ᵗʰⁱʳᵗᵉᵉⁿ

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── Any?

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── Any?

── O que foi?

── Você não respondeu minha pergunta, já se apaixonou ou não?

── Não.

Depois de minha resposta um silêncio constrangedor tomou conta do local, olhei em volta e não vi mais nenhum capanga nos observando o que realmente me surpreendeu.
Só há nós aqui
e mais ninguém.

O mais estranho, é que desde que cheguei nessa casa nunca conversei assim com ele.
Quando conversamos normalmente eu tento provocar, ele se irrita e brigamos novamente, mas agora a tensão que há entre nós desapareceu.

── Temos mais em comum do que pensa Gabrielly.
Dei uma leve risada com aquilo, o que temos em comum é apenas o fato de nunca termos nos apaixonado apenas isso.

── Nem sempre fiquei só naquele escritório, mas depois que meu pai desistiu da máfia tudo caiu sobre minhas costas e fui obrigado a seguir essa vida sem hesitar.

── Comigo aconteceu justamente o contrário, eu tive que lutar muito para conseguir o que tenho do contrário seria enxotada da máfia ou seria até vendida a um estranho, e nenhuma dessas opções me agrada.

Ele me olhava atentamente, e com um semblante um pouco surpreso, até eu estou surpresa com isso já que nunca falei nada disso a ninguém.

Sempre fui muito discreta quanto ao meu passado, todos próximos a mim não sabem nem a metade de minha história e nem se atrevem a perguntar pois sabem que eu não fico a vontade o suficiente para falar.

── Naverdade, já conheci alguém sim.

Voltei minha atenção para ele que olhava para as próprias mãos.

── Não chegou a ser paixão, mas ela foi a única a conseguir algo próximo disso.

── E o que aconteceu com ela?

── Foi assassinada.
Senti o peso em suas palavras, pela primeira vez o vi demonstrar algum sentimento além da raiva.

── Sinto muito.

── Não precisa sentir, foi uma perda de tempo.

Dessa vez seu semblante mudou de uma hora para outra, ele realmente não queria revelar nada sobre si, pelo menos não para mim.

── Já está tarde, acho melhor ir para o seu quarto.

── Também acho.

Andamos lado a lado até entrarmos na casa, e depois cada um seguiu seu caminho.

Essa foi sem dúvidas a única conversa sincera entre nós, e provavelmente será a última.
Ele me revelou outro lado, não era igual o que ele demonstrava que era frio, sem sentimentos além de rancor.
Esse lado é totalmente diferente, é o lado que sente falta de poder curtir a juventude e de se aventurar em festas com pessoas diferentes.
Agora consigo ter uma pequena percepção de sua vida por mais que ele não tenha falado muito.

[No dia seguinte...]

Acordei muito cedo, o que até me impressionou mas, como sempre fiquei fazendo o que faço de melhor, nada.

Estava sentada no sofá com a roupa mais confortável que achei no armário, estava assistindo um filme aleatório que passava na tv, mas minha atenção no filme se desfez ao ouvir gritos femininos vindo da entrada.
Assim que olhei, vi uma mulher se debatendo contra os capangas, ela gritava por Joshua enquanto os capangas faziam o impossível pra levá-la para fora.

Antes que essa mulher fosse levada embora avistei a silhueta de Joshua parado na escadaria, ele simplesmente mandou que soltassem a garota que foi correndo para seus braços desesperadamente, e então ele a levou para sua sala.

Não fazia a mínima idéia de quem era aquela garota, mas não pensei duas vezes, quando eles entraram na sala fui até lá e tentei ao máximo ouvir atrás da porta.
Por mais que eu ouvisse as vozes deles, não entendi a conversa, nem do que se tratava.

Eu estava encostada com o ouvido na porta e me apoiando com os braços mas senti todo meu apoio sumir e eu acabar tropeçando e após segundos senti meu corpo quase cair no chão e minhas mãos se apoiarem em grandes e musculosos braços.
Lentamente me inclinei para cima, fazendo meu olhar se encontrar com os profundos olhos azuis de Joshua, seu semblante demonstrava deboche quanto a mim e a minha curiosidade.

── Pelo visto temos uma bisbilhoteira entre nós.-disse olhando para a garota ao seu lado.

Resmunguei e me levantei ouvindo as risadas baixas dele, sem dizer nenhuma só palavra senti minhas bochechas queimarem por completo, como eu pude me submeter a essa vergonha?
Mas quer saber, eu não me arrependo, mas o pior de tudo isso é que além da vergonha que passei não consegui ouvir nada!

𝐋𝐀𝐃𝐘 𝐁𝐄𝐀𝐔𝐂𝐇𝐀𝐌𝐏Onde histórias criam vida. Descubra agora