Capítulo 10

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          Elouíse fechou os olhos e dormiu por muito tempo; até às três dá manhã. Por culpa do estrondo vindo de fora, levou um susto e despertou-se. Ouviu um trovão. Será que é o Thor? Pensou. Conseguia ter bom humor, mesmo defronte á perda do seu sono. Logo depois, um clarão iluminou o cômodo por completo. A mesma ergueu o cobertor e cobriu o rosto com o mesmo, encolhendo-se no sofá como um bebê se encolhe nos braços de sua mãe. Sentiu muito medo. Isso porquê sempre odiou tempestades e chuvas exageradas. Como uma mulher do seu tipo — forte e pé no chão — poderia possuir este tipo de medo? Virou-se pondo o rosto em frente ao encosto do sofá e fechou os olhos de novo. Tentou, tentou, tentou e falhou. Não conseguia dormir. A única coisa que conseguia sentir era medo e não queria dar espaço á insônia, visto que no dia seguinte iria cedo ao escritório.
          Suspirou forte e rendeu-se á sua idéia. Pensou que poderia pedir á Sebastian que pusesse uma cortina, um lençol ou o quê fosse, em frente às janelas enormes do cômodo com o objetivo de amenizar o seu desconforto. Pensou que poderia, talvez, acordá-lo para que fizesse companhia á ela. Pensou em milhões de idéias estúpidas, porém, somente uma fez sentido em sua mente: poderia simplesmente, pedir ajuda com o seu medo.
          A mesma ergueu-se do sofá e seguiu ao cômodo do dono dá casa na ponta dos pés. Fechou os olhos por breves segundos, respirou fundo e empurrou a porta com leveza. Elouíse estreitou os olhos até acostumar-se com a atmosfera escura e por um segundo, pensou que fosse engasgar-se com a visão que teve; Sebastian se via sem camisa, com os cabelos espalhados suavemente pelo colchão e o cobertor cobria somente do seu quadril para baixo. Ver o seu forte abdômen, os seus braços firmes e musculosos, os seus ombros e o seu pescoço expostos era um tipo de prazer culposo. Elouíse tinha em mente que não deveria estar alí, mas estava. E obviamente, aproveitou-se para encher os seus olhos de desejos nenhum pouco puros. Sentiu estremeços pelo corpo, ao ver a sua mente viajar á lugares perigosos. Por fim, na ponta dos pés, moveu-se para perto dá cama. Prendeu o fôlego e no momento em quê sentou-se no colchão, Sebastian a surpreendeu.
          Elouíse sentiu o seu coração parar por um segundo devido ao ato repentino dele; Sebastian não a havia surpreendido de uma forma comum, segurando em seu braço ou dizendo algo do tipo: "O quê faz aqui?". Ele a imobilizou. Ele ouviu a mola do colchão afundar e moveu-se velozmente, agarrando-a pelos pulsos e a imobilizando na cama. Neste momento, o homem corpulento se via em cima dela, com somente alguns centímetros de distância de um corpo do outro. Elouíse soltou um grunhido de desespero e sentiu o seu peito subir e descer, velozmente. Por um segundo, sentiu medo de Sebastian. A verdade era que ambos não se conheciam muito bem. Ele poderia ser uma pessoa ruim. Mas não era. A grande verdade era que ele estava tão temeroso quanto ela. Elouíse virou o rosto e o observou.

          — O quê significa isso, Sebastian? — ela o questionou, com a voz um pouco trêmula. Lutou com o objetivo de esconder isto dele e conseguira.

          — Eu quem te pergunto, darling. O quê houve?

          Darling. Isto soou em seu ouvido como a melodia "Sonata Ao Luar" de Beethoven. Fora inexplicável. O seu sotaque inglês, junto ao seu perfume e aos seus lábios mexendo-se em um perfeito dizer; tão sutil, mas tão sedutor. Tão... Gostoso. Com isso, Elouíse acalmou-se aos poucos. Sentiu o seu peito descer e subir em uma frequência menor e o seu desespero fora embora quase que por completo. Contudo, ainda sentia-se nervosa, principalmente por sua pergunta. Como diria á ele sobre a sua situação? 

          — Ah... Eu...

          — Sim?

          — Eu tenho medo de tempestades. — ela confessou, por fim. E logo revirou os olhos, com vergonha. Agradeceu aos céus por ser noite e o cômodo se ver escuro.

          Sebastian ficou em silêncio por breves segundos e ouviu o som dos trovões. Ele sorriu em meia lua, achando àquilo uma graça.

          — Você poderia, por favor, sair de cima de mim?

          Com isso, Sebastian soltou os seus pulsos e a observou sentar-se, porém, o mesmo não moveu nem se quer um músculo. — Então você decidiu agir como uma gata sorrateira e vir me pedir ajuda? — ele a perguntou em um tom provocador. O mesmo observou o seu rosto, colocando uma mecha de cabelo para trás.

          Ela prendeu a fôlego. — Sim. Já têm um tempo que não consigo dormir.

          — Tudo bem, eu vou ajudá-la.

          O homem afastou os seus corpos e rostos, fazendo Elouíse soltar — com muito alívio — o fôlego que prendera.
          Á Elouíse, era incrível como uma só pessoa poderia possuir milhões de versões diferentes de si mesma. Por exemplo, na Comic Con, percebera o nervosismo de Sebastian ao convidá-la para ir a um encontro. Vira como ele podia ser tímido em alguns momentos. Contudo, em outro momento, ele agira diferente. No restaurante, Sebastian tocou em seus lábios. Pior, a viu bêbada. Se mesmo diante disto, o seu interesse continuou, de duas uma: ou ele é louco, ou ela é louca. E neste momento, há poucos segundos, a imobilizou e mesmo sem querer, soou sedutor. Elouíse perguntou-se para onde fora a sua timidez. Sempre viu a intimidade — mesmo sem ter muita com ele — como algo único. Agora, Sebastian não era mais um ator de impossível acesso. Agora, Elouíse não era mais só uma entrevistadora comum. Ambos se conheciam e dividiam os mesmos interesses. Era normal a timidez ser ofuscada por algo mais atrevido.
          O dono dos melhores olhos azuis deitou-se e Elouíse o observou imóvel. Ainda se via em choque com tudo o quê ocorrera nesta noite.

          Ele soltou um leve riso. — Você está bem?

          — Ah, estou... — coçou a garganta. — Bem. — logo deitou-se de barriga para cima e observou o teto. Psiu, ouviu. Elouíse virou o seu rosto e observou os olhos azuis de Sebastian brilharem como uma estrela em meio ao céu escuro.

          — Concentre-se. Esvazie a mente e respire fundo.

          Após os seus dizeres, Elouíse virou o seu corpo de frente ao dele e concordou, seguindo a sua sugestão. Logo depois, ela subiu o rosto seguido dos olhos e percebeu a mão dele bem próxima a sua. Sentiu o desejo de tocá-la e usá-la como uma forma de acalmá-la do seu medo, mas a situação já era vergonhosa o suficiente e nem mesmo com toda a extroversão que possuía, se submeteria á isto. Já fizera demais indo até ele e deitando-se em sua cama. Fechou os olhos e controlou-se, acalmando-se por fim.
          Após alguns segundos, sentiu um leve toque em seus dedos. Percebeu que a mão firme dele tocava a sua, não somente a tocava como a alisava. Com isso, Elouíse esforçou-se para não sorrir e para fingir que já dormia. E conseguira.

The Interview; The Principle Of Our LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora