𝐋𝐀𝐃𝐘 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏

ˢᵉᵛᵉⁿᵗʸ⁻ᵒⁿᵉ

Droga, estou mais confusa do que antes, e apenas uma palavra rodeava minha mente.

Amor?

Não sei o que penso sobre o amor, pois nunca tive exemplos disso em minha vida, ao menos, não do jeito certo.
Pois me recuso a aceitar que minha percepção de amor durante o meu crescimento seja certa.

Silvio se mostrava um cara ótimo no início, era carinhoso, era o homem perfeito, mas ao longo dos anos ele mudou bruscamente, e descontava seu ódio em minha mãe, e eu via tudo, sempre vi, a forma com que ele deixava marcas em seu corpo e depois tentava se desculpar a procura de saciar suas vontades sexuais, a forma como ele a tratava na frente dos outros e dentro de casa, a forma como gritava com ela.

Eu me recuso a aceitar que isso seja amor, me recuso a aceitar que violência seja amor, quem ama não maltrata independente do que aconteça.

Eu nunca deixaria que alguém fizesse isso comigo, mas, e se ele for assim?
E se ele me tratar bem no início e depois simplesmente começar a me tratar mal? Sei do seu temperamento forte, ele se irrita facilmente.

Não quero que isso aconteça comigo, se o amor for da forma que cresci vendo, então eu não quero amar, por mais forte que esse sentimento seja, eu não quero amar, não desta forma.

Eu... Não me acho capaz de amar, ou de ser amada, eu não sei como fazer isso, não sei como manter um relacionamento estável, eu sou impulsiva, é provável que em uma relação eu estrague tudo, sou orgulhosa, egoísta e sempre estive só, como vou me acostumar em ter uma pessoa comigo de uma hora para outra?

Confesso que é tentador a ideia de poder estar em seus braços, se pudesse, passaria o resto da minha vida ali, pois me sinto segura, me sinto importante... Mas, e se tudo der errado?

Suspirei e balancei a cabeça na intenção de afastar esses pensamentos.

Agarrei os lençóis e fechei os olhos, tinha que descansar ao máximo, pois como já havia dito, a noite vai ser muito longa...

[...]

Acordei no susto ao sentir alguém me chacoalhar de um lado para o outro enquanto gritava em meu ouvido.

── Acorda Any! A gente tem que ir.

Bufei e me levantei de uma vez, agora vendo Krystian me encarar.

── Me dá 5 minutos.

Ele assentiu e saiu do quarto.
Eu realmente não demorei mais de 5 minutos, me troquei e coloquei roupas que não pudessem atrapalhar o plano, como algo que me fizesse tropeçar.

Então ele e seus homens nos levaram em carros separados até o local, eu Josh e Krystian íamos em um carro, e Sabina e  Joalin alguns capangas iam em outro.

Eu estava calma até então, mas quanto mais próximos estávamos da casa mais tensa eu ficava, e eu observava ao longe a casa a qual passei a minha horrível infância.
Tive uma sensação de angústia, então senti a mão de alguém sobre a minha, então automaticamente virei o rosto, e vi Josh segurar minha mão.

Fitei seu rosto, ele tinha um sorriso leve no rosto.
Ele sabe o quanto estou tensa, e sabe que com apenas um sorriso pode me acalmar.

Assim que chegamos, antes de entramos nos organizamos melhor, conferimos até os mínimos detalhes do plano.

Enquanto Krystian e Sabina falavam com os capangas eu olhava para aquela enorme casa, que tinha um estilo antigo mas de uma forma bonita, pena que não tenho boas lembranças desse lugar.

── Você está pronta?- Krystian questionou e eu assenti sem o encarar.

Fechei os olhos e respirei fundo, contei até cem com o intuito de me acalmar, então dei um passo a frente torcendo para que até o fim da noite eu esteja viva.

Mas então, senti alguém segurar meu braço com delicadeza, me fazendo virar para trás.

Meus olhos se encontraram com os seus, e eu sentia vontade de correr, fugir daqui, estava assustada e ele sabia disso.

── Toma cuidado.- disse em um tom preocupado, senti sua mão deslizar para baixo, agora entrelaçando seus dedos com os meus.

── Eu vou.- respondi encarando nossas mãos.

Mas então me afastei e antes de entrar na casa lhe lancei um último olhar.
Ele me olhava com firmeza, como quem fosse me impedir, mas ele não vai fazer isso.

Os capangas de Josh me acompanharam, e assim que entramos eles seguraram meu braço, fingindo estar me prendendo, então, me debati, comecei a xinga-los das formas mais desprezíveis possíveis.

Gritei, para chamar a atenção de quem quer que estivesse ali, então eles me levaram até o porão, onde vi espelhos espalhados por toda parte, me senti confusa, mas um deles me levou para uma parte um pouco longe da saída, mas eu ainda conseguia enxergar a porta, e sabia que meu reflexo no espelho fazia parecer que eu estava frente a frente com a saída.