém? Do Sebastian, ou de outro homem? Em sua mente surgia cruéis e inumeráveis questões, todas incertas e incontroláveis.
         Ao perceber como se perdera, desviou-se dos seus encantos e logo pegou uma taça de álcool com o jovem que caminhou velozmente ao seu lado. Bebeu um longo gole e sentiu uma pequena vertigem atravessar as extremidades do seu crânio. Elouíse fechou os olhos com força e segurou-se na mesa atrás de si, percebendo segundos depois que Sebastian reparava em como a cor vermelha combinava com ela. 

         — Nos vemos depois? Eu preciso impedir a Aurora de comer todos os doces...

         Ele a entendeu. — Com certeza.

         Após receber a sua concordância, seguiu até a Aurora.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora